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Post: O futuro que nos espera…

O futuro que nos espera…

Como será nosso futuro? Regional traz série de descobertas e projetos que mudarão nossa rotina

Reportagem especial apresenta as principais descobertas científicas, concomitantemente aos avanços tecnológicos. Tão rápida evolução sinaliza que alguns dos grandes sonhos acalentados pela humanidade estão próximos de se tornarem, ao menos, possíveis em médio prazo

É bastante comum, nesta época, a publicação de reportagens com previsões para o ano que está por vir. Para manter a tradição, equipe de Regional também apresenta as perspectivas para 2013. Contudo, neste especial, optamos por priorizar outras áreas que não a astrologia, embora nosso objetivo, não seja, de modo algum, desmerecê-la. Na verdade, resolvemos dividir com os leitores o nosso fascínio diante de algumas descobertas científicas recentemente anunciadas que, por sua vez, abrem caminho para outras conquistas.

Um cenário extremamente próspero também se deve, em grande parte, ao avanço da tecnologia. Tão rápida evolução, sinaliza, de maneira consistente, que alguns dos grandes sonhos acalentados pela humanidade estão próximos de se tornarem, ao menos, possíveis em médio prazo. Em alguns casos, inclusive, há uma data prevista para que eles se transformem em realidade: o desejo do neurocientista brasileiro Miguel Nicolélis é que uma criança paraplégica ou tetraplégica dê o pontapé inicial no jogo de abertura da Copa 2014, que acontecerá em 12 de junho daquele ano,em São Paulo.

Para alcançar este objetivo aparentemente audacioso, o neurocientista revelou – em entrevista ao programa “Fantástico”, da Rede Globo – que parte do pressuposto de que máquinas podem ser controladas apenas com a força do pensamento. Com o auxílio de sua equipe na Universidade de Duke, ele desenvolveu o protótipo de um exoesqueleto, que o usuário deverá vestir. Por meio de sensores, batizados de eletrodos, que penetram cerca de três a cinco centímetros no cérebro, o paciente irá comandar os movimentos da roupa-robô.

Tais informações serão enviadas para um chip – semelhante ao de um telefone celular – implantado no crânio. Em seguida, entram em ação mais chips, também embutidos, com uma função primordial: transformar os sinais cerebrais em ordens para o chamado exoesqueleto. Tais comandos serão transmitidos a uma antena, presa à cintura do usuário. Fanático pelo esporte, Miguel enfatiza que, embora esta seja apenas uma demonstração – mesmo que a experiência seja feita com sucesso, é apenas uma das fases da pesquisa – a data foi escolhida propositalmente, para chamar a atenção do mundo.

Ao projeto “Walk Again” – cuja tradução equivale a “andar de novo” – somam-se outros avanços igualmente significativos, que mais do que elevar nosso otimismo, reforçam a certeza de que este é apenas o início de um período marcado por grandes transformações, diretamente atreladas ao desenvolvimento tecnológico. Nas próximas páginas, descubra o que o futuro nos reserva em diferentes áreas do conhecimento, a partir da análise de renomados especialistas, que prontamente atenderam ao convite de Revista Regional.

 Estamos sós no universo?

Nesse contexto, merecem destaque as descobertas feitas na área de astronomia. Ao longo do ano, foram identificados diversos planetas potencialmente habitáveis, como, por exemplo, aquele que foi batizado de HD 40307g. Situado a 42 mil anos-luz de distância, ele tem pelo menos sete vezes o tamanho da Terra e, ao que tudo indica, possui condições climáticas e atmosféricas semelhantes as nossas. Os cientistas alemães e ingleses que coordenaram a pesquisa também acreditam que ele gira em torno de seu próprio eixo, provocando o efeito de dia e noite.

Para o astrofísico da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Gustavo Rojas, além deste planeta – que orbita ao redor da estrela HD 40307 – os que foram encontrados em torno das estrelas Gliese 163 e Gliese 581 também merecem atenção, pois são “Super Terras” na chamada zona habitável, onde a temperatura é propícia à existência de água no estado líquido. Entretanto, isso não implica, necessariamente, na existência de vida. Isto porque ainda não se conhece em detalhes, por exemplo, suas composições atmosféricas.

“Esta investigação só poderá ser realizada na próxima década, com o advento da nova geração de telescópios gigantes. Apesar disso, tais descobertas os tornam potenciais candidatos para futuras pesquisas, juntamente com outros objetos que serão identificados nos próximos anos”, prevê. O astrofísico pondera que, até o momento, cerca de cem Super Terras são conhecidas: a denominação é aplicável a planetas cuja massa é superior à da Terra, mas menor que a de planetas gasosos como Urano e Netuno – que, por sua vez, é aproximadamente 15 vezes maior do que a nossa –, porém não denota nenhuma característica sobre potencial habitabilidade.

Convidado a eleger os principais avanços da astronomia nos últimos anos, ele destaca a existência de planetas orbitando outras estrelas, a expansão acelerada do Universo, e o movimento das estrelas na vizinhança do buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia, a Via Láctea. Gustavo ressalta ainda que os astrônomos estão sempre planejando construir instrumentos cada vez mais potentes: o universo é investigado em todo o espectro eletromagnético – dos raios gama até as ondas de rádio – utilizando telescópios no solo e no espaço.

 

A conquista do espaço é cada vez mais evidente, inclusive com passeios turísticas pela órbita da Terra já em 2014; descobertas de planetas habitáveis serão uma constante

Turismo espacial

“O desenvolvimento tecnológico associado a essas pesquisas acaba sendo incorporado a outros ramos do conhecimento. No outro extremo, a instabilidade econômica inibe avanços ainda mais significativos, pois em situações de crise o ramo científico geralmente é um dos primeiros a sofrer cortes de orçamento. Os grandes projetos internacionais requerem investimentos de bilhões de dólares”, constata. Sob essa perspectiva, menciona-se a atuação do Observatório Europeu do Sul (ESO, em inglês), organização europeia intergovernamental financiada por 15 países – entre eles, o Brasil – que se destaca por possuir um programa de trabalho ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta.

Numa outra frente, Gustavo acredita que ainda é cedo para avaliar as descobertas feitas pela sonda Curiosity – embora não tenha sido divulgada até o fechamento desta reportagem, uma delas é, de acordo com um cientista da Nasa, “digna de entrar para a história” – o mais avançado e bem equipado laboratório móvel já enviado a Marte, o planeta mais parecido com a Terra. A partir da análise do solo, rochas e atmosfera, serão enviadas informações importantes sobre a possibilidade de existência de água em estado líquido e, eventualmente, vida microbiana.

Com relação às viagens interplanetárias ou intergalácticas – que tantas vezes foram mostradas em filmes e séries – o cenário atual aponta para uma crescente participação da iniciativa privada. Em meados de novembro, uma operadora brasileira de turismo iniciou a comercialização de um pacote para o espaço, a um custo de US$ 107 mil por uma viagem de 60 minutos a bordo da nave espacial Lynx, que tem capacidade para uma única pessoa, além do piloto. A previsão é a de que o primeiro voo seja realizado em 2014.

Apesar da novidade, o astrofísico ressalta que “o elevadíssimo custo destas missões ainda inviabiliza o chamado turismo espacial, salvo para voos sub-orbitais”. No que diz respeito a viagens interestelares, por sua vez, as imensas distâncias que separam as estrelas tornam impraticáveis. Mesmo a nave mais rápida já construída pelo homem levaria mais de cem mil anos para chegar até aquela que está mais próxima.

Por último, ao ser questionado sobre a possível existência de vida – como nós conhecemos – fora da Terra, ele frisa que praticamente todos os organismos vivos possuem elementos que são extremamente comuns: carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio e fósforo. “Certamente em outros locais do universo – e possivelmente em nosso sistema solar – existam condições para que a vida prospere, pelo menos em formas simples. Já para a vida complexa é muito difícil afirmar qualquer coisa. As imensas distâncias que separam as estrelas, e enormes escalas de tempo associadas à evolução biológica tornam qualquer afirmativa mera especulação”, sentencia.

 

O entendimento dos conceitos de Física Quântica pode ajudar a ampliar a nossa compreensão, mostrando que a realidade que vivemos é muito diferente daquela que imagina o nosso senso comum

A Revolução Quântica

Uma transformação tecnológica ainda mais impressionante, impulsionada por equipamentos como os computadores quânticos, capazes de manipular dados a uma velocidade atualmente inimaginável. Esta é a premissa da chamada segunda revolução quântica – a primeira ocorreu no início do século XX –, que, conforme explica o engenheiro elétrico Hélio Daldegan, baseia-se no conceito de emaranhamento, comprovando que tudo está interligado em um nível mais profundo, e, ao mesmo tempo, abrindo a imaginação dos cientistas para possibilidades que hoje ficam à margem daquilo que é considerado ciência.

“Os fenômenos paranormais, que ignoram as fronteiras do tempo e do espaço, encontram pela primeira vez um sólido contexto para sua aceitação dentro da ciência. Também nos sistemas biológicos o emaranhamento abre novas perspectivas de aplicação. Hoje já se sabe que na fotossíntese, por exemplo, ele desempenha importante papel na eficácia deste processo biológico vital”, esclarece o engenheiro.

Ele acredita que, por causa das limitações de nossa razão – ela não chega ao mundo que Immanuel Kant chamou de noumenal – vivemos imersos em um mundo de aparências, onde o tempo, o espaço, a matéria e a causalidade perecem existir por si mesmos, independentemente de serem percebidos por nossas consciências; quando, na verdade, devem sua existência a uma construção mental que fazemos para dar-lhes sentido, onde precisamos sequenciar os fenômenos em uma ordem temporal claramente definida, bem como distribuí-los espacialmente.

Partindo deste pressuposto, o entendimento dos conceitos de Física Quântica pode ajudar a ampliar a nossa compreensão. Isto porque, conforme Hélio destaca, esta ciência mostra que a realidade que vivemos é muito diferente daquela que imagina o nosso senso comum. Partículas desaparecem de um ponto no espaço e reaparecem em outro sem passar por nenhum ponto intermediário; apresentam propriedades contraditórias e simultâneas, contrariando a lógica do terceiro excluído, segundo a qual nada pode ser e não ser ao mesmo tempo.

 

Os fenômenos paranormais, que ignoram as fronteiras do tempo e do espaço, encontram pela primeira vez um sólido contexto para sua aceitação dentro da ciência; depois de milênios, cientistas reconhecem a espiritualidade

Ciência e Espiritualidade

A luz, por exemplo, pode se mostrar tanto como uma onda, quanto como uma partícula, dependendo de como o cientista prepara a experiência para observá-la. Testes realizados em laboratório revelam um cenário no qual o mesmo objeto pode estar em vários lugares simultaneamente; onde o passado, o presente e o futuro parecem interagir numa co-dependência que contraria a nossa noção de tempo e causalidade linear, mas que coincide fortemente com o conceito milenar do Budismo de co-dependência dos fenômenos.

Hélio, que ministra palestras sobre Ciência e Espiritualidade – abordando temas como Livre Arbítrio, Sincronicidade (um princípio acausal ligando fenômenos pelo significado), Criatividade, Evolução da Vida, entre outros – defende que as duas coisas não estão correlacionadas, mas devem andar lado a lado, seguir paralelas. Quando uma contraria a outra, é preciso buscar a causa do desencontro. Conforme enfatiza o engenheiro, o fascinante é que neste início de século XXI pela primeira vez na história ocidental, a ciência encontra uma profunda ressonância com as verdades espirituais de milênios.

Numa outra frente, nosso entrevistado garante que é um equívoco considerar que os fenômenos mentais sejam regidos pela física clássica, “apesar desta ter se mostrado completamente incapaz de explicá-los”. O engenheiro atribui este erro a uma divisão forçada entre o muito pequeno – onde os fenômenos quânticos são evidentes e inescapáveis – e o mundo na escala humana, onde não percebemos os estranhos acontecimentos que contrariam a nossa lógica.

“A consciência é fundamental para diferenciar o observado do observador: em outras palavras, não é suficiente um registro mecânico, como em uma placa fotográfica ou na posição de um ponteiro indicador, para que uma das possibilidades se transforme em um fenômeno observável definido. É preciso chegar a uma escala acima do que está sendo observado”, reitera. Ampliando o alcance da discussão, ele lembra que, a todo instante surgem produtos baseados na tecnologia que a Física Quântica torna possível.

Quase todos os aparelhos modernos, sejam de consumo ou especializados, trazem a sua marca – os celulares cada vez integrando mais funcionalidades, as novas gerações de computadores, as fontes de energia portáteis, e por último, mas não menos importante, novas soluções de diagnóstico e de tratamento na Medicina. Por último, Hélio destaca que a Nanotecnologia – que contempla a manipulação de materiais na escala molecular e atômica – também está em “plena ebulição” e promete trazer importantes novidades no decorrer de 2013.

Profissões do futuro e automatização

 Esta “ebulição” a que Hélio Daldegan se refere se estende ao mercado de trabalho, que vem sendo redesenhado pelo surgimento de novas profissões, especialmente nas áreas de automação, engenharia, comunicação e tecnologia da informação (TI).  Se, por um lado, os salários costumam ser atrativos, por outro cresce, a cada dia, a exigência de qualificação e o domínio de novas competências. Quem vislumbra uma oportunidade de crescimento e consegue passar no processo seletivo das empresas, não se arrepende.

Foi o que aconteceu com o jovem Carlos Eduardo Martins Júnior. Aos 19 anos, ele é analista de Business Intelligence (BI) da IBM, uma função nova em nosso país, porém extremamente utilizada, mesmo que muitas pessoas não se deem conta disso. O salário inicial de um profissional com bons conhecimentos em Excel e análises de processos varia entre R$ 2 e R$ 3 mil. Se ele for seguindo a carreira da área – que ainda não está muito definida – vai passando por melhoria contínua, gerência de projetos, diretorias, até chegar, eventualmente à CIO ou COO.

“O Business Intelligence se encaixa em ‘qualquer canto’, porque no geral, vai ajudar os gestores a identificarem pontos de risco que necessitem maior atenção, desencadeando melhorias de processo, recursos e tecnologia, evitando que as pessoas percam tempo manipulando informação e se concentrem na raiz das suas atividades: você agrega confiabilidade e integridade, além de agilizar a mecânica do dia-a-dia dentro da empresa”, explica. BI pode servir de início, para mostrar como está; depois para identificar se como está é “bom ou ruim” e, em seguida, tentar apontar os principais pontos que interferem nesse diagnóstico. É aí que entram as tomadas de decisão estratégicas, que sanam os problemas e dão nova cara – e números – à área.

Há cerca de um ano e meio, Carlos Eduardo começou a entender que “TI fica muito mais interessante quando você aproxima-a do negócio”. O profissional que pretende destacar-se precisa ter raciocínio rápido e ser extremamente crítico, para ser capaz de provocar a mudança e questionar os métodos atuais. E, por fim, “assinar em baixo” de tudo o que entrega – garantindo que o que ele está dizendo é o mais próximo da verdade que se permitia chegar – porque as automatizações ou os relatórios de performance servirão para tomadas de decisão que podem comprometer o processo de uma ou até várias empresas.

No outro extremo, alguns entraves devem ser superados: no dia-a-dia, o problema mais comum ainda é a barreira que as pessoas criam contra a mudança – o pré-conceito com o novo –, mas isso vai caindo à medida que elas enxergam os benefícios. “Há também aquela velha história de virar referência, sabe? Quando você é o cara capaz de fazer aquilo, existe o interesse em promovê-lo; valorizá-lo, mas, em contrapartida, não há alguém à altura para deixar no seu lugar. Isso ainda por conta da imaturidade do setor no Brasil”. Para reverter este cenário, nosso entrevistado acredita que é necessário incentivar o crescimento da área, ampliando à rede de ensino e despertando o interesse dos profissionais jovens. “Muitos deles são como eu: já estão no mundo de TI, contudo, não tiveram o contato com BI que os desperte”, exemplifica.

Em se tratando de Brasil, ele projeta que as companhias irão investir cada vez mais na estruturação deste setor. “Parece preciosismo, mas não dá para negar que 80% das nossas expectativas de futuro estão fortemente ligadas à tecnologia. Acredito que outro segmento que já está em expansão e vai continuar assim por um bom tempo é o de serviços Mobile: as oportunidades para desenvolvedores de plataformas como, por exemplo, Android e iOS, estão aumentando continuamente”, constata.

Casas automatizadas

A popularização dos serviços móveis, aliás, faz com que estes aparelhos – especialmente smartphones e tablets – também sejam incorporados à automação residencial. Como muitas pessoas já estão familiarizadas com estes equipamentos no seu cotidiano, estender a sua utilização para comandar luzes, ar condicionado, áudio & vídeo, cortinas ou sistemas de segurança, por exemplo, é bastante natural. E o atributo da mobilidade permite que este controle alcance todos os ambientes da casa, além de poder realizar este monitoramento via internet, a partir de qualquer local do mundo onde exista acesso a esta rede.

Quem opta pela automação pode personalizar o projeto, já que cada indivíduo ou família tem uma necessidade única com relação ao conceito de morar bem. “As interfaces utilizadas devem ser intuitivas, pois o usuário pode ter mais familiaridade com determinados tipos de acionamento e, no ambiente residencial, não é comum ter que treinar alguém para utilizar os recursos. Deve-se levar em conta também a eficiência energética como atributo, além da flexibilidade, ou seja, a possibilidade de fazermos atualizações e mudanças facilmente ao longo da vida útil do imóvel”, como detalha o diretor executivo da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside), engenheiro José Roberto Muratori.

Em princípio, qualquer ambiente, interno ou externo, pode ser automatizado. O alcance e a abrangência dependem das preferências do morador e de quanto ele pode – ou deseja – gastar. Casas já construídas podem receber sistemas com comandos sem fio, por exemplo, que demandam uma intervenção muito pequena na parte civil e na instalação elétrica. De acordo com levantamento da Aureside, os custos de implantação caíram 50% nos últimos cinco anos. E esta é uma tendência irreversível, conforme o mercado se amplia e oferece mais variedade de tecnologias e de fabricantes. Deve-se ressaltar ainda que produtos bem especificados e bem instalados têm um baixíssimo índice de manutenção pós-entrega.

“Entre os consumidores, a tendência é que esta cultura ganhe força – numa velocidade que ainda não conseguimos determinar com precisão – embora, com certeza, este seja mais um vetor favorável ao crescimento. Contribui para isso à faixa etária dos novos clientes, todos já acostumados com a tecnologia na sua rotina diária, um comportamento diferente da geração anterior, um tanto conservadora e pragmática em relação às novidades”, analisa.

 

Tecnologia e natureza serão aliadas num futuro próximo; integração será vital para a humanidade

Mudança cultural

Segundo José Roberto, a quantidade de novos projetos no mercado vem crescendo a uma taxa acima de 30% ao ano. A expectativa é a de que este cenário se mantenha, uma vez que a construção civil vive um bom momento no Brasil e, além disso, a tecnologia é vista como um diferencial mercadológico na venda de imóveis novos. Neste contexto, a missão da Aureside (www.aureside.org.br) é promover o “link” entre fabricantes e profissionais integradores, o por meio de cursos, treinamentos e eventos.

“A Associação foi fundada em 2000, quando a cultura da automação residencial no país ainda era muito incipiente. Por isso, conseguimos acompanhar cada movimento importante ocorrido neste período. E podemos perceber que os últimos anos estão realmente trazendo os elementos de mudança que precisamos para, finalmente, fazer o mercado decolar. Prova disto é que em 2008 tínhamos 15 fabricantes como associados e hoje são quase 50. Triplicar a base de oferta em menos de quatro anos é um indicador firme de que as empresas estão acreditando no potencial do mercado e fazendo investimentos”.

Mesmo com o otimismo, José Roberto reconhece que ainda existem alguns obstáculos, sendo o principal deles o desconhecimento sobre as possibilidades trazidas pela automação, que muitas vezes acontece no âmbito dos próprios formadores de opinião, como arquitetos, construtores ou engenheiros ligados à construção civil. Muitos projetos atuais poderiam ter incorporado infraestrutura adequada, mas ficaram limitados às técnicas já conhecidas e adotadas há muitos anos. É preciso disseminar estes conceitos inicialmente para os profissionais responsáveis pela mudança “cultural” de nossos projetos. Em seguida, precisamos acelerar a formação de novos integradores, que fazem a ligação entre o cliente final e os fabricantes e desenvolvedores de novas tecnologias.

Propositalmente, este repórter deixou para o final um dos aspectos mais inovadores deste sistema: a melhoria na qualidade de vida de indivíduos com alguma limitação, como idosos e deficientes. “A automação permite, por exemplo, que estas pessoas tenham sua privacidade preservada, pois podemos estabelecer certos controles, que só seriam mobilizados no caso de acidentes ou ocorrências que demandam intervenção. Interfaces com comando de voz ou gestos já são disponíveis, facilitando a vida deste tipo de público”, encerra.

Tecnologia para todos

De fato, estes são públicos que não podem ser menosprezados. No Brasil, 45,6 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, de acordo com o Censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento também aponta que mais da metade delas, 23,7 milhões, está fora do mercado de trabalho e, entre os maiores de 15 anos, 61,1% têm, no máximo, o ensino fundamental incompleto. Já o número de idosos ultrapassa os 16 milhões e deve dobrar em 20 anos.

Visando promover a autonomia e funcionalidade, ao mesmo tempo em que minimiza as barreiras ambientais das quais se originam as deficiências, a Tecnologia Assistiva (TA) é uma modalidade que se apresenta como estratégica para qualquer país. Pesquisadora do Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA), Fabiana Bolina, explica que este segmento é bastante dependente de pesquisas e enfrenta concorrência global. “Invariavelmente, as soluções e produtos em TA chegam aos usuários finais a valores pouco populares. Por estas razões, incentivos governamentais à pesquisa e desenvolvimento, bem como financiamento aos usuários finais tornam-se fundamentais para o sucesso desta cadeia produtiva”, conclui.

Nota-se, no entanto, uma crescente proatividade do governo federal neste sentido, por meio das ações do Plano Viver sem Limite, que abrangem várias iniciativas, destacando-se a manutenção do Catálogo Nacional de Produtos em Tecnologia Assistiva, disponível no site www.assistiva.mct.gov.br e a própria criação do CNRTA – localizado em Campinas, está vinculado ao Centro de Tecnologia da Informação (CTI) Renato Archer – cuja função é coordenar e articular uma rede de núcleos de pesquisa espalhados por todo o Brasil, buscando a convergência entre os esforços desenvolvidos no campo da pesquisa e as demandas sociais vigentes.

Atualmente, estão sendo implantados 29 núcleos, que foram selecionados mediante chamada pública e edital realizados pela Secretaria de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social (Secis). Para Fabiana, o potencial desta rede, somado ao avanço do conhecimento por ela impulsionado, são fatores bastante atraentes para o setor produtivo, que, por sua vez, pode ser o agente que aproxime a Tecnologia Assistiva de seus usuários finais, na forma de bens e produtos com custos acessíveis.

“Entre os dias 11 e 12 de dezembro, acontece o Primeiro Encontro Nacional desta rede. A partir desta reunião, será dada continuidade, no próximo ano, às ações que fortalecerão e dinamizarão as atividades de forma a potencializar a difusão do conhecimento nesta área”, enfatiza a pesquisadora, que, numa outra frente, chama a atenção para o fato de que, a procura por estes produtos sempre existiu – a demanda cresce proporcionalmente ao aumento da população e do interesse público em dar notoriedade a estas necessidades sociais – mas, em contrapartida, a oferta precisa ser estimulada.

Fabiana, que possui deficiência visual, acredita que o campo de pesquisa e inovação em Tecnologia Assistiva é realmente promissor. “Vislumbra-se, por exemplo, que, em médio prazo, será possível executar tarefas como controlar uma cadeira de rodas e abrir portas, apenas com o pensamento. Este exemplo mostra claramente como o domínio destas tecnologias, e o próprio mercado de TA, é estratégico e merece toda atenção”, resume.

 

Máquinas, próteses, chips, pele de plástico etc. são apenas o início de um período marcado por grandes transformações, diretamente atreladas ao desenvolvimento tecnológico e em benefício da humanidade

Promessas da Ciência

Antes de encerrar esta reportagem, Revista Regional lista alguns outros avanços significativos – ou curiosos – anunciados recentemente:

Vacina contra a Aids –  Um estudo – que contou com a participação de cientistas brasileiros do Instituto Oswaldo Cruz – anunciou a descoberta da célula T CD8, conhecida como “matadora” – já que elimina vírus e outros componentes invasores do nosso organismo – mostrou-se capaz de matar as células contaminadas pelo vírus HIV. Trata-se de um dado inovador, pois, até o momento, a maior parte das pesquisas vem centrando esforços em produzir vacinas com a utilização de anticorpos.

Pele de Plástico – Cientistas da Universidade Stanford, nos EUA, desenvolveram uma pele de plástico flexível, capaz de se “regenerar” sozinha quando cortada ou rasgada. O material também é sensível ao toque e reage mesmo diante de uma pequena pressão, como, por exemplo, o pouso de uma borboleta ou um aperto de mão.

 Cibercirurgia – Modalidade de operação menos invasiva e que pode ser feita à distância, a chamada cirurgia do futuro foi desenvolvida por um francês e é resultado da convergência de técnicas e especialidades – destacando-se gastrenterologia, radiologia, etc. – e de uma junção de instrumentos, material de imagens e robôs.

Capa da Invisibilidade – Quem assistia ao desenho “Caverna do Dragão”, em meados dos anos 80, sabe que a arma mágica de Sheila é a capa da invisibilidade. Passadas mais de duas décadas, pesquisadores da Universidade de Duke criaram uma capa feita com fios de fibra de vidro e cobre. O material é capaz de quebrar as ondas de luz em duas. Dessa forma, é como se a luz desse a volta no objeto que fica envolto pela capa, tornando-o invisível. Contudo, é preciso aperfeiçoar a ideia, já que algumas ondas ainda são refletidas, o que não gera o efeito desejado.

  Detecção de tumores antes do surgimento – A descoberta da proteína gamma-H2AX – presente em muitos tipos de câncer – poderia levar a um exame único capaz de detectar várias formas da doença. Os pesquisadores teriam identificado câncer de mama em ratos semanas antes de um caroço inicial ser detectado.

 reportagem de Piero Vergílio

fotos: Fotolia

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