“Não há terra tão rica, tão nobre, tão cheia de tradições como este meu abençoado torrão natal” (Francisco Nardy Filho, historiador)

Não se pode negar a grande importância histórica de Itu. Fundado em 02 de fevereiro de 1610, o povoado tornou-se depois a vila mais abastada da capitania de São Vicente e hoje detém o título de estância turística, graças ao seu cabedal arquitetônico e cultural.  A cidade tem uma economia bastante diversificada. O comércio e o setor de serviços são significativos e o município é detentor de um parque industrial composto por pequenas, médias e grandes empresas.

O pesquisador-docente do Museu Paulista da Universidade de São Paulo e atual secretário da Cultura de Itu, Jonas Soares de Souza, acredita que a inauguração das rodovias Castelo Branco e do Açúcar, na década de 1970, acelerou o crescimento industrial do município. Para ele, o início das atividades da cervejaria Schincariol também foi decisivo para o desenvolvimento. “A empresa não somente fortaleceu a economia local, gerando divisas e empregos, mas construiu uma marca associada a Itu. Dessa forma, ao chamar atenção para a cidade, tem despertado interesse no conhecimento de sua história e de seu rico patrimônio cultural”.

Fazendo uma breve retrospectiva dos acontecimentos que marcaram os últimos quatro séculos, cabe ressaltar, por exemplo, a contribuição da cidade para o soerguimento da então capitania de São Paulo, a partir de 1780. Os canaviais e engenhos da região produziram o açúcar que alimentou o crescimento da economia paulista.

Além disso, é importante destacar na história de Itu a presença marcante de suas lideranças nos momentos de mudança de rumo da política nacional. Por exemplo, na década de 1820, época da construção do Estado brasileiro, e na década de 1890, quando ocorre a consolidação do regime republicano, que foi o auge de um processo no qual a “Convenção de Itu” – realizada em 18 de abril de 1973 – teve importância decisiva.

Jonas explica que a reunião, durante a qual foi fundado o Partido Republicano Paulista (PRP), tinha por objetivo organizar o movimento na então província de São Paulo. Por esta razão, a cidade recebeu, posteriormente, o título de “Berço da República”. O pesquisador lembra que a capital e outras cidades se candidataram para sediar o encontro, mas Itu foi escolhida por eleição, em razão das articulações entabuladas pelos políticos locais. Para comemorar o aniversário de 50 anos do evento, foi inaugurado, em 18 de abril de 1923, o Museu Republicano “Convenção de Itu”.

Itu, cidade-mãe da região

Fundamentado em estudos realizados por diversos historiadores, o livro “Ytu” de Scarpin Ângelo Zini cita Itu como “Cidade Mãe de Cidades” e ainda ressalta que esta é uma menção gloriosa a uma cidade que já detinha os títulos de “Fidelíssima”, “Roma Brasileira” e, posteriormente, “Berço da República”.

A ideia também é ratificada na obra “A cidade de Itu”, de Francisco Nardy Filho. No capítulo “Fundadores e Povoadores ituanos”, o historiador-autor registra que “a maior parte dos fundadores de Campinas, Piracicaba, Porto Feliz e Capivari, sem falar em Salto, Cabreúva e Indaiatuba, era constituída por gente de Itu”.

De fato, o território de Itu – demarcado com a elevação do povoado à categoria de vila, em 18 de abril de 1657 – era imenso. Por um lado, chegava até a atual Araraquara. No outro extremo, alcançava as fronteiras do Paraná. “Nos séculos XVII e XVIII, bandeirantes, sertanistas e monçoeiros ituanos estabeleciam ranchos de pousos em suas rotas, que com o passar do tempo se transformaram em povoações que deram origem a muitas cidades”, relembra Jonas, que cita outros exemplos como Tietê, Laranjal Paulista, Limeira e Rio Claro.

– Nos próximos dias, o portal www.revistaregional.com.br estará publicando matérias especiais e fotos em homenagem ao aniversário de Itu.

texto: Piero Vergílio

fotos: Rapha Bathe e Zeca Almeida