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Post: Gianecchini em entrevista especial

Gianecchini em entrevista especial

Giane: “Confesso que olho com bastante apreensão essa quase patrulha exacerbada, essa quase volta da censura. As antigas gerações conquistaram tanto espaço e agora estamos regredindo. É estranho!”

 Ator volta a brilhar com personagem sedutor em “Verdades Secretas”

Não é pra menos que Reynaldo Gianecchini vem dando o que falar na pele de Antony em “Verdades Secretas”. Assim como boa parte do elenco, os atores têm demonstrado pouco mais que seus rostinhos bonitos na trama. O que de certa forma tem agradado o público, especialmente as mulheres. Com pinta de conquistador, o ator comentou como tem sido interpretar esse homem amoral capaz de tudo para conquistar o que deseja. “Não acho que o Antony seja um vilão. Ele é muito amoral, mas tem um lado humano. Na verdade, o que ele tem são valores errados. Meu personagem tem uma mãe que é alcoólatra e ele sofre porque tenta ajudá-la”, disse Gianecchini, que apesar de olhar com bastante atenção, procura não se preocupar com a rejeição do público, já que boa parte da sociedade brasileira se demonstrou conservadora. “É bem chato quando você percebe que a censura não está deixando você contar uma história. No final das contas a história é muito boa. As antigas gerações conquistaram tanto espaço e agora estamos regredindo. É estranho”, disse ele que vive uma relação nada convencional com a personagem Fanny, vivida pela atriz Marieta Severo. “Eles têm uma relação de parceria, se gostam, mas são amorais. Eles possuem um código dentro da relação. O Antony é um michê e a Fanny o banca. Eles se amam, mas do jeito deles. Estão juntos para conseguir o que desejam. Um apoia o outro de forma bem amoral”. Nesta entrevista especial, Giane fala sobre a novela das 23h, sua carreira, projetos e critica a onda conservadora que atinge a TV brasileira.

 REVISTA REGIONAL: Seu último trabalho na televisão foi na novela “Em Família”, no ano passado, e agora você já está engatando num novo projeto bem diferente dos anteriores. Como tem sido essa retomada?

REYNALDO GIANECCHINI: Eu estava com saudades de fazer novelas. Já faz um tempinho que eu estava longe da televisão. “Verdades Secretas” é diferente, mais curta e tem menos dias na semana, por isso dá para fazer com mais cuidado. Em relação ao ritmo, nós trabalhamos muito, mas fazemos as cenas com mais calma. São menos cenas para fazermos durante a semana, mas estamos trabalhando muito porque demoramos mais tempo também.

 Para “Verdades Secretas” você mudou completamente o visual. Como surgiu essa ideia de deixar os cabelos grisalhos nas laterais? Aliás, você gostou dessa mudança?

Adorei a mudança no visual, inclusive fui eu que dei a sugestão. A inspiração surgiu do mundo da moda, porque esse cabelo está bastante em evidência, mas essas laterais brancas são para passar um ar de decadência do personagem, porque ele já passou do ponto de ser modelo, mas insiste.

 Você diria que o Antony, seu personagem, é um homem capaz de tudo para conquistar o que deseja? Que tipo de caráter você definiria para o seu personagem?

Daqui para frente não estou sabendo de muitos detalhes não. Quando o Walcyr (Carrasco – autor da novela) me chamou, ele disse que meu personagem seria capaz de tudo para conseguir o que ele queria. Eu não duvido não! Acredito que ele irá se vender muito, ao longo da novela. Por enquanto ele continua sendo amante da Fanny (Marieta Severo). Eles têm uma relação de parceria, se gostam, mas são amorais. Eles possuem um código dentro da relação. O Antony é um michê e a Fanny o banca. Eles se amam, mas do jeito deles.  Estão juntos para conseguir o que desejam. Um apoia o outro de forma bem amoral.

Alguns atores têm defendido seus personagens, procurando mudar essa visão de vilão. O que você diria sobre o Antony?

Eu não acho que o Antony seja um vilão. Ele é muito amoral, mas tem um lado humano. Na verdade, o que ele tem são valores errados. Ele vai se ferrar! Meu personagem tem uma mãe (Eva Wilma) que é alcoólatra e sofre porque ele tenta ajudá-la. Ele ama a Fanny do jeito dele que é bem duro, mas ama. Foi criado com valores tortos. Por isso, vai terminar dando muitas cabeçadas. Eu tento entender porque todo mundo dá muitas cabeçadas na vida. Ninguém é perfeito! Todo mundo está aí para errar! A novela aborda algo que é muito legal. Às vezes nós escolhemos os piores caminhos e por isso damos cabeçadas e vamos sofrer as consequências. Cabe a nós escolhermos o que nós queremos.

O visual do seu personagem é outro detalhe na trama que chama bastante atenção. Assim como o cabelo, você também procurou criar o Antony através das roupas?

Esse com certeza é um look mais forte e as pessoas me param muito para falar que acham muito legal. Outras estranham um pouco porque não estão acostumadas a me ver desse jeito. Eu gosto de mudar e sou sempre o primeiro que sugere, porque o figurino e a caracterização são muito importantes para o nosso processo de criação. Quanto ao estilo, de certa forma nós sempre emprestamos muita coisa nossa para o personagem. Eu gosto muito do jeito que o Antony se veste. Bati uma bola muito direta com a Helen a nossa figurinista. Uma das peças dele eu peguei para mim e eu emprestei algumas também. Ele tem umas peças simples que eu gosto muito, como por exemplo, uma calça com um bom corte, super ajustada com uma camiseta regata e uma jaqueta, mas que deixa com cara de cool. Ele não é um cara que se monta. É básico, mas tem um estilo bem transado. É o que eu gosto para a minha vida!

Falando sobre o tema da novela qual é a sua verdade secreta?

Nenhuma! A minha vida é um livro aberto! A imprensa já falou tanta coisa. Mas a verdade maior é que eu tenho o meu coração sempre aberto para o amor, por mais que eu esteja sozinho ou até mesmo encalhado, o meu coração estará sempre aberto para o amor.

 Sua carreira começou nas passarelas, mas atualmente você segue o caminho na dramaturgia. Como tem sido voltar, mesmo que na ficção para esse comecinho de carreira?

Poder circular num ambiente que para mim é muito familiar é muito bom porque agora é como se eu olhasse para este ambiente com outra visão. Meu personagem é muito diferente de mim. Por exemplo, fomos gravar na SPFW (São Paulo Fashion Week) e foi muito legal porque nós gravamos com a turma da moda mesmo, com a Costanza Pascolato, Reinaldo Lourenço…  A minha relação com eles era de Antony. Era de um cara arrogante, esnobe, que se acha, ambicioso, querendo uma brecha para se dar bem. Quase que eu pedi emprego para o estilista… (risos) Fiquei durante muitos anos da minha vida me dedicando a esse universo. Sei bem como funciona. Esse falso glamour que tem e os dois lados da moeda. Fora isso, tivemos um pouco de improviso. Foi muito divertido!

Como você procurou trabalhar essa personalidade do Antony? Você conhece alguém que tenha a mesma personalidade?

Sempre tenho muitas referências, mas de ninguém específico. Mais de imagens do que eu considero, pessoas que são parecidas, não da moda, mas de outros lugares. É uma colcha de retalhos, mas ninguém específico.

Você comentou recentemente sobre a emoção de poder voltar a trabalhar com a Marieta Severo…

Eu estreei com a Marieta em “Laços de Família” (2000). Ela saiu de mim e foi fazer “A Grande Família” (2001) e agora retorna. Maravilhoso esse encontro! Brinco, mas é sério, essa é a minha chance de me redimir com ela porque no começo da minha carreira dei muito trabalho. Quando eu estreei não sabia nada de televisão. Ela teve muita paciência, me ajudou, foi muito generosa e agora depois de 15 anos eu tenho mais essa experiência para poder jogar uma bola mais redonda com ela. Eu estava devendo!

As cenas da novela têm sido muito comentadas nas redes sociais…

Gosto de ver tudo e eu sofro um pouco ao me assistir. Na televisão é muito difícil porque nós ficamos vendo o que fizemos e o que não gostamos, mas hoje em dia eu aprendi a gostar do que eu fiz legal. Não fico mais com chicotinho não. Gosto de ver e saber o que está imprimindo.

 Sabemos que a novela “Babilônia” tem sofrido certa rejeição do público por conta de alguns assuntos polêmicos, como a homossexualidade. Em algum momento você sente que pode ter esse problema com a trama da novela?

Confesso que olho com bastante apreensão essa quase patrulha exacerbada, essa quase volta da censura. É preciso às vezes contarmos de forma direta algumas histórias, até para termos um ponto crítico sobre o assunto. As antigas gerações conquistaram tanto espaço e agora estamos regredindo. É estranho! A nossa novela fala de temas pesados, mas com elegância. Não é tudo tão explícito ou rasgado a ponto de chocar o público. Ela precisa falar de um tema muito contundente. É bem chato quando você percebe que a censura não está deixando você contar uma história. No final das contas a discussão é muito boa. Se formos apenas falar de histórias boas não será a realidade, pelo contrário, será muito chato.

É impressão ou você emagreceu para a novela?

Não emagreci não. Estou me cuidando como sempre.

Você comentou que tem se alimentado de forma normal, mas você e a Giovanna (Antonelli) abriram um restaurante, o “Pomar Orgânico”. Tem pretensão de abrir em outras cidades?

Nós estamos querendo abrir pelo Brasil sim, mas é muito difícil principalmente com esse tipo de comida (orgânica). O primeiro tem que ficar tudo certinho para podermos expandir. Não queremos que caia a qualidade nunca. Para isso estamos trabalhando para ter todo o equilíbrio e só depois distribuir pelo Brasil. Já faz um tempo que eu me ligo neste tipo de comida. Agora que eu tenho esse restaurante, é perfeito porque eu frequento muito. Sempre que posso procuro comer lá. A minha sócia Andréa Henrique faz essa pesquisa há anos. Eu troco muitas ideias com ela. Essa é a comida que realmente nos próximos tempos todo mundo vai começar a se ligar. Pelo menos eu mudei radicalmente para comer de maneira mais saudável, mas também não sou radical com nada, apenas procuro me cuidar. Quando tenho que sair para comer uma pizza ou um sorvete está tudo certo.

por Ester Jacopetti

foto: Divulgação/TV Globo0

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