“Poder continuar a exercer aquilo que mais gosto de fazer: viver da arte e poder compartilhá-la com os semelhantes é o que desejo para o futuro”, inicia Áurea Helena de Jesus Ambiel, maestrina dos corais da Secretaria da Cultura de Indaiatuba (infantil, terceira idade e Coral da Cidade de Indaiatuba), do Coral do Colégio Escala e da oficina de música/canto coral na Emef “Silvia Sannazzaro”. Desde a infância Áurea recorda que a música estava presente em seu dia-a-dia. “Trago na memória muitos momentos nos quais a minha mãe – entre os afazeres domésticos – me ensinava cantigas. Ela gostava de cantar e isso, creio eu, foi fundamental para a minha primeira ‘educação musical’. O primeiro contato com a arte, em especial, o canto coral, foi na escola primária. Quando estava no 2º ano escolar fui convidada para fazer parte do coral da escola em que estudava. Sempre gostei de tudo que se relacionava à arte em geral, seja musical, plástica ou teatral. Se havia alguma festinha na escola e precisava de candidatos, lá estava eu!”, relembra. Como a paixão existia desde sempre, ainda pequena Áurea começou a estudar. Aos oito anos iniciou na área com o canto, depois veio o piano, logo após o violão, e aí seu caminho já estava traçado. “Fiz um curso técnico no Conservatório Musical Carlos Gomes de Campinas, onde já estudava piano. Assim, a música esteve presente na minha vida desde muito cedo e toda a minha trajetória foi sendo direcionada, naturalmente, para a profissionalização”, completa a regente que se formou em Pedagogia e Música, sendo bacharel em Música (modalidade: Regência), mestre em Artes (Fundamentos Teóricos das Artes) e doutora em Musicologia Histórica pela Unicamp.
Uma regente, várias realidades
Atualmente, Áurea se divide entre aulas e a regência de vários corais com perfis diferentes, dinâmica que a instiga, sempre, a criar novas formas de ensinar. “Todo grupo é diferente – sempre é uma nova experiência – pois as realidades nunca são as mesmas. Procuro trabalhar sob a ótica pedagógica de viés construtivista, na qual a construção do saber é um processo dinâmico, no qual o educador deve levar em consideração o indivíduo, a sua bagagem cultural e o contexto histórico-social em que ele está inserido. Com relação ao coro infantil, se um educador deseja ter sucesso no trabalho com crianças, deve procurar uma proposta de trabalho que contemple o conteúdo musical a ser transmitido de uma maneira muito lúdica, como se fosse uma brincadeira. Com o coral da terceira idade, procuro trabalhar de maneira temática, partindo dos interesses, anseios e conhecimentos que eles trazem na sua bagagem de vida e ou cultural”, explica. Como exemplo de projetos já realizados com eles, ela cita: ‘O mar: homenagem a Caymmi’, ‘Alegria, alegria: lembranças carnavalescas’, ‘Faces brasileiras: a mulher sob um olhar poético’, dentre outros. Com relação ao conteúdo musical existe sempre, segundo ela, a preocupação de respeitar o estágio em que cada indivíduo ou grupo se encontra e a partir daí estabelecer um processo de trabalho gradual e evolutivo. Para a maestrina, o maior feito de seu trabalho é concretizado todos os dias em sua rotina. “Nas aulas você verifica que aluno está se envolvendo verdadeiramente com a música, com o som e com todo o trabalho. Particularmente, acredito que não há alegria maior do que a de verificar que as pessoas se realizam com a música, se envolvem ao cantar, entregam a sua alma ao som e esses compõem uma alquimia perfeita. Esta é sempre a minha maior realização como artista e educadora”, finaliza.
texto Yara Alvarez
fotos: New Art Fotografia/Luís Valezin/Divulgação