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Post: O vasto mundo de Maitê Proença

O vasto mundo de Maitê Proença

Maitê volta à TV na novela “Alto Astral” vivendo uma ex-miss

Diretora, atriz e escritora, Maitê Proença não consegue ficar parada. Emendando um trabalho após o outro, sendo que “Guerra dos Sexos” foi exibida em 2012, Maitê procurou dedicar-se a peça “A Beira do Abismo me Cresceram Asas”, que ficou em cartaz por dois anos. De volta à TV, ela vive uma ex-miss na novela “Alto Astral”, e somente este trabalho a fez parar com a peça. “É impossível fazer novela e teatro ao mesmo tempo. A não ser que seja uma personagem eventual, ou uma participação muito pequenininha. Ainda assim é difícil”, disse a atriz que também encontrou prazer na literatura e já lançou seu quarto livro, e pretende publicar outros com imagens de cenas teatrais, que antes eram apenas para acervo pessoal. “São maravilhosas, mas que ninguém viu porque eram para eu documentar”.  Ela também adiantou que pretende ampliar o livro “Entre Ossos e a Escrita” que foi lançado em 2005 incluindo novas crônicas. Sem tempo a perder, e rígida com os cuidados com o corpo, ela revela que água filtrada para o banho é essencial para manter a boa saúde da pele, do cabelo e da saúde. “Coloquei filtro na minha casa porque tem um monte de porcaria química naquela água. É uma imundice, cheio de dejetos químicos. Tudo isso entra no seu organismo e deixa você doente. Muitas doenças vêm da água e do banho que você toma. A água que eu tomo banho é filtrada”.

Revista Regional: Como surgiu a ideia de falar sobre relações amorosas neste novo livro “Todo Vícios”? Este é o quarto, sendo o primeiro de ficção?

Maitê Proença: É o segundo de ficção, o primeiro foi “Uma Vida Inventada” [2008] que será republicado. O primeiro livro “Entre Ossos e a Escrita” [2005] também será ampliado com novas crônicas. Têm também as minhas três peças que serão lançadas num único volume com fotos de cenas, que são maravilhosas, mas que ninguém viu porque eram para eu documentar. Vamos fazer um volume com todas as três peças. No caso de “Todo Vícios” eu estava fazendo a peça “A Beira do Abismo me Cresceram Asas”, que conta a história de duas senhoras, que é algo muito distante do meu universo, porque existe um contexto rural. Depois de dois anos nós encerramos e peça com a casa lotada… Achei interessante abordar uma história que é a mais antiga do mundo, que é o desencontro de amor, mas contada de um ponto de vista contemporâneo, que é o mundo digital que a gente vive. É escrito de uma forma moderna. E discute os tipos de relacionamentos que acontecem muito mais pelo WhatsApp, por e-mail, pela escrita, do que por outros meios, que antigamente informava muito, como por exemplo, quando olhávamos um para o outro e percebíamos na fala, o humor da pessoa. Se ela estava triste, alegre, desanimada, através da mímica do corpo, ainda assim havia muitos desentendimentos. Agora imagina uma escrita rápida, como é nos dias de hoje?! São duas criaturas com pontos de vista diferentes.

Você comentou sobre a peça que ficou em cartaz durante dois anos, que aborda sobre a vida e a morte. Em algum momento você parou para pensar a respeito da morte?

É inevitável não pensar na morte. Desde muito cedo na vida estive às voltas com ela. A essas alturas os meus já se foram todos. Saber que ela está à espreita me traz uma necessidade de atribuir sentido para isso que estamos fazendo aqui. Não sei o que estamos fazendo, nem porque estou aqui, mas sei que preciso criar algo de valor. É questão de temperamento. Se eu fosse Eva e não houvesse ninguém mais no mundo a me observar, ainda assim tentaria fazer tudo da melhor maneira possível. Quero viver bastante! Esse negócio de viver pouco não é comigo. Até fiz uma promessa para a minha filha (risos) de que eu nunca morreria… Quero olhara para trás e ver que deixei coisas boas.

 É bom para o ator ter outras opções na dramaturgia que não seja apenas a televisão, mas você também escolheu a literatura. É possível descrever este prazer nesta nova vertente?

É diferente, mas no meu caso, uni muito a escritora com a atriz e com a diretora… Quando você escreve para dramaturgia, tem a liberdade de falar o que realmente quer, ao invés de escolher um texto em que a personagem tenha a sua idade, por motivos que às vezes não te tocam profundamente. Escrevo sobre o que quero falar. O que acho importante! Daí posso ficar dois anos em cartaz, encantada e envolvida com esse projeto diariamente. Não dá vontade de parar. A peça só foi encerrada por causa da novela. É impossível conciliar. Mas eu estava de casa cheia, mesmo com a peça sem patrocínio. Não existe isso no Brasil. As peças normalmente ficam dois meses em cartaz. Nós estamos há dois anos. É realmente um fenômeno que toca as pessoas, e falando de assunto que são relevantes que também tocam. Não adianta você querer escrever sobre os lapões da Noruega… É interessante, mas deixo para os historiadores, para os antropólogos…

 Você comentou que gostaria de continuar com a peça, mas vai ter que parar em função da novela “Alto Astral”. O que você pode dizer sobre a sua personagem?

Demora muito tempo da minha casa até o Projac (Rede Globo). É impossível fazer novela e teatro ao mesmo tempo. A não ser que seja uma personagem eventual, ou uma participação muito pequenininha. Ainda assim é difícil. Novela normalmente a gente faz a toque de pau. A minha personagem se chama Kitty, ela é uma ex-miss que vai embora da cidade, em busca de um marido rico. Conseguiu vários maridos, mas volta da Europa falida, mas com a pose. Ela cai na própria armadilha, porque um rapaz vai dar o golpe nela, achando que ela está rica. Ela se apaixona por ele, mas ele não, mas existem outras histórias que fazem parte da trama, mas que não posso falar, não posso dar muitos detalhes.

 O tempo realmente parou pra você, como você tem se mantido tão bela?

Entusiasmo! Alimento-me muito bem, tudo que eu como é orgânico, tento me alimentar da matéria-prima. A minha comida é toda orgânica. É colorida. Estudei nutrição durante seis anos com muita seriedade. Hoje em dia continuo estudando, me interesso por este assunto. Como bem! Sou uma nutricionista um pouco frustrada. Só não sou mais porque dou palpite em tudo. Minha filha [Maria Proença] quando começou a estudar, já sabia de muitos detalhes. Ela também se alimenta bem. Coloquei filtro na minha casa porque tem um monte de porcaria química naquela água. É uma imundice, cheia de dejetos químicos. As empresas jogam milhares de porcarias. Para ficar branquinha, tem muitos produtos químicos. Tudo isso entra no seu organismo e deixa você doente. Muitas doenças vêm da água e do banho que você toma, da água que você bebe. É um cuidado que tenho. A água que eu tomo banho é filtrada. Também tomo água quente pela manhã todos os dias.

 Você comentou sobre tomar banho com água filtrada, esse poderia ser o segredo da sua pele ser tão sedosa?

Infelizmente algo que aconteceu há muito tempo, é que desenvolvi alergia acumulativa. Vivo dentro de estúdios, avião, teatro, tudo com muita poeira. Muitas vezes precisei encher o rosto de corticoide. Às rugas se desenvolvem porque fico neste processo de inchar e desinchar. A pele termina ficando mais fina porque o corticoide afina e destrói. Não posso usar produtos químicos. Apenas produtos naturais que são feitos por uma pessoa, que não posso revelar. É segredo!

 Você acredita que as pessoas poderiam ser mais felizes se não se preocupassem tanto com a busca pela felicidade?

Buscar a felicidade e o bem estar é da natureza humana. Somos feitos disso. Buscamos o amor, o conforto, os amigos, o afeto, atividades instigantes, trabalhos que contribuem para a sociedade. Essa busca é legítima e faz o mundo girar.

Durante uma entrevista com a atriz Regina Duarte ela comentou que seria desagradável, após 50 anos de carreira não ser chamada para atuar. Em algum momento essa também foi sua preocupação?

Na medida em que o tempo passa, ficamos também mais exigentes e não temos tanta disposição para concessões bobas. É difícil ser chamada para um projeto que coincida com as questões que efetivamente nos interessam. Por isso, também escrevo minhas peças e livros. Neles posso tratar do que me faz vibrar, e de maneira que acho apropriado. Além de estar cercada de amigos admiráveis escolhidos a dedo.

 Os anos nos trazem sabedoria. No seu caso quais foram os benefícios e o que é possível aprender com este último trabalho que você fez no teatro?

A personagem Valdina tem uma fala que diz: “Esconder pra que? Depois de uma vida inteira fazendo gracinha, para um mundo intransigente, agora é hora de transparência”. Finalmente… Num outro momento, Terezinha diz: “As tormentas atropelam o percurso e obrigam a viver de forma mais cautelosa, do que se gostaria. Mas você segue, todo dia um bocadinho, atrás da sua verdade, e quando menos espera, caem às amarras. Um belo dia acordei sem medo”.

 Nesta peça você interpretou histórias reais. Neste caso é mais difícil pro ator?

Fernando Duarte, um produto de teatro, colheu histórias entre os velhos de sua família. Entregou esse material pra mim. Tinha muita coisa boa que trabalhei e usei ao criar a dramaturgia. Mas além dessas histórias inventei minhas próprias. Inseri considerações, ideias, conceitos, brincadeiras, suspense, e por toda parte, muito humor a fim de evitar qualquer sentimentalismo ou pieguice.

 Saudoso José Wilker comentou que fazer teatro não é fácil. Quais são as dificuldades que normalmente você encontra quando vai produzir ou atuar numa peça?

É difícil tirar o sujeito de casa quando ele tem a internet, os canais a cabo, a facilidade de baixar filmes e séries, etc… Além disso, os ingressos baixaram 6% de valor nos últimos 15 anos, e hoje não fazemos mais que quatro sessões por semana, por não haver público suficiente. As produções raramente se pagam. Como produtora sempre acabo colocando dinheiro do bolso, ou seja, pago para trabalhar. Por isso, nesta peça, sou autora, atriz e diretora. Mas a produção deixei por conta de quem tem a mão controladora e a cabeça focada nos negócios, ficando eu com setores mais artísticos.

texto: Ester Jacopetti

fotos: TV Globo/Divulgação

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