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Post: Letícia Spiller: renovação profissional e engajamento social

Letícia Spiller: renovação profissional e engajamento social

Ela tem uma história com o teatro, com o cinema e a televisão e sabe da importância da arte na vida das pessoas. Letícia Spiller, 48 anos, dá uma guinada na carreira, comemora boa fase e apesar de ter chegado ao fim o seu longo contrato com a Rede Globo – foram 32 anos -, novas oportunidades surgem para a atriz que se reinventa com a chegada dos streamings. “É claro que o novo dá um frio na barriga, mas as respostas que eu estou tendo são tão legais. Estão surgindo propostas muito interessantes. Como artista, eu entendo que é preciso estar sempre em movimento, em transformação… E o momento atual exige isso”, revela nesta entrevista exclusiva concedida à Revista Regional. Engajada, Letícia é voluntária em uma ONG que acolhe refugiados de países em conflitos: “Como artistas, temos responsabilidades. Eu sou uma pessoa pública e sei que o que eu faço tem uma dimensão, e que posso ajudar com isso”, afirma. Nas próximas páginas, você terá a oportunidade de conhecer um pouco mais dessa mulher que surpreende por sua autenticidade, seriedade e comprometimento com a arte e com o social.

 

Letícia em ensaio especial (foto: Gabriel Fahrat)

REVISTA REGIONAL: Você praticamente nasceu no teatro, qual a importância dos tablados na sua vida, não só como artista, mas na sua construção como ser humano?

LETÍCIA SPILLER: Teatro permite múltiplas expressões. Dele nasceu o diálogo. O teatro não existe sem o outro. E não há magia que se compare a esta troca. Por isso, creio que ele é a forma mais completa da arte. Nele podemos tudo! Não há limites. É o lugar onde posso dizer o que acho importante ser dito. Minha história de vida se confunde com os palcos. Desde muito cedo, eu sabia que lá era o meu lugar. O teatro ganhou uma dimensão na minha vida. Eu sou artista, a minha sensibilidade para ver o mundo, para olhar para as pessoas. Tudo está ligado a essa essência artística, que é muito genuína. Eu sou da poesia, do canto, da atuação, de todas as formas que a arte pode se expressar. É como eu me expresso. Aprendi a importância do trabalho em grupo, do coletivo. O meu senso de responsabilidade. Minha vida está totalmente interligada com a arte.

 

Letícia, nos últimos dois anos, sofremos com a pandemia e a cultura foi um dos setores mais afetados. Qual o seu olhar diante da atual situação?

Eu fico muito triste com o nosso cenário atual. Acredito de verdade que a cultura diz muito sobre o seu povo. Nós, artistas, já passamos por outros momentos delicados, mas arte é resistência. A gente persiste, insiste e segue com o nosso trabalho. A pandemia afetou muito os profissionais da área. Os shows, os teatros, os cinemas empregam milhares de pessoas. É toda uma equipe que ficou sem trabalho e desamparada. Torço muito para essa fase passar. E sigo fazendo a minha parte.

 

Falando um pouco sobre as personagens que você interpretou, são anos de carreira na TV, no cinema e no teatro. Existe alguma personagem que te marcou de alguma forma e que hoje você diria que mudou o seu pensamento em relação a algum assunto em especial?

“O Falcão e o Imperador” (2002) foi um espetáculo muito importante na minha vida. Foi um trabalho intenso e de muita entrega. Um mergulho. Foi um momento em que tomar uma decisão e abrir mão de outras coisas para estar ali. Mas foi um trabalho muito significativo. Tive outros trabalhos que me enriqueceram… Acredito que isso é o grande barato da arte. É provocar sentimentos, reflexões… Isso acontece com o público e com a gente também.

 

Você estava com duas peças para serem feitas agora em 2022 (“Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” e “Hamlet Máquina”). Tem ideia de quando elas irão estrear?

Agora, por causa dos trabalhos no streaming, eu estou totalmente dedicada a eles nos próximos meses.  Eu ainda não posso contar nada, mas são trabalhos muito legais para este ano. E eu estou muito animada com esse projeto. É o tipo de trabalho que eu queria muito fazer. Eu começo este ano de 2022 com a agenda bem apertada, mas estou feliz.

 

Atriz em sua casa, no Rio (foto: Gabriel Fahrat)

Letícia, você é uma das voluntárias na Acnur (Agência da ONU para Refugiados). Gostaria de entender como é a sua participação efetivamente na ONG e a partir de que momento você sentiu a necessidade de fazer parte de algo como voluntária?

Eu sempre me envolvi em causas sociais. Além da Acnur, por exemplo, eu sou madrinha da Rede Postinho de Saúde (Cantagalo – Pavão Pavãozinho). Acredito que, como artistas, temos responsabilidades. Eu sou uma pessoa pública e sei que o que eu faço tem uma dimensão, e que posso ajudar com isso. A Acnur, por exemplo, desenvolve um trabalho muito importante, que visa proteger e promover essas pessoas que são obrigadas a deixar a sua terra natal, fugindo de conflitos, guerras, perseguições e, muitas vezes, passando por dificuldades extremas.

 

Assim como a maioria dos artistas, os contratos longos com a Rede Globo não existem mais, o que de certa forma abre as possibilidades de trabalhos nas plataformas de streaming e diversidade nos personagens. Como você encara essas novas possibilidades? Como tudo na vida, existe o lado bom e ruim, você já conseguiu avaliar os prós e contras dessa nova realidade?

O mercado está mudando muito! E eu acho que estão surgindo mais oportunidades para os talentos: atores, diretores, roteiristas… Eu sou muito apaixonada pelo que eu faço. É claro que o novo dá um frio na barriga, mas as respostas que eu estou tendo são tão legais. Estão surgindo propostas muito interessantes. Como artista, eu entendo que é preciso estar sempre em movimento, em transformação… E o momento atual exige isso.

 

O mundo está cada vez mais feminista e a diversidade também é um tema muito presente nos tempos atuais. Apesar de sua filha Stella (10 anos) ser pequena, como você conversa com ela sobre esses assuntos?

Em casa, sempre tive um diálogo franco e aberto. Conversamos sobre tudo. Tanto Pedro (filho de 25 anos) quanto Stella sabem que podem contar comigo em qualquer momento. Stella é mais nova, mas já acompanha muito atenta a todos os temas que necessitam de evolução. Fizemos questão de que ela vivesse em um ambiente que trabalhasse a inclusão. Tanto em casa quanto na escola. Aqui em casa há empatia, tolerância e muito amor ao próximo.

 

O futuro dos filhos é uma preocupação constante, ainda mais diante de problemas sérios como violência, intolerância, falta de empatia. De que maneira você desenvolveu habilidades emocionais, resiliência, autoconfiança e compaixão para criar o Pedro, seu filho mais velho?

Pedro é um caso fora da curva (risos). Ele é um cara tão legal, tão sábio… Às vezes, eu me surpreendo com ele. Ele é querido, olha para o próximo, agrega. Mas eu acho que isso é algo que veio no espírito dele. Ele chegou nessa Terra assim. Deve ter algum mérito meu (risos), mas o maior é dele mesmo.

 

entrevista e texto: Ester Jacopetti

fotos: Gabriel Fahrat

 

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