Itu é nacionalmente conhecida por seus eventos religiosos. Entre o final de maio e começo de junho, a cidade sedia três grandes demonstrações de fé do povo ituano: a procissão de Santa Rita, a Semana Madre Theodora e a Festa do Divino
Já dizia Milton Nascimento “E sai o povo pelas ruas a cobrir de areia e flores as pedras do chão”, se referindo à procissão. Isso é o que acontece em Itu no mês de maio. Num fim de tarde deste mês, uma vez por ano, as ruas do Centro histórico ficam tomadas por rosas e suas pétalas, entre passos e pés descalços, devotos de Santa Rita de Cássia, a ‘Santa das Causas Impossíveis’, se aglomeram atrás do andor que leva a imagem da santa. Há poucos anos, uma réplica da imagem que tem quase 300 anos -e foi trazida de Portugal- foi feita para a procissão.
O tradicional evento reúne, aproximadamente, 30 mil pessoas e faz desta uma das maiores procissões da região. A devoção à Santa Rita de Cássia na cidade teve início antes mesmo de ela ser canonizada. Uma capela em sua homenagem foi erguida entre 1726 e 1728 e sua canonização assinada apenas em 1900, mais de 200 anos após sua morte.
Toda organização da festa hoje em dia cabe ao Grupo Remido de Festeiros de Santa Rita de Cássia, responsável também pela distribuição de milhares de rosas aos devotos, além daquelas entregues pelos próprios fiéis durante a procissão. Este ano, a quermesse acontecerá nos dias 24 e 25 de maio, e a grandiosa procissão no dia 25, às 17h. O ponto de partida é a capela de Santa Rita de Cássia, no Centro de Itu.
Madre Theodora
Além de Santa Rita, em maio, os ituanos reverenciam também outra grande figura religiosa, que morou na cidade e está bem perto de se tornar santa. Trata-se de Madre Maria Theodora Voiron, cujo processo de beatificação encontra-se no Vaticano, esperando uma graça comprovada por médicos e pela Igreja. O processo teve início há muitos anos e em 1989, o Papa João Paulo II concedeu a Madre Teodora o título de Venerável. Vários milagres foram relatados, mas nenhum comprovado até os dias de hoje.
Madre Maria Theodora Voiron dedicou sua vida a crianças, adolescentes, jovens, doentes em hospitais, idosos, evangelização e à promoção humana. Nasceu em Chambéry, na França, em 1835 e chegou ao Brasil em maio de 1859. Na época, com apenas 24 anos, era madre superiora e veio para assumir a coordenação do Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, o primeiro no Estado dedicado à educação de meninas. Madre Theodora teve grande importância na educação ituana. Além de ter trabalhado muito pelo ensino no Colégio do Patrocínio, ela ainda abriu uma escola gratuita, também no local, para meninas escravas. Por mais de 60 anos, esteve à frente das obras das Irmãs de São José no Brasil, sendo responsável por diversas ações de caridade, como criações de orfanatos, asilos, hospitais, entre outras.
Aos 85 anos, caiu e fraturou o fêmur, quando passou a utilizar uma cadeira de rodas, nunca se afastando das atividades à frente do colégio. Faleceu aos 90 anos, em 1925. Seus restos mortais encontram-se na Igreja do Patrocínio, em Itu.
Para comemorar a chegada de Madre Maria Theodora ao Brasil, em 24 de maio de 1859, a Prefeitura de Itu estabeleceu há 25 anos a “Semana Madre Maria Theodora” comemorada anualmente entre os dias 18 e 24 de maio. Durante esses dias, acontecem missas, concertos, visitas de escolas e a entrega da Medalha Madre Maria Theodora Voiron – à pessoa ou entidade que tenha se destacado ou venha a destacar-se na divulgação da vida e da obra de Madre Maria Theodora Voiron em todo o território nacional.
Festa do Divino Espírito Santo
Itu ainda alia cultura, folclore e religião em outro grande momento religioso que acontece na cidade. Trata-se da Festa do Divino, que este ano terá como novidade, em 1º de junho, a recuperação da “Folia do Divino Espírito Santo” pelo Museu da Música de Itu, festa popular que visitará alguns pousos montados no Centro, com violas, cantadores e participação especial do Coral Vozes de Itu.
A comemoração em louvor ao Divino Espírito Santo é uma festa tradicional cívico-folclórica-religiosa que movimenta a cidade há dois séculos. Todo ano, 50 dias após a Páscoa, a cidade fica vermelha e branca, simbolizando a vinda do Espírito Santo, como descrito na Bíblia, que conta que Ele veio em forma de pomba para os apóstolos. A capela votiva será montada dois dias antes da festa, na quinta-feira, 05 de junho, na casa do Alferes Jair de Oliveira. Na manhã de sábado, dia 07, um desfile percorrerá as ruas do Centro, terminando na Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, onde no domingo será realizada uma missa solene, seguida por leilão de gado e procissão.
Este ano, a comemoração do Divino conta com outra novidade. O Coral Vozes de Itu apresentará a “Missa do Divino Espírito Santo”, composta por Tristão Mariano da Costa, em 1901. Além disso, hinos próprios para a ocasião e jaculatórias compostas por Elias Álvares Lobo também serão apresentados. Tudo foi transcrito especialmente para o coral pelo Museu da Música. A apresentação será durante a missa festiva do dia 06, às 19h, também na Matriz da Candelária.
texto e fotos: Gisele Scaravelli