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Colorir virou moda

Pintura virou o hobby predileto de várias famílias, de avós a netos

Modismo, tendência, mania, terapia alternativa ou simplesmente vontade de pintar? Independentemente do significado, os livros de colorir caíram na graça do brasileiro. Mulheres, homens e crianças renderam-se aos encantos das mandalas, jardins secretos e florestas encantadas.

Os livros de colorir começaram a ganhar espaço no mercado editorial em 2014, na Europa e no final daquele ano se transformou em uma verdadeira febre. À época, alguns títulos foram associados à terapia, acalmar e antiestresse e, os poucos, caíram no encanto de todos.

Mas, esses livros acalmam mesmo? Segundo a psicóloga Cybele Micai, o modismo está no marketing em volta das vendas e com a campanha dos livros desestressantes, mas há uma explicação psicológica no colorir. “Hoje em dia todos estão em um mundo estressado e existe a busca contínua de benefícios para a saúde física e mental. A promoção do livro retorna à infância e benefícios ao relaxamento somam à ideia positiva de unir prazer e bem-estar, duas características ausentes no dia a dia”, explica.

Na análise da psicóloga, o lápis de cor e a pintura, com desenhos em ângulos subliminares, levam ao inconsciente da primeira infância e fase escolar onde a pureza e a inocência impediam grandes conflitos e preocupações exacerbadas. É como se pudesse brincar de boneca e carrinho com a aceitação de todos, e ainda acrescentar o bem-estar mental a brincadeira.

Um aspecto positivo do colorir é o estímulo neurológico em idosos principalmente, estimulando a concentração e ajudando a manter ativas algumas áreas neurais.

Dona Carminha, de 82 anos, é uma das adeptas do colorir livros

Dar vida ao desenho

A aposentada Carminha Estrada, de 82 anos, sempre gostou de colorir, desde a época da escola. Quando as filhas estudavam, as ajudava nos trabalhos de artes. “Sempre gostei muito de misturar cores e dar novos efeitos à pintura”, conta. O livro de colorir foi presente de uma das filhas, uma adorável surpresa que permitiu à dona Carminha colorir aos poucos, lentamente, observando cada detalhe e a encantando a cada página.

Para Carminha, a pintura a acalma, mas é apenas uma prática tranquila que chega com um desejo calmo e depende muito de como ela se sente no dia. “Muitos são os benefícios dos livros de colorir. Mas, na minha opinião, o principal é você conseguir dar vida àquele desenho”, comenta.

Dar cor ao dia cinzento

Já a terapeuta ocupacional Fernanda Martinelli Zonatti colore há pouco mais de um mês. Pelas redes sociais e TV descobriu que os livros eram antiestresse e resolveu testar. Saiu em busca por eles nas lojas físicas, não encontrou, mas seu marido imprimiu alguns desenhos para ela pintar até que os seus – comprados pela internet – chegassem.

Fernanda conta que pintar é algo que realmente a relaxa e que ela gosta de praticar no final do dia. Apesar de não ter uma rotina, normalmente faz as pinturas antes de dormir, mas nada pré-organizado ou uma rotina que não possa ser mudada.

Para a terapeuta ocupacional, pintar é dar cor ao dia cinzento e fazer com que ela não pense na loucura do dia a dia. Além disso, Fernanda lista outros benefícios, como dormir melhor, deixar o celular de lado na hora de dormir e diminuir a sua ansiedade. “É uma brincadeira adulta, você pode pegar seu livro de colorir em qualquer lugar, que ninguém vai julgar sua idade mental. É livre, relaxa realmente, é divertido, e você acaba fazendo mais amizades, porque como virou moda, todas querem trocar ideias e opiniões, materiais, marcas de lápis e giz, enfim, anima e dá cor e não tem regras e nem data específica para terminar”, conta.

Livro com floresta e jardim para colorir

O outro lado do colorir

Mas nem tudo é calmaria no mundo colorido. De acordo com a psicóloga Cybele Micai as pessoas de personalidade mais agitadas, com dificuldades de concentração e com pouca paciência não são indicadas para o hobby, pois a atividade pode tornar-se irritante, cansativa e monótona. “Uma pessoa ansiosa não relaxa com atividades de concentração e isso aumenta a ansiedade e ainda potencializa a impaciência e a frustração da ausência de concentração”, explica.

Colorir também pode influenciar negativamente pessoas muito tímidas, depressivas ou melancólicas, pois pode trazer uma atividade introvertida, solitária e mais intimista, o que distanciam os relacionamentos e faz com que as pessoas fiquem remoendo os conflitos e podendo angustiar-se mais.

“Minha grande preocupação é que o livro veio em um período de temperaturas baixas, onde os relacionamentos estão mais distantes e as pessoas se fecham mais em suas casas para se proteger do frio. Com esse modismo dos livros, temo que algumas pessoas possam se individualizar mais, entristecer mais ou se deprimir mais”, finaliza.

reportagem de Aline Queiroz

fotos: Arquivo pessoal e Fotolia

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