A Fundação Pró-Memória de Indaiatuba completa 20 anos, preservando o patrimônio intelectual do município
São 180 anos em 20. Mesmo sendo uma jovem, a Fundação Pró-Memória guarda em seus arquivos um bom pedaço da história de Indaiatuba. Fazem parte de suas relíquias, por exemplo, o prédio do Casarão Pau Preto e o da Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, o Busto de Dom José de Camargo Barros, a documentação da Câmara Municipal datada desde 1830 e os 33 mil livros da Biblioteca Municipal, considerada uma das melhores da região. “Porém, no meu entender, a maior preciosidade da Fundação tem caráter intangível, ou seja, o fato de ganhar o respeito da população e ter conseguido conscientizá-la da importância ética, social e humana da preservação da história e da memória de Indaiatuba”, começa Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus, superintendente da instituição.
Desde novembro de 2011, Carlos Gustavo é o responsável por dirigir a Fundação Pró-Memória e seus quatro braços: o Arquivo Permanente (histórico), o Arquivo Intermediário (administrativo), o Casarão Pau Preto (Museu) e a Biblioteca. Graduado, mestre e doutor em História pela Universidade Estadual Paulista (USP), o profissional concorreu a vaga com outros 70 candidatos e, assim que aprovado, trouxe para a instituição um modelo profissional de direção. “Procurei dar a minha cara administrativa à Fundação, ou seja, uma gestão dinâmica, proativa e democrática.
Nunca acreditei que o funcionalismo público deveria andar em ritmo mais lento que de outros setores, assim, por meio de planejamento e metas, busquei resgatar a identidade da Fundação, situação posta a mim pelo Conselho Administrativo assim que assumi o cargo. Desta forma, estudando o Estatuto da Fundação e o anseio da comunidade,
tracei sua missão, ou seja: ‘Atender a comunidade a partir do viés-histórico cultural, buscando divulgar e praticar a preservação do patrimônio histórico e memória da cidade de Indaiatuba e da região’. Dentro desta perspectiva, resumimos o objetivo da Fundação na máxima, que depois veio a ser o mote das comemorações dos 20 anos da instituição, ‘Construir a História e Preservar a Memória de Indaiatuba’. A partir desta
perspectiva, mobilizamos nossa equipe em organizar de forma técnica e profissional as bases da Fundação”, ressalta o superintendente.
Casarão restaurado
Os 20 anos da Fundação Pró-Memória chegam junto com a reinauguração do Casarão Pau Preto, ícone máximo da preservação histórica da cidade. “Depois de um criterioso processo de restauro, que foi concluído no tempo recorde de 14 meses, o Casarão estará novamente aberto à população. Um dos poucos exemplares remanescentes da arquitetura bandeirista do Interior paulista, o Casarão é um complexo histórico muito querido pela população, que ao longo dos anos sofreu com o desgaste do tempo e com intervenções que foram feitas de formas emergenciais e sem critérios que
regem o preservacionismo. Assim, buscamos nos aproximar de sua leitura arquitetônica original, que é de 1810, em paralelo a adaptação do espaço para melhor acomodar o Museu Municipal, a população e as pessoas com necessidade especiais, para elas, construímos banheiros e rampas. Nesse caso, a estrutura do Museu não deixará nada a desejar aos museus de ponta, guardadas as devidas proporções, pois se trata de um local municipal, mas de grande importância regional”, completa Carlos Gustavo.
Para manter o Arquivo Permanente com mais de 160 fundos privados, a Fundação mantém uma parceria com a população indaiatubana. Ela é uma das responsáveis por doar materiais diversos. “Desde que tenha interesse histórico e tenhamos o espaço adequado para receber tais doações, aceitamos sim, mas mediante a um termo de doação, que deixa bem claro que depois de doado tal material se torna público”, explica o profissional. E foi graças a essa parceria, que um dos materiais de comemoração dessas duas décadas de cuidado com a história pode ser distribuído. É a caixa com kit de todas as publicações da Fundação que chegarão a todas as instituições de ensino da cidade. “Além disso, fizemos uma sessão solene comemorativa na Câmara Municipal, e ainda teremos palestras com os arquitetos responsáveis pelo restauro do Casarão, o professor e mestre Eduardo Salmar (Unimep) e o doutor Marcos Tognon (Unicamp), e a exposição itinerante sobre os mais de 200 anos do Casarão Pau Preto que está percorrendo a cidade e também a região”, fala o historiador.
A reinauguração do Casarão Pau Preto é, sem dúvida, o grande presente que a Fundação Pró-Memória pode dar para a cidade e, graças a isso, cada vez mais a instituição está se tornando referência em preservação histórica e organização documental, “sendo assim, para o ano teremos muitas surpresas que ainda não posso revelar, mas que trarão oportunidades diferenciadas aos que se interessam por essa questão tão primordial para sociedade, que é a preservação da história, da memória e do patrimônio histórico”, finaliza o superintendente. Enquanto isso, desejamos muitos anos de história!
texto Yara Alvarez
fotos Giuliano Miranda