- Todo mundo tem um momento marcante relacionado às Copas do Mundo e, com o início do Mundial do Catar, Revista Regional quis saber de personalidades da região qual foi a “Copa da sua vida”;
- Veja também curiosidades sobre esse torneio inusitado realizado no final do ano e num país do Oriente Médio repleto de restrições
No próximo dia 20 de novembro começa o Mundial do Catar, uma Copa diferente de todas as outras. Além de ser realizada no final do ano (a grande decisão será em 18 de dezembro, semana que antecede o Natal), essa Copa tem outras curiosidades que elencamos no decorrer desta matéria. Mas e a torcida? Será que os brasileiros já estão preparados para vibrar com os gols de Vini Jr., Richarlison, Neymar e cia? Como em todas as Copas, o país para e acompanha os jogos da seleção, seja em bares, reuniões familiares ou na própria empresa. Desta vez, embora grupos tentem mais uma vez politizar o esporte, milhões de brasileiros já estão unidos, independentemente de ideologias e clubes, na torcida pelo hexa.
A poucos dias da abertura, Revista Regional procurou alguns torcedores da região para saber: “Qual foi a Copa da sua vida?”. Foram vários depoimentos que se cruzam com a história de vida de cada um, assim como o momento vivido pelo país em cada época. Confira todos no final dessa matéria.
Antes disso, vamos a mais curiosidades sobre esse Mundial tão inusitado. Você sabia, por exemplo, que ele será o primeiro no Oriente Médio? Ele já aconteceu na Ásia (Japão/Coreia do Sul), mas nunca nessa região do Golfo Pérsico. E se você está vendo alguma árvore de Natal com bolas verdes e amarelas, saiba que é justamente por conta desse Mundial, cuja final será uma semana antes do Natal. Isso ocorreu pela primeira vez nesses 92 anos do torneio por conta das altas temperaturas do verão lá no deserto, assim a Copa foi transferida de junho para novembro, quando o calor é um pouco mais tolerável.
O Catar é o menor país a receber o Mundial da Fifa, já que seu território é praticamente a metade do Sergipe e sua população beira os 3 milhões de habitantes. Embora rico, esse emirado é envolto em inúmeras polêmicas e sua escolha para sediar a maior competição do planeta segue com vários questionamentos. Isso porque o governo local, absolutista e hereditário, controlado por uma única família, desrespeita os direitos humanos, principalmente das mulheres e da população homossexual.
Também é acusado pela morte de milhares de trabalhadores em acidentes em canteiros de obras da Copa. O jornal britânico The Guardian revelou que mais de 6.500 trabalhadores que migraram para o país para a realização de obras para o Mundial morreram devido às precárias condições de trabalho, desde a escolha da Fifa, em 2010.
Voltando às restrições, o Catar 2022 será o primeiro campeonato sem bebidas alcoólicas. Por conta do Islã, o álcool é proibido em todo o país, mas na Copa será autorizado seu consumo – limitado – em apenas alguns pontos como hotéis, restaurantes e em determinados horários na Fanfest Fifa.
Se por um lado o emirado restringe os direitos das mulheres, a Fifa, pela primeira vez na história, as colocará como árbitras em alguns jogos da competição. E falando nesses duelos, as seleções desta vez levarão 26 jogadores e poderão fazer cinco substituições por partida. O Catar 2022 será o último campeonato com 32 seleções, já que em 2026 a Copa reunirá 48 países em 80 partidas. Para finalizar, outra curiosidade é o estádio desmontável, feito só com contêineres e que sediará, entre outros, o jogo do Brasil contra a Suíça, em 28 de novembro.
Diante de tantos fatos inusitados, tomara que, pelo menos, a seleção brasileira, que é uma das favoritas ao título, mantenha a escrita e traga o hexa! Abaixo, personalidades da nossa região contam qual foi a “Copa da sua vida”:
“Minha primeira Copa foi a de 1986, no México. O time remanescente da seleção de 1982 gerou grande expectativa, mas sobrou a decepção com o fatídico pênalti perdido pelo nosso maior ídolo (Zico). Quatro anos depois, em 1990, no nosso melhor jogo, fomos eliminados pela Argentina. Por isso, a Copa da minha vida foi a de 1994. Chegamos desacreditados, com futebol pragmático, mas, na superação, conseguimos o título depois de 24 anos e muitas decepções pelo caminho. Foi a Copa que imortalizou o ‘Sai que é sua Taffarel!’”.
PLINIO BERNARDI JR., economista, professor universitário e atual secretário de Educação de Itu
“Meu sonho acabou com aquele terceiro gol de Paolo Rossi. Não era possível! Aquele time era invencível! Eu estava alojado em um colégio de Itapetininga onde, no dia seguinte, nadaria os 1500m. Seu Zezé liderava aquela equipe como Telê fazia com a seleção canarinho. Um bando de gente em volta de uma TV 14˝ preto e branco. Após uma vitória sofrida e chorada contra a União Soviética, com um frango do Valdir Peres, passamos fácil e demos show contra Escócia e Nova Zelândia. Na segunda fase, despachamos a Argentina com um 3 x 1 incontestável. Era o fino da bola! Aí vieram os italianos. Bastava um empate! Aquele ‘branco’ que deu na defesa no segundo gol deles, deixando a bola com o Bambino D’oro, que não perdoou, doeu. Mas ainda restava uma esperança, afinal aquele time era o melhor que eu já tinha visto na vida! Zico, Falcão, Sócrates, Junior, Eder… era só uma questão de tempo. Mas o tempo jogou para eles e Paolo Rossi lacrou a tragédia aos 30 do segundo. Nunca vibrei tanto e nem chorei tanto com uma seleção, nem mesmo em 1994 e 2002. Podem passar mais cem anos, mas essa Copa, de 1982, sempre será a minha preferida!”.
VANISE BEGOSSI, publicitária e proprietária do Grupo Estacom
“Era 2002, no Japão, Brasil enfrentava a Alemanha na final da Copa do Mundo. Nossa seleção foi para o campeonato desacreditada, mas foi crescendo e nos envolvendo a cada jogo. Embalada por Zeca Pagodinho – ‘Vida leva eu…’ – foi a cadência que marcou a Copa 2002 até essa final emocionante que resultou nos 2 x 0 que colocou em nossa camisa a quinta estrela. E, assim, tudo foi inusitado e vibrante nesse Mundial, desde o corte de cabelo irreverente do Ronaldo, o sorriso rasgado de Ronaldinho Gaúcho, a energia do Felipão. Foram incontáveis acontecimentos emocionantes; mas absolutamente nada se compara à emoção de ver o Cafú, de camisa amarela grafada ‘100% Jardim Irene’, erguer a taça e beijá-la. Gesto que representou milhões de brasileiros, porque tenho certeza de que cada um estava com o seu dedinho naquela taça. O meu certamente estava!”.
MOURA NAPOLI, jornalista esportivo e radialista
“O tricampeonato foi um marco. Nasci em 1958, quando o Brasil foi campeão pela primeira vez. A primeira Copa que vivenciei foi a de 1970. Foi tão emblemática, que me influenciou a ponto de determinar àquele garoto, então com 12 anos, sua futura profissão: o Jornalismo. A seleção de 70, em minha opinião, foi a melhor de todos os tempos. Reuniu uma constelação de craques que jamais foi superada não apenas no Brasil, mas no mundo. Fez com que até jogadores menos talentosos, mas imbuídos de um espírito de equipe e uma garra ímpar, se superassem, chegando quase ao mesmo patamar de Pelé, Gerson, Rivelino, Clodoaldo e Tostão, não se esquecendo do grande capitão Carlos Alberto. Depois disso, ainda tive o privilégio de ver craques como Sócrates, Falcão e Zico, por exemplo, que foram excepcionais e não ganharam uma Copa. Azar da Copa! Vi também Romário, Bebeto, Ronaldo e Ronaldinho. Vi Roberto Carlos, Taffarel, Júnior e tantos outros, que sinto-me privilegiado. E agora, vejo uma geração que pode – sim – fazer a diferença e trazer o ‘caneco’ que não conquistamos desde 2002!”.
VANIA VERONEZZI, empresária, proprietária da Brewtainer Beergarden Itu e da cerveja “A Exagelada”
“Lembrando um momento importante da minha vida ligado à Copa eu faço uma conexão com o meu primogênito, o Victor, porque em 2002, quando o Brasil foi penta, eu estava grávida dele! Estava quase completando os nove meses na época. Fiquei nervosa, torci muito naquela Copa e, quando fomos campeões, toda aquela alegria foi contagiante a ponto de senti-lo vibrando em minha barriga. Lembro que todos nós fomos para a Praça da Matriz (Padre Miguel), onde a cidade toda estava celebrando a conquista! Semanas depois, o Victor nasceu! Faço essa conexão porque justamente hoje, nessa Copa de 2022, estou aqui no Canadá, onde meu filho mora atualmente, para revê-lo e assistir aos jogos todos juntos novamente! Tenho certeza de que seremos campeões, vamos sofrer, vamos passar perrengue, nervoso, mas vamos vencer e será uma festa maravilhosa porque todos estamos merecendo isso!”.
CRISTINA CASONATTO DALDON, empresária, proprietária da Crys Filó em Itu
“Para mim a Copa inesquecível, sem dúvida, foi a de 1970, no México, pela brasilidade, pela garra e pelo foco de todos os jogadores unidos por um mesmo ideal, fazendo com que nossa torcida crescesse a cada jogo disputado! Foi lindo!”.
RODRIGO TOMBA, jornalista e professor universitário
“É difícil competir com 2002! Aqueles memoráveis jogos transmitidos durante as madrugadas que atravessávamos fazendo festas – e curtindo muito – foram especiais! Era o último ano da faculdade e me recordo de cada partida. A final, assistida em Itu no Bar do Colombo, depois de uma noite inteira de curtição, terminou com sol já em pé na Praça da Matriz, ao lado de muitos outros ituanos que comemoravam a conquista do penta. Aquela Copa realmente me marcou, pela vitória, é claro, mas também pelo momento em que vivia. Agora, não há como esquecer a Copa de 2014 e também já dá para ficar marcada na memória, mesmo antes de começar, a de 2022. Em ambas, meus filhos nasceram, exatamente um mês antes de começarem. Em maio de 2014, veio o Theo. Em outubro de 2022, a Lis. Não tem como essas Copas não serem especiais. Mas o que espero, mesmo, é que a Lis traga mais sorte para a seleção em 2022 do que o Theo trouxe em 2014!”.
CRISTIANE GUIMARÃES, diretora do Cartório da 2ª Vara Criminal e do Júri de Itu
“Fecho os olhos e me vejo, aos oito anos, chorando dentro do banheiro da casa da minha Nona Elvira, naquele 05 de julho de 1982. Tínhamos acabado de perder para a Itália. Eu, aos prantos, e minha Nona, uma descendente de italianos, que obviamente torceu pela Itália, tentando me consolar do lado de fora da porta. Mas tínhamos Zico, Sócrates, Falcão e Éder, sob o comando de Telê Santana. Como perder? Perdemos! E choramos! A tragédia do Sarriá. O tempo passou e meu encanto pelas Copas foi se diluindo na mesma proporção que a paixão dos jogadores perdia espaço para a importância econômica de se disputar um Mundial. Talvez por isso o 7×1 de 2014, em pleno Mineirão, não tenha chegado aos pés do sofrimento provocado pelo time de Paolo Rossi. Ali ficou a tristeza de uma pequena torcedora”.
JOÃO PAULO CASALI, fisiologista e proprietário da academia PERSONNALITÉ MOVE
“Para mim, a Copa do Mundo mais marcante, sem dúvida, foi a de 1994, quando eu tinha dez anos de idade. A final foi Brasil x Itália, num jogo nervoso que teve a decisão nos pênaltis, e minha família, que é toda descendente de italianos, estava dividida na torcida. Enfim, foi bem emocionante. O Brasil foi tetra naquela ocasião!”.
reportagem: Renato Lima