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Post: Vida à imagem

Vida à imagem

Várias celebridades mundiais já foram desenhadas pelo artista Elias Matheus

Expressar fielmente a realidade humana, buscando torná-la mais suave e bela: esse é o norte do desenhista e caricaturista Elias Matheus. A vocação do jovem artista veio a público quando ele tinha apenas sete anos e precisou desenhar uma árvore, na escola. Os papéis com o desenho que deveria ser pintado não foram suficientes para todos os alunos. Então, ao lado dos colegas de classe ele observou atentamente a figura que tinha olhos e boca e a reproduziu, surpreendendo a todos com uma imagem mais perfeita do que a original. Entusiasmado com a reação dos colegas e da professora, passou a copiar letras estilizadas, rótulos de embalagens e figuras de personagens infantis, aprimorando cada vez mais seu talento.

Nascido na zona rural da cidade gaúcha Paraná, Matheus vive em Salto desde os três anos de idade. O primeiro retrato que reproduziu foi o dos protagonistas do filme Titanic – Kate Winslet e Leonardo Di Caprio – que interpretaram os papéis de Rose e Jack. “Para mim era como se eu estivesse desenhando um personagem de desenhos animados. A diferença estava no olhar, na maneira com que eu via os traços”, conta. O que parecia apenas uma brincadeira de criança representou, na verdade, a descoberta do estilo que mais define o artista: o realismo.

Com o conhecimento de técnicas importantes de desenho e pintura, seu dom foi sendo aperfeiçoado aos poucos, de modo que passou a ser requisitado por estudantes na realização de trabalhos escolares. E como mérito pelo bom desempenho na disciplina de Artes, por intermédio da professora Clara Aparecida Alves de Lima, realizou sua primeira exposição no Plaza Shopping, em Itu. “Isso me motivou muito, porque apesar de ainda buscar a perfeição nos traços, eu vi que as pessoas estavam gostando do meu trabalho. E isso foi maravilhoso”, define.  

Aos 23 anos, as obras de Matheus já foram destaque em momentos distintos, como na exposição “Mulheres”, realizada na Sociedade Italiana Giuseppe Verdi, em Salto, a qual retratou mulheres ilustres da cidade. Além disso, seus retratos e caricaturas já foram vistos na Casa do Barão, em Itu, e por várias outras vezes no Plaza Shopping, popularizando sua expressão realista em diversas cidades da região e inserindo, definitivamente, seu nome entre os grandes caricaturistas nacionais.  

O criador e as criaturas

“Muitas pessoas pensam que caricatura é retrato, e não é bem assim. A caricatura traz uma linguagem muito visual e aguça a interpretação sem a presença de elementos escritos. Já a charge tem um conteúdo textual explícito e os traços são mais simplificados. É mais um ‘esboço’ da pessoa, não é tão próxima do real”, explica Matheus, dando uma breve definição de sua arte: “O caricaturista tenta ao máximo colocar a personalidade da pessoa no desenho ou algo que a represente. O retrato, por sua vez, é a reprodução fiel da imagem, do ‘ao vivo’, do natural. Fiel, porém, podendo melhorar, ou seja, suavizando os traços, porque no desenho não há uma preocupação de deixar a pessoa com a idade que realmente está. Ele pretende deixá-la muito semelhante e se possível mais bela do que é, porque a ideia do retrato é eternizar o momento, para que daqui há 20, 30 anos, esta pessoa olhe e se recorde da fase que estava vivendo”, justifica.

Segundo o artista, é normal a variação de idade das pessoas nos retratos, sejam eles feitos a partir de foto ou frente a frente. “Por mais que você reproduza, copie os detalhes fielmente, corre o risco de você deixar a pessoa mais velha, ou mais nova, porque o grafismo – desenho – não é como a foto que sai em formato homogêneo. Então, se você comparar uma foto em preto e branco a um retrato, vai ver que a projeção dos tons é diferente. Por isso, a preocupação maior é a de retratar a pessoa com a aura que está naquele momento”, explica.

A mescla de sombras, cores e luminosidade, de acordo com o artista, precisa acontecer na dose certa, para que haja um bom senso na arte final. No entanto, de nada adiante todas as técnicas se o criador está espiritualmente aluído. “Se o artista estiver triste, ele não vai conseguir fazer um retrato feliz nunca!”, afirma. “Todos os retratos que eu faço, gasto em torno de 12 horas para concluir. Então, se eu não estiver bem, acabo transmitindo essa energia para o papel, porque são várias horas trabalhando na imagem. Imagina o tanto de coisa que passa pela cabeça nesse tempo!”, ressalta, explicando ainda a tendência ao uso de tons mais escuros quando está com a essência mórbida.

Real e hiper-real: um paradoxo

O rei Roberto Carlos também foi homenageado pelo artista

Quem vê os trabalhos de Matheus pela primeira vez, logo nota um diferencial: a riqueza de detalhes. No outro extremo destaca-se a sensibilidade em homenagear personagens célebres que representem uma época ou fato marcante. Celebridades como a Princesa Diana, Ayrton Senna, o jogador de futebol Ronaldo e os reis Roberto Carlos e Pelé já foram desenhados pelo artista.

Com Michael Jackson não foi diferente. O cantor ganhou vida em uma imagem inédita, originada de outras em diferentes ângulos e perspectivas. A obra em tinta acrílica sobre tela tem dimensões de 80×120 cm e chama a atenção por apresentar detalhes minuciosos, como o número 50 e uma coroa gravados na sola do sapato, aludindo à idade que o rei do pop faleceu.

Em 2005, o artista impôs um desafio a si próprio: retratar Pelé de forma nunca vista. Para isso, ele mergulhou no hiper-realismo, ou seja, desenhou com tanta perfeição que a imagem chega a ultrapassar o realismo, assemelhando-se a uma foto e realçando detalhes tênues que poderiam ser ocultos em fotografias. Esse exagero da realidade levou 50 horas para ficar pronto. Talvez seja por isso que Matheus demonstra amor paterno pelas suas obras ao dizer: “Cada desenho que faço é um filho que ponho no mundo. Tenho a sensação de estar dando vida à imagem. Por isso me sinto realizado quando as pessoas olham para meus desenhos e falam: ‘Nossa! Parece estar vivo’. Sinto uma emoção muito forte”.

Nas animações em eventos o artista chega a desenhar dez caricaturas por hora, momentos estes que tem a liberdade de brincar com a própria arte enquanto interage com o público. “Não tem como se superar se você não se surpreende”, adverte ao lembrar suas experiências mais inusitadas, como a de ter desenhado uma família reunida na parede da sala, em forma de afresco e a complexa caricatura “Os Boêmios”, composta por artistas da MPB. Essa dedicação e vontade de melhorar a cada novo trabalho certamente já escreveram o nome do artista saltense no mundo da arte.        

 

MAIS: O artista pode ser contatado pelos telefones: (11) 4013-0628 e (11) 7398-6805.

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