Câncer de próstata é o segundo tipo mais comum da doença, segundo relatório do Inca (Instituto Nacional de Câncer); diagnóstico precoce aumenta chances de cura
Medo, receio e constrangimento rodeiam a mente dos homens, quando o assunto é a primeira visita ao urologista, para a realização do exame de próstata. Apesar de conhecerem os riscos do desenvolvimento do câncer e a importância do diagnóstico precoce para o tratamento e a cura da doença, muitos deixam para depois a visita ao urologista.
Luciano Magno Alves Bezerra, aposentado, de 53 anos, sempre alegou que não tinha tempo para visitar um urologista e realizar o exame. Um dia, porém, próximo à sua casa, deparou-se com o Ônibus Azul, da Prefeitura de Sorocaba, que oferece a realização gratuita do exame. “Ai não tinha mais porquê empurrar para amanhã. Deixei o receio de lado e entrei no ônibus. Estava apreensivo com o exame, mas a qualidade do atendimento oferecido pela equipe médica me deixou mais à vontade. No fim das contas, o exame não é este ‘bicho de sete cabeças’ que eu imaginava. É incômodo, mas é rápido e garante a minha qualidade de vida”, recorda Bezerra.
Os números de incidência de câncer no Brasil são alarmantes. De acordo com o último relatório divulgado pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer), 1,2 milhão de pessoas deve apresentar a doença em todo o país, neste ano, estando o Estado de São Paulo no topo da lista, com 152.200 casos. O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum da doença, perdendo apenas para o câncer de pele.
Segundo o especialista em urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), coordenador de Especialidades da Prefeitura de Sorocaba e coordenador do programa Ônibus Azul, Fernando Guimarães Russo Ramos, médico urologista do Centro Médico São José, de Cerquilho, a realização do exame periódico de próstata é extremamente importante para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da doença, aumentando, com isto, as chances de cura.
A SBU recomenda que homens de pele negra (mais propensos a desenvolver o câncer de próstata), obesos ou que tenham histórico familiar da doença, realizem, anualmente o exame, a partir dos 45 anos. Para os demais, a idade recomendada é a partir dos 50.
Dr. Fernando Russo aponta que, no estágio inicial da doença, o câncer de próstata é assintomático, devido ao tempo lento de progressão dos tumores. “Em estágio avançado, a doença leva o paciente a ter dificuldade para urinar, sensação de não conseguir esvaziar completamente a bexiga, hematúria (presença de sangue na urina), dor nas costas ocasionada pela presença de metástases e, nos casos mais graves, infecção generalizada e insuficiência renal.
O diagnóstico da doença é realizado por meio do exame de toque retal (ou de próstata, como é conhecido), que permite ao médico perceber qualquer anomalia na parede da próstata. Em seguida, o especialista recomenda o exame de dosagem do Antígeno Prostático Específico, o PSA, que é feito por meio de coleta de sangue. Caso sejam encontradas alterações, é realizada uma biópsia, para indicar a presença, ou não, de tumor.
O tratamento, segundo explica o médio especialista, varia de acordo com a idade do paciente e da classificação do tumor. “Pode incluir uma prostatectomia radical (remoção cirúrgica da próstata), radioterapia, hormonoterapia e medicamentos”, aponta. Muitos homens temem o tratamento do câncer de próstata, por receio de possíveis sequelas. Em alguns pacientes, ele pode levar à impotência sexual e perda involuntária de urina. “O risco existe, mas existem medicamentos para impotência sexual, que amenizam o problema, dando ao paciente uma qualidade de vida normal”, finaliza o médico.
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