A arte do Newborn ganha mais adeptos e cresce o número de pais que registram seus bebês com até 15 dias de vida
O nascimento de um filho é o episódio mais emocionante na vida dos pais e muitos deles fazem questão de registrar cada momento com a riqueza de detalhes, delicadeza e muito amor. As fotografias começam na gestação, algumas mostrando a evolução de cada mês, passam pela emoção do parto e finalmente chegam ao amado e frágil bebê, ainda nos primeiros dias de vida.
Para transmitir todo o sentimento em uma imagem, os fotógrafos especializados em Newborn (recém-nascido em inglês) precisam estar atentos a detalhes como temperatura entre 27ºC e 28ºC, cenário delicado montado com cestas, mantas, gorrinhos, chapéus e laços, luz natural ou uma iluminação artificial que não atrapalhe o soninho do bebê e, claro, tranquilidade.
A técnica, popular nos EUA e em ascensão no Brasil, é um estilo fotográfico que tem como diferencial registrar, da maneira mais delicada e doce, os bebês entre o quinto e o 15º dia de vida, pois nesse período eles são mais maleáveis, apresentam sono profundo e as cólicas ainda não afetam o descanso dos pequenos.
“O que difere o estilo newborn das outras fotos de bebês é a pose. Cada uma é minuciosamente trabalhada para transmitir toda a delicadeza, fragilidade e doçura de um recém-nascido”, conta Drika Trevisan, fotógrafa especializada em newborn e “da família”.
A denominação “fotógrafa da família” adotada por Drika é por conta dos estilos de clientes que tem. Publicitária de formação, começou a fotografar profissionalmente em 2010 com gestantes e, com o tempo, passou a registrar as festas de aniversários e batizados dos bebês. Em 2013, após o nascimento da filha, Maria Luiza, percebeu que já estava pronta para se dedicar exclusivamente à fotografia e abandonou a publicidade. “Fiz vários cursos sobre a técnica e o newborn foi uma consequência dos outros trabalhos. Sou do tipo que troca figurinhas, fico amiga, gosto de acompanhar o crescimento do bebê e me envolvo de verdade”, comenta.
Outra profissional, Graziela Scudeler, também se encaixa nesse perfil. Formada em Educação Física, trocou a profissão com o objetivo de ser mais feliz com o trabalho e a paixão pela fotografia falou mais alto. Foram vários cursos profissionais até chegar ao título de fotógrafa. Atualmente, tem um estúdio em Indaiatuba, com foco mais em bebês e famílias, mas também atende casais, eventos infantis, casamentos e batizados. “Estou cada dia mais encantada com as fotos newborn, ainda mais agora que meu bebê nasceu”, comemora.
Para ela, um ensaio newborn é bastante especial! “Fora todos os detalhes com iluminação e temperatura, a segurança do bebê é fundamental e ele precisa estar posicionado corretamente. E além de tudo isso, o mais importante é a paciência, carinho e delicadeza, pois o bebê é muito frágil. Assim, a mãe fica tranquila ao meu lado e a sessão flui bem”, explica Graziela.
Há apenas um ano, o publicitário Rodolfo Guerreiro contou com o apoio da esposa Renata e decidiu se profissionalizar na fotografia. Desde então foram vários cursos e muitos cliques das amigas gestantes, dos filhos, das festas de aniversários, entre outros eventos da sua turma. E claro, que com tantas fotos familiares, o newborn falou mais alto e ele se especializou.
“É uma técnica muito gratificante e emocionante. A gente se conecta com o bebê e com a mãe o tempo todo durante o ensaio. Apesar de ser mais trabalhoso do que um book normal, o profissional cria uma amizade com as pessoas envolvidas, o que é muito legal. A fotografia de uma maneira geral é fascinante!”, emociona o novo profissional.
Uma sessão de newborn dura em média três horas, mas em alguns casos, quando o bebê acorda e mama muito, pode chegar até cinco horas. Por conta disso, os valores no mercado variam muito (de R$ 300 a R$ 2 mil), sem contar que o trabalho do fotógrafo vai muito além do estúdio ou residência da família, pois muitas poses só são possíveis com ajuda de montagem de duas imagens e, para isso, há todo um processo de edição das imagens.
Precursoras
Há diversas opiniões sobre a origem da fotografia newborn. Anne Geddes é considerada a mãe da técnica, pois no final dos anos 80, clicou bebês em legumes, verduras e flores. Tudo começou quando criou um cartão de Natal com a fotografia da filha, Stephanie, e o resultado fez sucesso. Na ativa até hoje, virou uma grife, com diversos produtos como livros, cadernos, calendários e até aplicativos para tablets, mas nunca fotografou para mães – sempre contratou casting de bebês para seu trabalho autoral.
Muitos apontam as gêmeas americanas Kelley Ryden e Tracy Raver como as responsáveis por esse estilo fotográfico. Ente 2004 e 2005 elas procuraram pediatras e fisioterapeutas para entender qual tipo de posicionamento poderiam fazer com os bebês das clientes e, desde então, lançaram a moda de fotografar recém-nascidos em posição fetal e criaram a história do saquinho pendurado na árvore. Hoje, elas não fotografam mais para as mães e vivem de fazer workshops.
reportagem de Aline Queiroz
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