- Vergonha e preconceito ainda são empecilhos para a realização do exame de toque retal, primordial para o diagnóstico do câncer de próstata
Ao contrário da maioria das mulheres que procura regularmente o ginecologista para a realização dos exames de rotina, os homens, por receio, medo ou por questões culturais, ainda não realizam visitas anuais ao urologista, para fazer os exames preventivos.
Segundo o urologista dr. Fábio de Oliveira, a cada três mulheres que fazem as visitais anuais ao ginecologista, apenas um homem faz o mesmo, com o urologista. “As visitas são importantes para o diagnóstico precoce de diversas doenças, dentre elas, o câncer de próstata. No Brasil, são diagnosticados 70 mil novos casos, anualmente, sendo o câncer masculino que ainda tem alta taxa de mortalidade, se não diagnosticado e tratado precocemente”, alerta dr. Fábio.
De acordo com o especialista, o trabalho do urologista não se restringe apenas aos problemas sexuais masculinos. O profissional desenvolve um importante papel de triagem de diversas doenças, como: epidemias, síndromes, doenças cardiovasculares, entre outras. “Abordamos a saúde do homem como um todo, realizando exames de rotina, como de sangue, por exemplo. Já recebi pacientes com infecções genitálias causadas pelo descontrole do diabetes e o paciente não sabia que sofria com o mal”, orienta o médico.
Este trabalho de triagem realizado pelo urologista contribui para o diagnóstico precoce das doenças, em especial, o câncer de próstata. “Se descoberto em estágio inicial, as chances de cura aumentam em até 90%”, ressalta. O diagnóstico da doença é realizado por meio do exame de toque retal (ou de próstata, como é conhecido), que permite ao médico perceber qualquer anomalia na parede da próstata. Em seguida, o especialista recomenda o exame de dosagem do Antígeno Prostático Específico, o PSA, que é feito por meio de coleta de sangue. Caso sejam encontradas alterações, é realizada uma biopsia, para indicar a presença, ou não, de tumor. “O exame de toque é imprescindível para o diagnóstico do câncer, pois, em alguns casos, encontramos anomalias mínimas, que não são apontadas no PSA”, frisa.
A Sociedade Brasileira de Urologista recomenda a realização do exame de toque, anualmente, a partir dos 40 anos, para os homens que tenham histórico familiar da doença. Para a maioria, no entanto, a prevenção deve ser realizada após os 45 anos de idade, independentemente da presença de sintomas urinários ou não.
No estágio inicial, o câncer de próstata é assintomático, devido ao tempo lento de progressão dos tumores. Em estágio avançado, a doença leva o paciente a ter dificuldade para urinar, sensação de não conseguir esvaziar completamente a bexiga, hematúria (presença de sangue na urina), dor nas costas ocasionada pela presença de metástases e, nos casos mais graves, infecção generalizada e insuficiência renal.
O tratamento, segundo explica o médio especialista, varia de acordo com a idade do paciente e da classificação do tumor. “Pode incluir uma prostatectomia radical (remoção cirúrgica da próstata), radioterapia, hormonoterapia e medicamentos”, afirma dr. Fábio.
Para auxiliar na prevenção do câncer de próstata, o urologista recomenda a adoção de hábitos saudáveis e a ingestão de alimentos antioxidantes (como o cacau e a cenoura, por exemplo), oleaginosas (castanha de caju e do Pará), evitar o consumo excessivo de carne vermelha e a preferência por tomate, o grande amigo da saúde do homem. “O fruto é rico em licopeno, substância importante para a prevenção do câncer de próstata. Porém, a substância só é ativada com o cozimento do alimento. Dê preferência a molhos ou ao suco do tomate”, finaliza o especialista.
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