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Post: Astrid Fontenelle, sinônimo de versatilidade

Astrid Fontenelle, sinônimo de versatilidade

“O conservadorismo deixou a questão direita versus esquerda muito Fla x Flu. Não se troca ideias, se agride”

No ar em dois dos programas mais vistos do GNT, “Saia Justa” e “Chegadas e Partidas”, Astrid Fontenelle confirma o rótulo de uma das mais versáteis jornalistas do país. Da TV Gazeta, passando pela inauguração da MTV-Brasil, ao GNT, o caminho foi longo e – em se tratando de Astrid – totalmente diversificado. Pioneira num canal musical, a apresentadora não foi somente uma VJ da MTV, mas assumiu a função de gerente de jornalismo da emissora. Na Gazeta, lançou os famosos “repórteres-abelha”, jornalistas com uma câmera na mão e “uma vaga ideia na cabeça”, que tiveram grande repercussão no final da década de 80. Hoje, mais madura, porém não menos versátil, crítica, e mãe, Astrid comanda a mesa redonda de debates sobre temas da atualidade, “Saia Justa”, ao lado da colega Barbara Gancia e das atrizes Maria Ribeiro e Monica Martelli, e a sexta temporada do emocionante “Chegadas e Partidas”, outra inovação na TV com a marca da jornalista. Em “Chegadas” não existe uma pré-produção, tudo acontece naturalmente, enquanto ela e sua produção circulam pelo aeroporto de Guarulhos atrás de histórias, idas e vindas. Exemplo de superação ao lutar contra o lúpus, a jornalista conta que está escrevendo um livro sobre o assunto, mantém segredo sobre o mesmo, mas revela que será lançado em breve. Nesta entrevista exclusiva, Astrid critica a patrulha do politicamente correto, a onda conservadora que assola parte da sociedade e sentencia: “entrei no armário!”.

Revista Regional: “Chegadas e Partidas” é um sucesso do GNT e estreou nova temporada recentemente. Como é fazer um programa tão diferente, sem uma pré-produção? Qual é o método que você utiliza para descobrir histórias tão ricas num aeroporto? Que faro é esse, Astrid? (risos)

Astrid: Pode ser faro, mesmo… (risos) mas a gente chama de sensibilidade. Temos uma produtora fantástica, a Vanessa Francisco, que diz que tem que ter sangue nos olhos. Garra. Hoje somos apaixonadas pelo aeroporto (Internacional de Guarulhos). Aquilo é um caldeirão de emoções. Temos apenas que andar muito, olhar para cada canto e para cada pessoa em busca de um sinal. Uma carinha triste, uma flor na mão… Não pré-produzimos nada. Apenas andamos em busca no momento que a equipe técnica estamos prontos para sair. Cada produtor (são dois) anda para um lado e eu fico parada num dos terminais observando também.

A carga emocional do programa parece ser enorme, já que tudo ali é pura emoção. Entre todas as temporadas do “Chegadas”, qual a história mais marcante?

Sem dúvida a de um angolano que esperava a filhinha de um ano e quatro meses que viria tentar um transplante de coração no Brasil. Ela estava desenganada pelos médicos africanos e ele não acreditava que deveria desistir. A menina morreu no voo.

Nos bastidores, pós-gravação, você já interferiu de alguma forma numa dessas histórias? Já teve vontade disso? 

Não. Uma vez paguei uma passagem para uma moça que fugia do marido que, segundo ela, era traficante e a agredia muito. Ela estava com um filho da idade do meu e com o mesmo nome. O homem a perseguia no aeroporto. Perguntei o que ela queria fazer e ela me disse que queria ir para a casa dela em Salvador, mas não tinha dinheiro. Paguei a passagem. E foi só!

No ar com “Chegadas…” e “Saia Justa”, você mostra mais uma vez que é uma das jornalistas mais versáteis do Brasil. Como você resume sua carreira da época dos festivais musicais dos anos 80, passando pela MTV até o GNT?

Resumir é difícil, mas a minha coragem em mudar, em buscar o melhor pra mim foi o que me moveu até hoje. Amo, sou apaixonada pelo meu ofício. Cada programa que concluo, cada gravação, comemoro com prazer de ter realizado o meu melhor naquele momento e na certeza de que a próxima vai ser melhor ainda.

Como foi inaugurar a MTV no Brasil? Tem vontade de voltar a esse nicho, trabalhar com música?

Foi bem importante pro meu currículo e, eu sabia que seria, por isso aceitei. Mais pela ‘Television’ do que pela música.

Você é um exemplo de mãe adotiva, sempre sendo referência nesse tema. Como foi a adoção do Gabriel desde a decisão até os trâmites legais? Você vê ainda preconceito nessa questão aqui no Brasil? É a favor da adoção por gays?

Claro que avançamos muito, mas, por exemplo, você me chama de mãe adotiva. Não sou, sou mãe. Mãe que adotou! O adjetivo é uma marca. Lutei para que uma revista de celebridades parasse de escrever adjetivando o Gabriel dessa forma. Para que escrever o tempo todo, mesmo quando estamos numa festinha, que ele foi adotado? Ele é meu filho. Ponto.

Agora sou a favor de qualquer forma de adoção!

Tanto artistas quanto jornalistas temem a censura ou a classificação etária do governo. Isso também se associa à onda do politicamente correto, com correções até de livros infantis. O crescimento de alguns setores conservadores na política te assusta? Como vê isso?

Muito me assusta. O conservadorismo deixou a questão direita versus esquerda muito Fla x Flu. Não se troca ideias, se agride. Entrei no armário! (risos)

O Brasil é um país preconceituoso? Alguns especialistas dizem que nós camuflamos isso muito bem. Episódios recentes, inclusive no futebol, trouxeram isso ao debate novamente. Seu filho é negro. Melhoramos ou ainda estamos longe de sanar essa questão?

Muito longe, infelizmente, mas estamos aqui para criar pessoas melhores.

Para finalizar, você é uma guerreira, expos e superou o lúpus. Como foi essa experiência? Que lição tirou desse episódio e que pode ser exemplo para pessoas que sofrem da mesma doença?

Essa experiência e muitas outras de superação, eu vou contar num livro que estou escrevendo. Aguarde…

Mas já tem nome e data de lançamento?

Não posso falar nada além disso… Desculpe.

 entrevista a Renato Lima

foto: Tricia Vieira/GNT 

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