Companhia de dança contemporânea de Salto comemora jubileu de prata como umas das referências culturais e artísticas da região
A Faces Ocultas Companhia de Dança tornou-se, na região, uma referência de produção artística e cultural. Fundada em Salto pelo bailarino e coreógrafo Arilton Assunção, após 25 anos, ela se tornou um polo de formação em dança, tanto na área artística quanto na técnica – criação, produção e educação.
Com projetos que passam pela criação artística e se fortalecem na formação social, a companhia contabiliza, até o momento, 33 espetáculos, encenados em mais de 500 cidades, divididos em seis países e 380 prêmios conquistados. Entre as principais apresentações estão: “Poemas Brasileiros”, “Quatro Paredes”, “O Lago do Cisne”, “1964” e “Pagador de Promessas”. “Em relação aos prêmios, todos são importantes, pois cada um revela uma história de todo o percurso para se chegar até eles. Mas o maior de todos é quando a plateia se emociona e se identifica com os espetáculos, aí pensamos que vale a pena; todos somos transformados de forma recíproca”, afirma Arilton.
Em termos de reconhecimento, alguns momentos se destacaram ao longo desses 25 anos de jornada da Faces Ocultas. Em 2010, a companhia foi selecionada pela Coordenadoria Estadual de Juventude de São Paulo para representar o Brasil na China. Recentemente, em 2020, receberam o Prêmio Denilto Gomes, concedido pela Cooperativa de Dança do Estado de São Paulo, pela atividade continuada no Interior paulista. A mais recente conquista foi em 2021, com três projetos selecionados no Proac Editais para produzir e circular pelo Interior paulista com as obras “1964”, “Frida” e “Donos da Terra”.
“Sem dúvida alguma, uma das conquistas mais significativas foi a premiação recebida pelo Ari (Arilton) em reconhecimento da sua trajetória na dança pelo Proac, ressaltando a sua atuação e relevância artística no Estado de São Paulo e no Interior”, enfatiza Poliane Fogaça, bailaria e coreógrafa da companhia.
Lugar de fala
O cenário político-social sempre esteve presente nos espetáculos da Faces Ocultas ao longo dos seus 25 anos, fazendo com que seus espetáculos sejam canal de comunicação para temas tão importantes para o cotidiano. “Usamos a arte da dança e os palcos como lugar de fala”, enfatiza Arilton.
Destacar essa imagem protagonista e se manter referência artística e cultural no Interior são, para o elenco da companhia, uma trajetória de desafios e de vitórias. “Nós nos mantemos atuantes, principalmente, nos nossos projetos sociais, pois acreditamos que a arte transforma”, comenta Vinícius Ferreira, bailarino e gestor cultural do grupo.
Entre os principais projetos sociais da Faces Ocultas estão o “Primeiros Passos”, que atende crianças de quatro a 12 anos; e o Ballet Jovem, direcionado para jovens e adolescentes de 12 a 17 anos, iniciantes ou não na dança. Ainda no intuito de formar e agregar à sociedade, há mais de 15 anos foram criados pela companhia o Curso de Dança Internacional de Férias, que ocorre no primeiro trimestre do ano, e o Concurso de Beleza Negra Zumbi e Dandara, que visa valorizar as pessoas e a cultura negra de Salto e região.
“Também somos pioneiros na região em subsidiar e manter uma república de bailarinos, que abriga profissionais vindos de outras cidades, projetando e criando grandes artistas e pessoas que hoje integram o elenco da própria companhia e também de grandes companhias, como Deborah Colker e Balé Cidade de São Paulo. E o nosso empreendimento mais atual é a abertura de nossa Escola de Dança Espaço Cultural Valderez Antônio Bergamo, que ficou fechado durante toda a pandemia e agora estamos retomando”, ressalta Poliane. Os processos seletivos da companhia se dão por meio do curso internacional de férias.
Frida
O espetáculo em comemoração aos 25 anos da Faces Oculta estreou em maio, com uma criação inédita: “Frida”, de Poliane Fogaça, marcando a estreia da bailarina como coreógrafa e diretora, após 21 anos na companhia.
Para encerrar as comemorações dos 25 anos está prevista uma exposição, em dezembro, com toda a trajetória do grupo saltense.
texto: ALINE QUEIROZ
fotos: Arquivo da Cia. Faces Ocultas