Os adolescentes Rafael e Davi Vinocur acabam de participar de uma prova internacional de ciclismo, o Cross Florida, nos EUA. Os primos ituanos estão morando na Flórida para estudar; Davi há três anos e Rafael, há quase um ano. Com uma rotina bem diferente do Brasil, o tempo livre dos meninos está sendo dedicado a provas de ciclismo. “O sistema educacional daqui é muito diferente do Brasil. Aqui temos menos matérias e as tarefas são feitas normalmente na escola. Com isso, temos o resto da tarde livre para praticar esportes. Nós dois treinamos natação e participamos de grupos de ciclismo”, explica Rafael. Ele e Davi já tinham participado de um evento onde pedalaram 100 milhas (160km) chamado Horrible Hundred, conhecido por ter um percurso com grandes inclinações. “Superar esse desafio nos encorajou a treinar mais ainda e buscar um evento maior. O Cross Florida é um evento bastante conhecido aqui, que atrai participantes de todo o país e a ideia de atravessar o Estado pedalando em um evento deste porte nos motivou a participar”, ressalta Davi. O Cross Florida é uma prova anual que consiste em pedalar 170 milhas (273 km) em um percurso que parte de Cocoa Beach, na costa leste da Florida, com chegada em Bayport, na costa do Golfo. Essa edição contou com 450 participantes e o circuito poderia ser feito em um ou dois dias. “Apesar de saber que o desafio seria muito maior, principalmente por causa do forte calor, optamos por fazer em apenas um dia”, conta Davi. Ambos treinam semanalmente, mas para o Cross Florida os treinos se intensificaram nas últimas quatro semanas que precederam o evento, além de uma dieta balanceada. Os primos realizaram a prova em 10h30 pedalando com quatro paradas para reabastecer água, bebidas energéticas, carboidratos e proteínas. Apesar de não ser um evento cronometrado, havia um limite de horário para cruzar a linha de chegada. Por não ser uma competição, Rafael e Davi explicaram que o Cross Florida não tem colocação e contagem de tempo. “O único objetivo é conseguir cruzar a linha de chegada. Aqueles que conseguem recebem um patch que virou a marca registrada do evento. É um símbolo de superação”, afirmam. Dos 450 participantes, apenas seis tinham menos de 18 anos, e desses seis, apenas três, incluindo Rafael e Davi, fizeram o percurso em um dia. “Estávamos preparados fisicamente, mas o forte calor tornou o esforço ainda mais difícil. Depois de 130 milhas, quando as pernas já doíam muito e a respiração estava mais difícil, vieram as elevações. Enfrentar subidas íngremes nessas condições foi bastante desafiador. Levamos bastante a sério aspectos muito importantes em eventos de longa distância, como garantir a hidratação, repor carboidratos e proteínas e estar sempre acompanhado de outros participantes”, ressaltam os adolescentes, que já estão focados em objetivos maiores. “Estamos treinando para participar de triátlons olímpicos que têm distância internacional de 1,5km de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida. E a grande meta que nós dois temos é fazer o Ironman 70.3.”, encerram.

texto: Gisele Scaravelli

fotos: Arquivo pessoal