Regional traz diversas histórias de resgate e adoção de animais por tutores da região; Confira!
Virou notícia e acabou incentivando ainda mais a adoção de animais o resgate de um cachorro feito pelo jornalista William Bonner numa estrada da região serrana do Rio de Janeiro. O fato ocorreu em novembro de 2021, mas viralizou depois que o apresentador e editor do Jornal Nacional foi entrevistado pelo podcast “Bichos na Escuta”, em dezembro de 2022.
Bonner avistou o cãozinho sozinho na rodovia e, de imediato, se simpatizou com o animal. “Tirei uma foto dele e mandei para a Natasha, minha mulher. Imediatamente, ela falou: ‘Pega’. Eu respondi: ‘Como eu vou pegar um cachorro que eu não sei se tem dono?’ Ela: ‘Está na cara que não tem dono. Pega’. Não peguei, fui embora. Mas eu fiquei tão perturbado com aquilo”, contou ao podcast.
Tobias, nome que o pet ganhou após o resgate, não demoraria para tornar-se o novo membro da família do jornalista. Bonner voltou para casa, mas não conseguia tirar o cachorro da cabeça. Ao lado de Natasha e da filha Laura, o apresentador decidiu retornar à estrada e resgatar o animal, atitude que acabou incentivando muitas pessoas a fazerem o mesmo. “Quando você adota um animal abandonado, a transformação que ele passa é fantástica. Em 24 horas, a expressão da carinha do cachorro. A vivacidade, ele se sente acolhido, tão fantástico isso. É uma experiência que todo mundo deveria ter um dia”, ele declarou ao podcast. “Tobias é um sobrevivente, além de ser extremamente amoroso com todo mundo. Ele é encantador”, completou.
Com a maioria da população mais conscientizada sobre os cuidados com os animais, esse tipo de resgate tem sido comum. Exemplo próximo vem de Indaiatuba, da tutora Ana Paula Marchezini, que adotou a Hope, uma vira-lata paraplégica que foi resgatada “quase sem vida” de um canavial. “Ela foi encontrada por um homem em um canavial próximo ao bairro dos Pimenta, em Indaiatuba. Ele chegou a fazer um vídeo no local pedindo socorro. A Hope estava jogada no mato, dentro de um saco preto e não se mexia. Já devia estar lá por alguns dias”, conta Ana Paula.
O vídeo chegou até a ONG Anjos de Pata, que imediatamente fez o resgate da cadelinha e a encaminhou direto para a Clínica Veterinária Toca dos Bichos. “A doutora Danielli Santos diagnosticou que ela estava com gastroenterite hemorrágica grave e, aparentemente, tetraplégica”, lembra a tutora. Com alguns dias, Hope já mostrava recuperação, não apresentava mais infecção, conseguia levantar a cabeça para se alimentar e, após algumas semanas, apoiava melhor as patas da frente. “Foi na clínica da dra. Danielli que eu a conheci, pois todos os dias eu levava meu cãozinho para um tratamento pós-cirúrgico. Então eu passava na sala que a Hope estava para vê-la, fazer um pouco de companhia, até que, em algumas semanas, ela já estava bem para iniciar fisioterapia. Nisso, eu me ofereci para levá-la uma vez por semana, depois me ofereci para levá-la para casa no fim de semana quando a clínica estava fechada e, assim, fomos fortalecendo laços de amizade, de confiança e muito amor! Então em abril daquele ano decidimos adotá-la!”, explica Ana Paula.
Ao lado de outros pets, Hope vive hoje feliz com os tutores Ana Paula e Alessandro Rocha; ela tem apenas os movimentos das patas da frente graças à reabilitação feita desde o início do resgate, e consegue caminhar e correr com a ajuda de sua cadeirinha de rodas. Como exemplo a tantas pessoas, Hope, que significa esperança em inglês, possui seu próprio perfil na rede social, o @hope_maravilhosa .
“Ela me salvou e não o contrário!”
Sentimentos nobres, como esperança, são relatados pela jornalista ituana Gisele Scaravelli após vivenciar duas histórias de adoção. Ela conta que Nina, sua primeira cachorrinha, e Capitu, sua atual filhote, trouxeram grandes lições e mudaram completamente sua vida.
Nina tinha dez anos quando foi adotada por Gisele. Passaram três anos juntas. Já Capitu chegou filhote e ainda hoje requer cuidados que todo bebê merece. “São duas filhas. Nina chegou num momento crítico da minha vida e sempre digo que ela me salvou e não o contrário! Ela me ensinou a ser paciente, a cuidar, a amar de um jeito que eu desconhecia, a me dedicar e diminuir o ritmo muitas vezes. Nina era minha melhor amiga, minha parceirona. A Capitu é meu bebê caçulinha, que encheu a casa de uma energia completamente diferente, me faz brincar todo dia, passear mais tempo e rir muito. Cada uma tem um espaço e um amor na minha vida que são só delas. Aprendi a ser muito mais paciente, que o meu tempo não é o tempo delas e que o amor é construção. Ele não nasce da noite para o dia, ele é construído dia a dia, na rotina e nas vivências”, observa.
Com Nina, Gisele experienciou sua primeira tutoria animal. “Nina era um cachorro já nos seus dez anos de vida quando chegou. Era muito quieta, brava, não socializava com outros cachorros e um grude comigo. Ficávamos horas em casa juntas, principalmente no período de isolamento social durante a pandemia, de verdade parecia que sempre tinha sido a casa dela. Vivemos juntas por três anos. Ela partiu em decorrência de um câncer no fígado, ano passado, e levou um pedaço meu junto. Foi muito difícil”, lembra a jornalista.
Capitu, a filhote que leva nome da personagem da obra de Machado de Assis, chegou em julho passado, de forma inesperada, e criou um universo novo todinho só dela. “Óbvio que ela nunca supriu a falta da Nina, veio para uma nova experiência e me tirou do prumo porque é um bebê, com um ano e pouco, e não ficava sozinha. Eu saía de casa e ela chorava horrores na porta, dava eco no corredor e comecei a ter problema com meus vizinhos que, com razão, passaram a reclamar. Comecei a alternar entre trabalhar home office e sair aos poucos, mas nada resolvia. Foram dois meses, dias na creche, até que ela entendeu que não estava só e abandonada, e que eu sempre volto para casa. Hoje ela ainda vai para a creche para gastar energia, mas já se acostumou à rotina, que a casa é dela!”, pontua.
Muitos “filhos”, muitas histórias…
Dogueiros desde sempre, Shirlei Van Groll Bossolan e Alex Bossolan não têm apenas uma, mas muitas histórias de adoção. Atualmente são tutores de quatro pets: Menina, Cherry, Belinha e Pudim. “Algumas coisas a gente não explica. Tínhamos dois cachorrinhos: o Fluppy, de 16 anos, e o Snoopy, de 2. Primeiro adotamos a Menina, que encontramos revirando lixo nas ruas de Itu. Pegamos para fazer companhia ao Snoopy, pois o Fluppy já não tinha mais tanta energia. A Cherry, nessa época, era nossa vizinha! Gostávamos muito de pegá-la, às vezes, pois ela era louquinha para brincar e ficava latindo muito no portão. Seu nome deveria ser insistência! (risos) Apesar disso, foi uma sensação muito estranha quando mudamos, pois não queríamos deixá-la. Um tempo depois, a tutora nos ligou oferecendo-a para nós, pois não estavam conseguindo se organizar e a Cherry estava dividindo quintal com um cachorro maior e a convivência entre eles não era das melhores. Assim, chegou a Cherry!”, relata Shirlei.
Os outros dois pets também foram resgatados. A tutora conta que a Belinha veio do Rio Grande do Sul, já o Pudim foi adotado depois de um resgate feito pelo Centro de Zoonoses de Salto. “Foi amor à primeira vista. Fomos marcados em uma publicação que contava a sofrida história dele, ceguinho e sem muitas perspectivas. Já fazia certo tempo que ele estava no Centro de Zoonoses. Uma foto no Facebook e mais um cachorrinho na nossa vida”, completa o casal, que se divide entre as tarefas diárias com os quatro cãezinhos. Pudim, mesmo com a deficiência visual, se adaptou bem à família e ao convívio com seus novos “irmãozinhos”.
Família grande tem também a estudante de veterinária Mônica Zanini e o marido Marcelo Cruz, que são tutores de seis pets, entre cachorros e aves. São três cãezinhos (Jully, Fred e Lisa) e três calopsitas (Lilo, Tutti e Barth). A futura veterinária conta que Jully e Lilo chegaram quase juntos. A cachorrinha estava no Centro de Zoonoses de Itu e foi adotada ainda filhote, já a calopsita foi presente de um familiar.
Como nos casos da Hope e do Pudim, a história do Fred também remete a muitos animais abandonados em razão da deficiência física. “Decidi adotar o Fred justamente por conta disso. Ele foi atropelado na rodovia e acabou precisando amputar a perna esquerda, o que não o limita para as atividades do dia a dia”, explica Mônica.
Os outros pássaros, Tutti e Barth, ela também ganhou, porque os antigos tutores reclamavam do barulho que as calopsitas faziam. “Por isso é muito importante perguntar ao veterinário sobre os hábitos da espécie antes de acolher um animal novo em casa”, alerta Mônica. Por fim, a cachorrinha Lisa também foi resgatada da rua. Estava bastante debilitada e precisou de internação. Hoje todos estão saudáveis e dividem, de forma harmoniosa, o quintal de Mônica e Marcelo.
Construtora adota dois cãezinhos como mascotes
Só quem tem cachorros como pets, sabe a importância de cada lambeijo e de cada abano de rabo. Quando as pessoas dizem que o cão é o melhor amigo do homem, todas têm 100% de razão. A construtora Team Prime, localizada em Salto, é uma das principais provas de que isso é completamente verdadeiro, com suas duas mascotes. Um deles é o Brancão. Ele esteve no residencial “Green Park I” desde o início de sua construção e como é um cachorro que vivia nas ruas, escolheu esse lugar para ser sua nova casa. Logo de cara, foi muito bem acolhido por quem trabalhava na construção e, depois, por quem passou a morar lá.
Mesmo com o condomínio já construído, para mostrar todo o agradecimento que sentia, ele sempre voltava, sempre a postos, por muitas vezes fazendo a vez do porteiro. Depois de um tempo, foi levado para a sede da Team Prime, sendo oficializado como uma das mascotes oficiais da empresa, onde encontrou o João, que também foi adotado de uma ninhada de vários filhotinhos.
Após esse primeiro encontro, eles se tornaram inseparáveis. Por reconhecer cada pequeno detalhe da importância da relação entre humanos e pets, a Team Prime é uma das patrocinadoras da primeira “Cãominhada” da Bertani Farmashop, um evento que vai acontecer no dia 16 de abril, às 8h, em Salto. O divertido passeio para os pets e seus tutores terá como ponto de encontro o número 229 da rua Joaquim Nabuco, no Centro, e seguirá até a Concha Acústica da cidade.
reportagem de: Renato Lima
fotos: Arquivos pessoais