“Quando as borboletas voam do sertão…”, primeiro romance do jornalista e editor da Revista Regional, Renato Lima, narra a história de Romualdo, um menino que sofre com a violência e ignorância do pai, porém ganha asas e foge para ter vida nova em outro lugar
A ideia de escrever um romance, de certa forma, sempre fez parte da vida do jornalista Renato Lima, profissional com passagens por importantes veículos de imprensa de Itu, Salto, Indaiatuba e São Paulo, atualmente sócio e editor da Revista Regional. Após anos de jornalismo, o sonho de ser escritor e roteirista ficou em segundo plano, até que surgiu a oportunidade de cursar roteiro de cinema e documentário, unindo, assim, a ficção e o jornalismo.
Em 2014, a ideia de um livro começou a tomar forma. No primeiro momento seria uma história de época, criada após a conclusão do curso de roteiro, trama que ganhou até a bênção do saudoso cineasta saltense Anselmo Duarte. Em 2003, Renato apresentou-lhe suas sinopses e até hoje guarda as anotações feitas por Anselmo, além de uma carta que o premiado cineasta escreveu-lhe posteriormente, num incentivo para que seguisse a carreira de roteirista ou de escritor. Mas uma trágica notícia que ganhou a mídia nacional, em 2014, fez com que Renato mudasse todos os planos, trocando o romance de época pela história do Romualdo, personagem central de “Quando as borboletas voam do sertão…”, que se passa no sertão nordestino arrasado pela seca do início da década de 1980. “Um detalhe disso tudo foi que o próprio Anselmo em sua carta me dizia: ‘As melhores histórias são baseadas em fatos reais. Não há erro. Quando eu conto uma história, não invento, apenas melhoro a verdade’”, relembra Renato.
Seguindo o conselho de Anselmo, o escritor, comovido com a notícia de um menino que era espancado diariamente pelo pai pelo simples fato de dançar e lavar louças e que, infelizmente, teve o fígado dilacerado e faleceu, passou a imaginar como seria a vida daquela criança se ela tivesse a chance de realizar seus sonhos. “Eu não conseguia acreditar em tamanha atrocidade, aquela história não saía da minha mente. Ficava pensando em como seria a vida daquele garoto se tivesse tido a chance de realizar seus sonhos, de mostrar ao mundo o seu dom. De repente, seria um grande bailarino! A gente não sabe. Passei a pesquisar outras notícias sobre crianças e adolescentes que sofriam violência dentro do próprio lar e a maioria das histórias era de intolerância. Pais e familiares que espancam os filhos porque são diferentes, porque fogem às regras da sociedade, da chamada heteronormatividade, do menino de azul e da menina de rosinha, algo super ultrapassado, mas que ainda hoje norteia certos segmentos”, afirma.
E assim nascia a trama de “Quando as borboletas voam do sertão…”, um romance em que o grande herói é um menino que sofre com a violência e ignorância do pai, porém, diferentemente da tragédia da vida real, ganha asas e foge para ter uma vida nova em outro lugar. “Eu precisava de um ambiente e de uma época que justificassem toda essa carga dramática da história e surgiu, então, a ideia de fazê-la no sertão nordestino arrasado pela seca, no início dos anos 1980. Romualdo, aos oito anos, é delicado, gosta de brincar de bonecas e, justamente por isso, é espancado pelo pai, um machista típico daqueles tempos. Em dado momento, ele é salvo da morte e é levado para São Paulo. A partir disso, o livro revela a trajetória dele da infância à idade adulta, suas dores, suas descobertas, seus amores, seus sonhos. Toda a história é narrada por ele, o que evidencia ainda mais os sentimentos do personagem e cativa o leitor, que torce por Romualdo do início ao fim. Costumo dizer que o menino é a borboleta do título, que foge da morte anunciada, da seca do sertão, e ganha vida e colorido quando bons ventos o levam para outros campos. É uma história gay, mas também de esperança, de transformação e de superação. Uma história de vida. Já temos tantas desgraças nesse mundo que o leitor precisa de um respiro, de um pouco de esperança, principalmente a nova geração”, explica o autor.
A obra, de 306 páginas, tem cenas de sequências rápidas, de linguagem fácil, acessível, justamente para que possa ser lida pelos jovens de hoje, afinal os livros têm a forte concorrência do celular e das redes sociais. Na opinião de Renato, os escritores brasileiros precisam entender que é preciso facilitar o surgimento de uma futura geração de leitores no país, de garantir o interesse dos jovens acostumados à superficialidade das mídias sociais na literatura brasileira. “A melhor forma de fazer isso é através de uma linguagem mais acessível, até mesmo popular, e de tramas que sejam a fotografia do momento, que traduzam a realidade deles, obviamente com personagens cativantes”, define.
O livro, publicado pela Chiado Books, de Lisboa, já está sendo vendido no Brasil e em Portugal, tanto no formato físico quanto e-book. No Brasil, a obra pode ser adquirida nas livrarias: Atlântico, Cultura, da Vila, da Travessa, Martins Fontes Paulista, Leitura e Amazon. Em Portugal, a comercialização é feita pela Chiado Books e rede Fnac. O ebook também está disponível na Google Livros, Apple Livros e Kobo.
Para comprar online: https://www.livrariaatlantico.com.br/pd-8749BF.html
A obra física pode ser encontrada ainda na Revistaria do UniShopping, em Itu. O whatsapp/delivery é (11) 94342-1155.
Fotos: Zeca Almeida e Divulgação/Chiado Books