Mineira de Caxambu e artista plástica desde sempre, Kelva Lúcia Gorgone Novaes, ou simplesmente Kelva Novaes, conversa com os pincéis. Costuma dizer que o entrosamento dela com essa ferramenta é íntimo, vem do coração. “Quando estou diante de uma tela branca fecho os olhos e me transporto para um interior só meu. São momentos de calma absoluta. Tão logo minha tela mental capta todos os sentimentos eu os transporto para o quadro. Tudo vai surgindo como imaginei: os pincéis deslizando pelas minhas mãos, dando forma e brincando com as cores. Tudo toma seu espaço, com uma linguagem imediata visível e verdadeira”, fala. Os tons terrosos são o forte do seu trabalho, tanto que Oscar D’Ambrosio, jornalista, mestre e crítico internacional de arte, em seu texto sobre a artista atentou-se ao detalhe citando essa gama de cores como a formação de seu universo. “Minhas impressões sobre o outono constituem, sem dúvida, o forte do meu trabalho, que procuro expressar com vigor. O cromatismo é forte. São tons terrosos, alaranjados, com um toque ligeiramente azulado, numa impressão que supera a emoção”, concorda Kelva. Mas as cores fortes também têm sua vez nas mãos e imaginação da artista plástica, formada pela Oficina Paulista de Arte-História da Arte (OPA), entre outras e com trabalhos expostos em catálogos, revistas, anuários e também na Academia Brasileira de Arte, Cultura e História. “Atualmente tenho me dedicado à cerâmica, tanto utilitária, como decorativa e tenho tido uma aceitação realmente gratificante”, completa. Em seu ateliê, localizado na capital paulista, é possível encontrar um pouco de cada exposição já realizada pela artista, que se aprofunda no tema para levar composições completas sobre o assunto. Além de vender suas obras, Kelva também passa adiante seus conhecimentos e técnicas ministrando aulas. “Quando alguém me procura para tomar aulas, já vem com uma referência do que viu do meu trabalho. Mas eu procuro fazer do ateliê um ambiente livre, aberto, estimulando a criatividade de cada um.” Seja moldando com as mãos ou dando voz aos pincéis, Kelva consegue “colocar para fora” o que seus olhos veem e sua mente capta.
foto: Arquivo pessoal
texto: Yara Alvarez