O Orelhão de Itu, ou Orelhão da Praça, como se referem os ituanos, materializou a fama de cidade onde tudo é grande e deu início ao desenvolvimento turístico de Itu
Um dos principais objetos turísticos ituanos comemora 50 anos em 2023. O Orelhão de Itu, como é popularmente conhecido, com sete metros de altura, é o marco da fama de exagero que se remete à cidade, que ganhou fama de local onde tudo é grande, graças ao saudoso comediante ituano Francisco Flaviano de Almeida, o Simplício.
Em 1973, o Orelhão foi cedido pelo então ministro das Comunicações, Higino Corsetti, e fabricado e instalado pela Telesp, operadora de telefonia da época, na Praça Padre Miguel (Largo da Matriz). Em 2000, com a privatização da Telesp e aquisição da Telefónica, o Orelhão foi reformado e, em 2012, com a mudança de nome da operadora de telefonia fixa que atua no Brasil, a imagem foi mudada pela terceira vez, sendo que sua última reforma aconteceu em 2019, trazendo novamente suas cores primitivas da Telesp, juntamente com a histórica ficha telefônica.
O Orelhão de Itu, ou Orelhão da Praça, como se referem os ituanos, materializou a fama de cidade onde tudo é grande e deu início ao desenvolvimento turístico do município, fazendo com que a Praça da Matriz se tornasse o principal ponto turístico de Itu, com o Semáforo Gigante e as lojas voltadas ao comércio de objetos em tamanhos proporcionais, com centenas de itens, que vão desde chaveiros, lápis, borrachas, até utensílios de higiene pessoal em escala ampliada. O objeto mais comercializado e famoso entre os turistas é o Lápis de Itu.
Umas destas lojas é O Lembranção, a mais antiga loja de souvenires da cidade, inaugurada logo após a chegada do Orelhão na praça. Durante quase 30 anos, contou com um livro de presença com assinaturas de turistas de várias partes do Brasil e do exterior, como Japão, Israel, EUA, entre outros países. Atualmente, a Praça Padre Miguel conta com quatro lojas de souvenires “gigantes”, que completam a diversão dos milhares de turistas mensais que visitam a cidade.
Consolidando a fama da cidade onde tudo é grande, em 2012, foi inaugurada a Praça dos Exageros, um parque temático que possui diversos objetos em tamanho gigante. Entre eles, jogo de xadrez, joaninhas, formigas, jogo de lápis, interfone, caixa eletrônico e uma trena no formato de escorregador. Há também, entre as atrações, dois bonecos do Simplício. Em 2020, o parque passou por uma revitalização, com a instalação de uma fonte interativa, brinquedos atualizados e em maior quantidade, infraestrutura de arquibancada e palco coberto.
‘Ô Hóme!’
Na década de 1960, o ator ituano Francisco Flaviano de Almeida, o Simplício, fez Itu desabrochar para o turismo, com sua participação na Praça da Alegria, humorístico exibido pela extinta TV Tupi e precursor de A Praça é Nossa, programa do SBT. Vestindo o uniforme do Ituano Futebol Clube, ele fazia piadas com o tamanho dos legumes produzidos em Itu, cidade onde nasceu.
Em uma das clássicas cenas, Simplício sentava no banco ao lado de Manuel da Nóbrega e contracenava com sua mulher: “Vai Ofélia, diga ao homem de que tamanho é a abóbora de Itu!”. E ela respondia abrindo os braços: “É deste tamanho!” e ele retrucava, bravo: “Não, Ofélia, não é a pitanga, estou falando da abóbora!”.
Sua história vai além do banco da praça. Trabalhou no circo e no teatro, como ator e produtor de peças. Atuou e produziu muitos filmes, fez sucesso no rádio e recebeu o título de pioneiro da televisão brasileira ao participar dela desde a inauguração da TV Tupi, em 18 de setembro de 1950.
Simplício, que ganhou o apelido no circo, por ser uma pessoa simples, ainda passou pela Record, Bandeirantes, Globo e SBT. Antes da carreira artística, Simplício trabalhou como vendedor em um armazém e também numa fábrica de tecidos, além de ter sido pipoqueiro, engraxate, jornaleiro e vendedor de lanche nos trens.
Também foi secretário municipal da Cultura e Turismo de Itu. Morreu aos 87 anos, devido a uma hemorragia interna e falência múltipla dos órgãos. O então prefeito de Itu, Lázaro Piunti, decretou luto oficial por três dias, e o Orelhão e o Semáforo gigantes amanheceram envolvidos por laços pretos.
texto: Aline Queiroz