A história de Eliseu Delamuta com o colecionismo começou quando ele tinha 13 anos, época em que costumava brincar com os irmãos com carrinhos de autorama. À medida que os brinquedos iam evoluindo, eles queriam trocar e se desfazer dos carrinhos velhos, foi quando Eliseu começou a guardá-los. “Ninguém começa uma coleção de um dia pro outro, é sempre por acaso. Eu comecei com os carrinhos e uma coisa levou a outra”, explica o proprietário da Garage 12, que há quatro anos abriu as portas em Itu. Depois de trabalhar por anos como sócio numa empresa de pneus, ele se aposentou e decidiu embarcar num negócio novo que lhe desse prazer, ou seja, trabalhar com suas raridades e coleções. “Eu cuidava da parte do patrimônio de todas as lojas, então cada filial que a gente abria eu colocava as antiguidades pra decorar. Há oito anos eu saí da empresa e como essas peças eram minhas, particulares, eu comecei a retirar tudo. Foi então que eu vi a quantidade de coisa que tinha. Muita coisa mesmo”, ri o colecionador. Eliseu alugou então um salão para guardar tudo e ficou sem saber o que fazer por um tempo. Depois de 50 anos colecionando antiguidades e raridades, ele queria um lugar para mostrar suas peças, não queria deixá-las guardadas, e assim, nasceu a Garage 12. “Hoje, nós negociamos os carros antigos e as peças são pra decorar a loja, mas eu vendo tudo que está aqui, com exceção de poucas peças, que não têm reposição, aí eu não vendo mesmo”, explica. Hoje, Eliseu é o segundo maior colecionador de peças náuticas e o maior colecionador de telefones antigos do país. Na parte náutica, coleciona peças de 1930 para trás. “A mais antiga que eu tenho é uma peça de um ancoradouro no Rio de Janeiro, que deve ter uns 400 anos. Estavam fazendo uma escavação para reformar o porto do Rio e encontraram lá. Parece uma cruz, é onde amarravam os navios. Mandei avaliar a peça, e me disseram que tinha uns 400 anos, é a mais antiga que tenho”, detalha o amante de raridades. Os carros antigos são os que mais atraem curiosos. “Eu compro carros pra mim, praticamente. Eu tenho uns oito carros aqui e mais dois que estão fora. Eu compro porque eu gosto. Quando aparece alguém interessado, se pagar o preço que eu quero eu vendo, mas não é uma loja de carros antigos. Eu compro porque gosto do carro e a princípio fica em exposição aqui”. Para adquirir peças, o proprietário da Garage 12 já foi a muitas feiras e participou de leilões, hoje explica que por estar no ramo há muito tempo, as pessoas o procuram para oferecer itens raros, muitas vezes de locais mais raros ainda. “Eu já comprei peça náutica que estava em cima de um navio. O navio chegou para desmanche na Índia, onde fica a maior concentração de navios de desmanche, e nos portos ficam os perdigueiros, que sobem no navio e agarram as peças que eles querem até passar o fiscal e marcar o que vai pra quem. Um desses caras, agarrado numa peça, ligou pra um amigo meu, que me ligou, e confirmamos a compra toda pelo telefone”, explica a situação inusitada e emenda: “Era uma peça de navio de guerra, que geralmente é mais raro ainda para comprar”. Além das peças náuticas, telefones e carros, conhecer o Garage 12 é uma aula de história ou um passeio na máquina do tempo. Fonógrafos, bonecas, brinquedos, máquinas fotográficas, máquinas de escrever e muitas outras peças raras de séculos, ou às vezes, décadas de existência enchem os olhos de todo visitante e despertam a curiosidade. Questionado sobre os contras de ser um colecionador, Eliseu responde, rindo, sem pensar. “Nada de ruim!”. Mas aproveita e dá uma dica para quem tem interesse na área. “Tem que tomar cuidado com coisa falsificada. Sempre tem uma coisa ou outra no meio. É igual escola da vida. Você não se forma nunca”, finaliza.
texto e foto: Gisele Scaravelli