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Parto natural: o início de um elo!

“Minha experiência de parto foi maravilhosa, transformadora e então decidi criar um blog para contar para outras mulheres e incentivar que elas vivessem isso também” (Thiana)

Muitas mulheres estão optando por terem seus filhos em casa. Conheça os pós e os contras de quem entende do assunto

                Há um ditado que diz: “Quando nasce uma criança, nasce uma mãe”, porém, para muitas mulheres, a expectativa da hora do parto implica em medos, tensões e planejamento. E o que é para ser bonito – o início de uma nova fase – acaba se tornando um momento de dúvidas. Mas, para muitas mães, essa hora é também de certezas. Certeza de que o filho que está por vir vai ser recebido em um ambiente aconchegante, cheio de carinho, com pessoas amigas ao lado e em um local conhecido: sua própria casa!
“A primeira coisa que fiz foi conversar com meu marido, que topou na hora. Depois, procuramos pessoas da área que nos orientaram. Fizemos um pré-natal com um médico, digamos ‘convencional’ e também com uma parteira. Fiz todos os exames necessários e pratiquei yoga e hidroginástica. Um detalhe é que só pudemos optar pelo parto em casa porque a gravidez era considerada de baixo risco”, conta a atriz Carolina Ferretti de Souza Sakamoto, que teve seu filho, agora com quatro meses, em sua casa cercada por oito pessoas – marido, duas parteiras, duas doulas, uma terapeuta espiritual e dois músicos. “Jamais me esquecerei do olhar de cada um deles”, completa.
A palavra “doula” vem do grego “mulher que serve”. Atualmente, essa palavra é usada para denominar as acompanhantes de parto que oferecem suporte afetivo, físico, emocional e de conhecimento para as mulheres. Esse suporte pode ser dado antes, durante e depois do parto. Thiana Andreotti Ferrarezi é doula e dá aulas de yoga para gestantes e bebês, a chamada Baby Yoga. Também teve sua filha em casa, no conhecido parto natural. “Na época em que engravidei só tinha uma certeza: queria ter meu bebê na água. Procurei quais eram as opções dentro dos hospitais e me deparei com um cenário muito complicado em relação ao poder de escolha da mulher na hora do parto. Na capital paulista, diversos hospitais oferecem banheiras, mas nenhum tem profissional a favor do que eu queria. Descobri que teria que contratar uma equipe que sabe receber um bebê na água com segurança e que acredita que o parto natural seja a melhor forma de trazer um ser humano ao mundo”, relata.
Após muitas buscas por profissionais que fizessem o parto de sua filha em casa e na água, Thiana encontrou uma doula que a acolheu e deu todo o suporte de que uma mulher precisa para esse momento. “Durante o parto a médica esteve comigo do início ao fim, sempre auscultando o bebê, que é a única forma de saber se ele está bem dentro do útero materno e não por meio de toques como nos hospitais. Ela me acolhia, olhava em meus olhos, me dava força, me encorajava. Eu podia procurar a melhor posição para que minha filha nascesse. Eu estava na água como queria e tudo foi maravilhoso”, relembra.
Mesmo tudo caminhando para que sua filha viesse ao mundo da forma como queria, Thiana sentia medo da dor e do desconhecido, como muitas mulheres que optam pelo procedimento em hospitais, porém, ela contou com uma ajuda extra. “As informações que minha doula passava me deixava mais segura, mais confiante na minha escolha”, completa.

O outro lado
Se por um lado a ideia de ter o filho em casa cercado de amor, carinho e aconchego é nítida, é importante ressaltar que existem os contras da prática. A obstetra Elke Coimbra explica que o parto natural é aquele sem intervenções e inicia quando o bebê está pronto para nascer, ou seja, “as contrações vêm no ritmo que têm que ser, a mãe se sente à vontade e confortável em todas as etapas. Geralmente são de cócoras, em pé, de quatro ou na água. O bebê nasce e vai para o colo materno ser amamentado, e o corte do cordão umbilical só é feito após ele parar de pulsar”. “O contato entre mãe e bebê é a coisa mais importante que existe nesse momento. As mulheres sabem dar à luz, e os bebês sabem como nascer. É instinto. Porém, na prática, existe um risco grande, e como estamos lidando com vidas, arriscar é imprudente. Imagine se houver hemorragia de um descolamento de placenta, por exemplo, onde iremos agir rapidamente? Quando tudo sai bem, foi obrigação. Quando algo sai errado, foi imprudência”, ressalta a obstetra.

“O médico se arriscaria num procedimento desses em casa. Emcontrapartida, se tivéssemos equipes multidisciplinares preparadas dentro dos hospitais seria muito bom implantar o parto natural, sem pressas, sem muito estresse. Mas, é bom que fique claro, que as gestantes que querem ter esse tipo de parto, têm que se preparar desde a primeira consulta pré-natal, saber como será e se preparar psicologicamente. Nem todas as mulheres podem ter parto natural. Tem pessoas que já tem uma indicação absoluta de cesariana. Outras, indicações relativas. Cada caso é um caso!”, completa Elke.
Preparar-se para receber uma criança em um local diferente dos hospitais é fator fundamental para o sucesso do parto natural. Exercitar-se, manter-se informada sobre os procedimentos e estar com todos os exames em dia e apta ao ato, é de extrema importância.
No momento em que a mãe torna-se mulher, é importante que seja um ato consciente e de amor, sem oferecer riscos a sua saúde e a da criança que está chegando.

Experiência transformadora
“O maior ganho, tanto para a mulher como para a criança, é que cada um sabe exatamente o que está acontecendo e sente o que deve ser feito. Um para abrir o caminho para o próximo e outro por buscar seu caminho. Ambos sem interferências indesejadas e principalmente com tempo para poder agir. É neste exato momento que a gente sabe quem a gente é e acredito que acontece o mesmo com a criança. Outro ganho é com relação à saúde. Hormônios indispensáveis para a mãe e para o desenvolvimento do bebê são liberados durante o trabalho no parto natural, além de uma recuperação pós-parto muito mais rápida”, fala Carolina.
“Minha experiência de parto foi maravilhosa, transformadora e então decidi criar um blog para contar para outras mulheres e incentivar que elas vivessem isso também. Para a minha surpresa, a minha história felizmente impactavam muitas pessoas, que começaram a me procurar para ajudá-las. Quando minha filha estava com nove meses eu fiz a especialização como doula e dois meses depois já estava atendendo a primeira mulher em seu processo de parto”, conclui Thiana.

texto Yara Alvarez

foto: Microfoto

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