Após uma longa e bem-sucedida carreira no SBT, Eliana inicia uma nova fase na Rede Globo, estreando como âncora do programa Saia Justa do GNT, e com quadro de entrevistas no Fantástico. Em entrevista especial, ela compartilha sua empolgação com essa transição, que representa não apenas uma mudança de emissora, mas também uma oportunidade de se mostrar de forma mais aberta e pessoal para o público: “A maturidade me permite ser eu mesma, e o público merece conhecer essa mulher”, afirma, destacando a importância da união entre as apresentadoras, a busca por levar reflexões importantes com um olhar feminino e a vontade de inovar e se reinventar aos 50 anos. A apresentadora também fala sobre a emoção de se conectar com o público de forma mais profunda e autêntica, compartilhando suas experiências e vulnerabilidades.
O que te motivou a aceitar o convite para ser âncora do “Saia Justa” e quais as suas expectativas para essa nova fase do programa?
Nós nos acolhemos e nos reconhecemos como mulheres. Não tenho dúvida de que o público que me acompanha há tantos anos vai gostar de ver essa versão mais relaxada, porque eu sempre, até pelos programas que apresentei ao longo desses anos todos, tinha uma postura de apresentadora com microfone na mão, liderando um auditório, uma condução. Dessa vez, fui convidada para ser a âncora, mas sozinha a gente não faz absolutamente nada nessa vida e o ‘Saia Justa’ é um reflexo muito disso. Estamos unidas para levar reflexões importantes, com o olhar feminino de mulheres que as pessoas conhecem na TV, mas o programa vai ter a missão de levar uma mensagem para além da TV. Porque vamos nos mostrar muito mais do que nós mostramos nos formatos em que já trabalhamos até hoje. Nós nos surpreendemos, nos vemos emocionadas nesse processo. Já choramos, rimos muito e é tudo muito humano. Acredito que isso, sem dúvida alguma, é que vai aproximar a audiência das novas ‘Saias Justas’.
Você já teve uma transição impactante na sua carreira, que foi sair do público infantil para o adulto. E agora você tem uma nova transição, que é sair do que você mesma mencionou, de uma Eliana mais séria, para uma que se abre muito mais e fala sobre si. Como está sendo essa transição, que vai muito além de uma mudança de emissora, mas que é muito mais pessoal na sua profissão?
Você falou de dois momentos importantes na minha carreira. Eu gosto de inovar. Comecei no infantil aos 16 anos, falando com as crianças, fiz essa importante transição na Record com tudo o que foi possível e voltei para o SBT, dividindo os domingos com o maior comunicador de televisão, que era o Silvio Santos. E depois de 15 anos do meu retorno, recebi o convite para estar aqui na Rede Globo para esses novos desafios. E aos 50 anos de idade, eu pensei, quero fazer algo diferente. Eu até cheguei a dizer publicamente que queria me comunicar com as mulheres, talvez fazer algo nas redes sociais, que fosse além do auditório, que é algo que domino já há tantos anos e que amo fazer. Mas eu estava apenas pensando. E aí, quando recebi o convite, eu falei, nossa, fazer o ‘Saia Justa’, fazer os outros projetos que estão por vir ainda, é um desafio profissional e pessoal também, de inovação. E é legal poder inovar aos 50, roubei um pouquinho, aos 51 anos de idade. É muito bacana, é inspirador, é especial, principalmente porque eu encontro com algumas mulheres da minha idade e elas falam: “Eliana, que coragem, que bacana você ter tido esse desejo de inovar aos 50 e fazer diferente”. Então, é isso que eu estou fazendo por aqui.
Como essa conexão e união entre você e as apresentadoras se refletirá na construção do programa e na mensagem que vocês desejam transmitir ao público do ‘Saia’?
Para que algo seja bacana do lado de fora, precisa ser genuíno do lado de dentro. Acredito que nosso trabalho, nossa construção, se baseou principalmente na nossa conexão. Não adianta apenas parecermos integradas. Tivemos que realmente nos reconhecer e criar esse vínculo. Foi um trabalho muito bacana que a diretora propôs, e foi realmente assertivo. Conseguimos mostrar essa união feminina e levar nosso trabalho, nossa mensagem, para a audiência do ‘Saia Justa’. As pessoas irão perceber isso. Estamos aqui brincando, falando de amenidades, porque a vida também precisa disso. Acredito que a mulher, quando chega em casa depois de um dia de muito trabalho, ou de muitas horas cuidando da casa, dos filhos, etc., essa audiência 40+ que o canal tem, ela também quer ter um momento de tranquilidade, de paz, de ouvir um papo para relaxar. Não que seja só para relaxar, mas também para isso. Essa temporada 2024 vem para relaxar essa mulher que trabalhou muito e quer ligar a TV e ter um momento de descontração e de união feminina, contrariando o que tantas vezes se fala sobre essa rivalidade. E nós também não queremos mostrar quem sabe mais, quem sabe menos, levantar bandeiras, uma contra a outra. Não! Estamos unidas! Essa mensagem é o que as pessoas verão. Eu gosto das relações humanas, esse é o grande tesouro que encontramos nesse projeto.
Como você enxerga a oportunidade de levar o espírito do ‘Saia Justa’ para o ‘Fantástico’ através desse spin-off, e que tipo de impacto você espera que essa interação com o grande público tenha na recepção do programa?
Esse papel será muito bacana e também uma maneira de o grande público se familiarizar com esse novo time e entrar em nossas discussões de uma maneira muito gostosa e fluida, que é o ‘Show da Vida’. Falaremos sobre vida, comportamento e atualidades. Estarei lá representando as meninas, e elas farão perguntas “saia justa” para o nosso convidado. É isso!
Como você acredita que essa sua nova postura, mais aberta e pessoal, no ‘Saia Justa’, impactará a sua conexão com o público e a forma como você se vê como comunicadora?
É um exercício, na verdade. Por muitos anos, falei com as câmeras, mas sempre nessa posição de comunicadora, conduzindo um quadro, falando com o auditório. Dessa vez, existe uma condução, claro, como âncora: abrir, encerrar, dar o tema, passar a bola, mediar os assuntos. Mas existe também uma pessoa que está aberta para se mostrar de uma forma diferente. É estranho falar em terceira pessoa, mas estou pronta. E isso só chega com a maturidade, porque na minha condição profissional de tantos anos, poderia ter me limitado a esse papel, onde eu só faria o que já faço há tanto tempo. Mas não me permiti. Com a maturidade, me deixei levar no bom sentido, conscientemente, racionalmente. E acredito que a audiência que me acompanha há tantos anos, que me dá esse carinho, apoio, credibilidade, que eu também construí, merece conhecer essa mulher que, muitas vezes, era vista apenas como uma excelente comunicadora, mas poucos sabiam como eu era como mãe, como mulher, como pessoa. É um presente poder relaxar em frente às câmeras, de verdade, e também um presente para quem vai ouvir as minhas opiniões, me conhecer de verdade ao longo desses tantos anos em que temos uma comunicação, mas agora me conhecendo mais como mulher mesmo. A maturidade faz isso com a gente.
Como a sua experiência em dividir o palco e a condução de programas longos influencia a sua dinâmica com as outras apresentadoras do ‘Saia’ e contribui para a criação dessa atmosfera fluida e gostosa que você mencionou?
Sinceramente, estou em um estágio de vida e carreira em que posso escolher da maneira que estou, e saber do meu valor, independentemente de onde esteja. Estou muito mais focada em mim do que no que as pessoas imaginam sobre mim. Então, me sinto muito à vontade, muito em casa. Claro que, com as câmeras, temos responsabilidades, trabalhamos bastante, acordamos cedo, saímos do estúdio tarde. É um trabalho, mas levamos com leveza e alegria, porque cada um aqui ama muito o que faz. Mas existe muita responsabilidade envolvida. Fora essa questão, estou no papel que quero estar e muito feliz. E tenho, já por hábito, para quem acompanha minha carreira há muitos anos, nunca estou sozinha no palco. Sempre tenho parceiros e gosto de dividir, artisticamente, a cena. Nunca a cena é só minha, porque, sinceramente, desde a época em que trabalhava com crianças, sempre tive parcerias. Eram parcerias com divisões iguais de tempo de fala, de diversão, de horas de programa, porque sempre fiz programas muito longos. Acho que o programa mais curto que fiz na minha vida tinha três horas de duração. Hoje temos uma hora de duração, o que é muito gostoso, porque a facilidade que tenho de prolongar assuntos para render é muito grande. E com três pessoas ao seu lado que também falam bastante, encerramos o programa sempre com gostinho de “quero mais”. É muito bom, é muito fluido, é muito gostoso, é muito verdadeiro, é onde eu gostaria de estar.
entrevista: Ester Jacopetti
fotos: Ju Coutinho