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Maria Helena – A palavra cantada

Depois de São Paulo e Campinas, foi a vez de Indaiatuba receber a “cantaora” Maria Helena Müller, ou, Helena de los Andes, como é conhecida no universo flamenco, para lançar seu primeiro livro, “Nove Contos, escrita em vermelho flamenco”. Helena formou-se em jornalismo em 1985, mas conta com exclusividade para a Revista Regional, que desde a infância acalentava o sonho de escrever um livro. A realização dele veio junto com a sua outra paixão, a música flamenca. “Saí da faculdade de Jornalismo, na capital paulista, já atuando no chamado Circuito Cultural Alternativo, fazendo performances teatrais musicais em galerias de arte e casas noturnas – sempre musicando meus textos e poemas e criando roteiros para cada apresentação”, conta. Depois de 20 anos cantando flamenco, sendo uma das primeiras brasileiras a se arriscar e firmar seu nome nesse difícil cenário, reuniu as histórias que viu nos bastidores de suas apresentações e colocou-as nos capítulos do seu livro de estreia. “Esse é o primeiro da trilogia que está em andamento. Estoufinalizando ‘O Décimo Passo’ que será seguido por ‘Onze Anos’. A trilogia não tem nada a ver com a trilogia erótica Cinquenta Tons de Cinza. É um projeto antigo que estou concretizando. O segundo e terceiro volume não utilizam linguagem erótica e é um romance”, adianta a autora. As histórias desse primeiro livro são embaladas por doses de humor, drama, espiritualidade e uma “pitada” de erotismo. “São nove contos sobre os bastidores dia a dia de artistas flamencos, principalmente bailarinos com quem convivo há 20 anos. Por exemplo, o conto do misterioso bailaor (bailarino) Juan Mifuefo, fala sobre uma fã obsessiva que entra na vida dele de maneira abrupta e surpreendente. Da experiência traumática que se desenvolve a partir do encontro dos dois originou-se o apelido Mifuefo”, fala. Nascida na capital paulista, Maria Helena já atuou nas principais companhias de dança flamenca do Brasil, mas seu começo no estilo foi meio por acaso. “Eu tinha uma banda e esperava a chegada de nossa estreia, quando o programador do teatro pediu-me, de última hora, se eu teria um pocket show para apresentar em horários especiais, acompanhando-me ao piano. Eu disse que sim e montei uma programação, tipo café concerto. Cada noite trazendo um convidado: poeta, ator, bailarino. Assim, convidei uma jovem artista argentina para tocar castanholas em um dos shows. Ela era diretora de uma companhia e eu não sabia. Duas semanas depois, eu integrava a Tarantos Companhia de Arte y Baile Flamenco e estreava em Piracicaba. Isso foi em outubro de 1991. Ao final da Tarantos, fui ‘pro mundo’ e passei a trabalhar com praticamente todos os grupos da capital e do interior paulista. Mudei para a Região Metropolitana de Campinas em 2004 e, desde então, concentro mais minha agenda de trabalho por aqui – shows, aulas, ensaios. Atualmente, a região de Campinas concentra as maiores bailaoras (bailarinas) de flamenco do Brasil; eu sou cantaora (cantora) de flamenco e me especializei em cantar para shows de dança flamenca. Requer devoção, entrega, muito conhecimento, muito estudo, muita técnica e muitos anos de persistência e garra”, completa. Para suas noites de autógrafo, a cantora e escritora sempre prepara uma surpresa para seu público. Na Laselva, local da noite de autógrafos em Indaiatuba, Maria Helena deu canja de flamenco & blues.

 por Yara Alvarez

foto Giuliano Miranda

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