Das tradicionais as mais ecológicas, hoje já existem modelos que se adaptam a casas e apartamentos em ambientes como escritórios, salas, quartos e jardins
Com a chegada do inverno surge a necessidade de manter os ambientes aquecidos, em especial em casas de campo. As chamas podem ser alimentadas por lenha, carvão, gás e etanol, em lareiras que são indispensáveis para aqueles que adoram aproveitar esta estação do ano.
Construídas a partir de materiais como tijolos de barro, ferro fundido, pedras e cimento queimado, lareiras trazem consigo a ideia de aconchego e descontração. Por esse motivo, designers de interiores optam por diferentes modelos em projetos onde ganham destaque na decoração.
A lareira e suas funções
Desde a descoberta do fogo pelo homem foi necessário encontrar uma maneira de manter as chamas acesas. As primeiras lareiras eram feitas de pedras empilhadas que com o tempo foram aprimoradas até transformaram-se em peças luxuosas de grandes castelos e residências.
Salamandras, lareiras e fogões a lenha ganharam destaque em casas de campo, uma vez que podiam ser utilizadas para espantar animais, iluminar, aquecer e cozinhar, o que também ajudou na construção da tradição de manter a família reunida em volta do fogo para comer, beber e conversar.
Hoje em dia é um pouco mais difícil encontrar lareiras residenciais, seja pela necessidade de reformas na construção ou mesmo pela praticidade da vida diária. Muitos evitam utilizar a lenha ou o carvão porque é necessário construir uma chaminé para a saída de fuligem, mas já podemos encontrar modelos que contam com alimentação das chamas a partir de biocombustíveis como gás e etanol, que são menos poluentes e não necessitam de reformas.
A partir de modelos simples de fogareiros encontrados facilmente é possível adaptar pequenas lareiras até mesmo em mesas de centro, racks e cachepôs de vasos.
Conheça o modelo ideal
Quando pensar em instalar uma lareira, é fundamental compreender a necessidade da casa. Isso envolve detalhes como decoração, ambiente onde será colocada, tamanho do cômodo, cuidados com a segurança e tipos diferentes de aquecimento.
Para aqueles que preferem os projetos mais luxuosos, é possível contratar arquitetos para adaptar modelos com materiais como espelhos e mármores. A designer e arquiteta Brunete Fraccaroli criou um ambiente em que a lareira da sala é feita do mesmo mármore do piso de um apartamentoem São Paulo.“Quando trabalho em algum projeto que envolva lareira sempre penso nos melhores materiais e no modelo mais adequado, pois são itens que dão um ar de sofisticação e aconchego a qualquer ambiente e podem se transformar na peça-chave da decoração” – diz a arquiteta.
Fábio Galeazzo também gosta de pensar nas lareiras como peças de destaque dos seus projetos, que misturam materiais de revestimentos rústicos com outros mais nobres. “Gosto muito de aliar as ideias de atemporalidade e sustentabilidade, por isso utilizo mais as lareiras a gás e etanol” – conta o designer, autor de projetos ousados como a lareira redonda apelidada de Chic-Zen.
Os modelos a gás e etanol têm sido muito procurados para projetos atuais de lareiras. “São versões mais ecológicas, não fazem sujeira e a instalação é rápida e simples” – diz Fábio. Já a paisagista Gigi Botelho conta que prefere os modelos a gás pela praticidade e capacidade de aquecimento. “Elas são muito charmosas e não precisam de chaminés porque não produzem resíduos nem fumaça e são ótimas para ambientes externos”.
Nem sempre é possível recolher a lenha em locais próximos de casa. Geralmente são utilizadas madeiras de demolição e reflorestamento para pequenas toras que alimentam as chamas das lareiras tradicionais, mas é bom conhecer a procedência quando elas são adquiridas em lojas e armazéns.
No caso das casas em que há crianças e animais, são ideais as lareiras elétricas. Elas possuem uma animação em 3D que imita chamas de verdade, e não oferecem perigo caso alguém encoste acidentalmente.
Lareiras externas
Conhecidas como Fogo de Chão, as lareiras podem criar uma atmosfera bucólica quando adaptadas em jardins. “Lareiras em áreas externas conseguem criar ambientes com atmosferas acolhedoras, mas nesse caso os materiais também precisam ser mais resistentes a intempéries” – diz Brunete Fraccaroli. “Geralmente utilizo materiais como pedras brutas ou pratos de ferro com pedras vulcânicas para os projetos com fogo de chão, e escolho os modelos a gás” – revela Fábio.
A lareira externa pode entrar nos projetos de paisagismo e ajuda a evitar o uso de iluminação artificial, além de reduzir os gastos com eletricidade. Assim, é possível reunir os quatro elementos no jardim, que ainda pode contar com espelhos d’água. Segundo a paisagista Gigi Botelho, os modelos a gás não prejudicam as plantas e podem ser utilizadas bases de diferentes materiais. “Para os ambientes externos são ideais materiais como ferro, pedras e vitro-cerâmico, resistentes ao tempo e a altas temperaturas”.
Feitas a partir de bases como cimento e mármore, as lareiras externas geralmente são cobertas com pedras que ajudam a manter o aquecimento em locais aconchegantes e cantos dos jardins. “Em uma residência aproveitei um espaço em frente à piscina e criei uma sala em nível mais baixo, onde há bancos com almofadas confortáveis e uma lareira com base de pedras no meio. Os moradores me contaram depois que esse se transformou em um dos ambientes mais utilizados por eles, pois mantém a ideia da fogueira ao ar livre e ajuda a reunir a família” – conta Gigi.
Complementos decorativos
As lareiras residenciais geralmente se destacam por si só, mas também podem ser grandes aliadas da decoração. “Elas podem ser combinadas com obras de arte, vasos e acessórios de impacto que ajudam a valorizar ainda mais o projeto” – conta Brunete Fraccaroli.
“Por ser uma peça central, a lareira se torna um elemento decorativo dos mais importantes em uma residência. Isso faz com que sejam necessários poucos elementos para complementar o espaço com harmonia. Para mim, são fundamentais pelo menos uma boa poltrona e um tapete bem felpudo para poder aproveitar o calor ao lado das pessoas que mais gostamos” – conclui Fábio.
texto: Paula Ignacio