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Polo, uma paixão em Indaiatuba

A paixão pelo Polo movimenta o bairro Helvetia, em Indaiatuba, onde os jogadores do Sharks têm base

Indaiatuba é referência em estrutura para um dos esportes mais imponentes do mundo; o time Sharks, com base na cidade, é um dos que despontam no esporte

Muitos moradores da região não sabem, mas Indaiatuba é referência mundial quando o assunto é o esporte Polo. Com mais de 50 campos, é na cidade que alguns dos maiores e, melhores, jogadores da modalidade no mundo se reúnem para treinar, disputar e viver o Polo, já que para os atletas, o esporte é um“lifestyle”.

No Brasil, estima-se que sejam 500 os praticantes do esporte, considerado um dos mais caros do mundo, e mesmo não sendo tão conhecido, o Polo brasileiro detém alguns dos jogadores mais festejados da modalidade, assim como temos jogadores como o Pelé para o futebol, e o Guga para o tênis, temos alguns grandes nomes importantes para o Polo, como Rodrigo Andrade, que recentemente dispustou a Copa da Rainha, na Inglaterra.

A concentração de jogadores aos finais de semana no Helvétia (bairro indaiatubano que abriga os campos) é percebida com nitidez pela movimentação dos carros e caminhões, e pelo constante vai-e-vem dos cavalos. “Em cada jogo utilizamos de sete a 11 cavalos, a maioria puro-sangue inglês, uma das raças mais velozes do mundo”, fala Cadu Camargo, empresário e jogador de Polo, que já fez parte da Seleção Brasileira e, defendeu a camisa verde e amarela no mundial do México em 2008. O Brasil detém dois títulos mundiais, conquistados em 1995 e 2001, e disputa com argentinos e britânicos a primazia internacional. Neste ano, quem defende a seleção canarinho e também treina na cidade, é o jogador Gustavo Ribeiro Junqueira, mais conhecido como GG, que em outubro disputa o Mundial de Polo na Argentina. “Fui convocado para as eliminatórias, vencemos, e agora o foco é na conquista do mundial”, completa o jogador.

Cadu é um dos idealizadores do time Sharks, que em companhia do seu amigo Gonçalo Matarazzo, montou a equipe para disputar os campeonatos ocorridos no Helvétia. “No começo queríamos jogar juntos porque éramos pequenos e não tínhamos tantos convites para jogar”, conta. Hoje em dia o Sharks joga os altos handicaps cada vez mais profissionalizado, tanto que o time já possui importantes patrocinadores e, muitos títulos no histórico, porém até hoje mantém o conceito de jogar sempre entre amigos. “O mais importante título que ganhamos, acredito que foi o primeiro, em 2004, pois com ele veio a consagração e resposta de que estávamos no caminho certo”, relembra Cadu, que é o meio campo do time.

O Sharks é treinado pelo empresário e também jogador de Polo, Eduardo Soares de Camargo, pai de Cadu, que desde 1976 se dedica ao esporte. “Digo que Polo é paixão, quando você é ‘picado pela mosca do esporte’, não tem jeito, é para sempre”, conta.

Tanto é paixão que GG largou o terno e a gravata típicos em sua carreira de advogado, para dedicar-se exclusivamente ao esporte. “Comecei no Polo por hobby, em Franca minha cidade natal, quando ganhei uma égua da minha madrinha que jogava Polo. O tempo foi passando e eu adquirindo mais animais, até que no dia da minha formatura em Direito, recebi um convite para ser jogador profissional aqui em Indaiatuba. Tive que fazer a minha decisão e hoje eu não tenho saudade do Direito”, recorda GG.

Eduardo diz que os dois atletas base do time, Cadu e Gonçalo Matarazzo, têm grande potencial, além do que, uma estrutura toda à disposição. “Começamos com a organização da tropa (cavalos que participam do jogo), a alimentação correta dos animais, o treinamento dos funcionários, o condicionamento dos cavalos. É um trabalho complexo. Não é só chegar ao campo e montar, existe um grande envolvimento por trás”, explica Eduardo.

O condicionamento físico dos atletas também é fator importante para o sucesso do time, além do sucesso individual. “É claro que temos que fazer exercícios na academia para ganhar força e massa muscular. Mas o grande treinamento no esporte são os próprios jogos e, sem dúvida, os treinos com os cavalos”, completa Cadu, que treina de duas a três vezes por semana, mais os jogos que disputa.

Já GG, que se profissionalizou há quatro anos e hoje vive exclusivamento para o esporte folga somente na segunda-feira. “De sábado, domingo e quarta são os treinos e os jogos, de terça e quinta, são mais um treino tático”, conta. Além da dedicação no campo e com os animais, o jogador fala que não bebe, não fuma e raramente saí à noite. “Tenho que ter muitos cuidados com o corpo e com a saúde”.

Curiosidades

Por partida, cada jogador leva, em média, oito cavalos, o que significa que se for um campeonato em que os jogos são diários, os atletas precisam ter no mínimo 14 animais preparados para a maratona. Um puro-sangue inglês custa em torno de R$ 30 mil, totalizando um patrimônio, por partida, de mais de R$ 1 milhão. No entanto, os cavalos que disputam os torneios internacionais podem valer mais de R$ 60 mil. Além disso, as principais equipes têm seu próprio caminhão para levar os animais das cocheiras ao campo.

Toda tropa necessita de veterinários, e tratadores, que mantêm as baias limpas, levam os cavalos para passear, repõem a ração e o feno, e preparam as selas. Os “Camargos” criam cavalos para o esporte, então, além dos cuidados diários, existe o trabalho de amansar o animal, introduzindo em sua rotina os materiais usados no Polo, para que se habituem aos equipamentos e regras, dando condição física para aguentar correr em uma velocidade média de 50 km/hora, e percorrer o campo que mede 275 metros de comprimento por 140 metros de largura, o equivalente ao tamanho de quatro campos de futebol. “Um bom cavalo está pronto para entrar em campo aos seis, cinco anos e meio de idade e treino”, completa Cadu.

Para se destacar no esporte, é necessário dedicação e acima de tudo respeitar os animais. “Eu amo cavalos, amo a adrenalina que o esporte me oferece. Sei que é um pouco perigoso, assim como todos os outros esportes que oferecem riscos, mas sabendo respeitar os animais e o jogo, não há problemas!”, finaliza o meio campo do Sharks.

reportagem de Yara Alvarez

fotos Rapha Bathe

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