- Etapa com mais restrições de circulação e atividades, em vigor desde 15 de março, seguirá até 11 de abril em todo o Estado de São Paulo;
- Doria anunciou na manhã desta sexta, 26, a primeira vacina brasileira contra a covid;
- Estado também criou rede de plasma para tratamento de pacientes com covid;
- Idosos de 68 anos serão vacinados a partir de 05 de abril
O governo de São Paulo confirmou nesta sexta-feira, 26, a prorrogação da fase emergencial de enfrentamento à pandemia do coronavírus até o dia 11 de abril. As medidas mais rígidas de restrição de circulação e atividades estão em vigor nas 645 cidades do Estado para frear o aumento de casos e mortes por covid-19 e reduzir a sobrecarga em hospitais públicos e particulares.
“Em virtude dos números da pandemia e da insistência do crescimento da pandemia, apesar de todas as medidas adotadas, o governo de São Paulo prorroga até o dia 11 de abril a fase emergencial”, afirmou o vice-governador e secretário de Governo Rodrigo Garcia. Desde o dia 15 de março, a fase emergencial determina toque de recolher nos 645 municípios todos os dias, entre 20h e 5h, além de impedir o acesso a parques e praias. Qualquer tipo de aglomeração está proibido. O uso de máscaras deve ser intensificado em qualquer ambiente interno ou externo de acesso público.
As escolas da rede estadual só estão abertas para distribuição de merenda a alunos carentes e entrega de materiais mediante agendamento prévio. Para reforçar o distanciamento social e reduzir a circulação urbana, a fase emergencial aumenta restrições de algumas atividades comerciais autorizadas na etapa vermelha do Plano São Paulo. Estão proibidas, por exemplo, as retiradas presenciais de produtos em restaurantes e lanchonetes, o atendimento presencial em lojas de material de construção, as celebrações religiosas coletivas e atividades esportivas em grupo. Lojas e restaurantes só podem fazer entregas a clientes dentro de veículos (drive thru), entre 5h e 20h, ou por entrega em sistema delivery por telefone ou aplicativo. Não há restrição ao funcionamento de supermercados. Mercearias e padarias podem funcionar seguindo as regras de mercados, com proibição de consumo no local.
O teletrabalho é obrigatório para todas as atividades administrativas não essenciais do serviço público e também na iniciativa privada. Todas as medidas visam reduzir a circulação de, ao menos, 4 milhões de pessoas por meio das restrições adicionais.
MAIS VACINAS
O vice-governador Rodrigo Garcia anunciou ainda o início da vacinação para 340 mil idosos com 68 anos a partir de 5 de abril. Com este novo grupo, SP alcança a marca de 6 milhões de pessoas com imunização garantida em todo o Estado.
“Hoje, começou a vacinação em todo o Estado da população de 69, 70 e 71 anos de idade. São praticamente 910 mil pessoas que estão agora incluídas no programa estadual de imunização e, a partir do dia 5 de abril, mais 350 mil pessoas na faixa etária de 68 anos”, destacou Garcia
Também em 5 de abril poderão receber doses 185 mil profissionais que integram o público das forças de segurança que atuam no Estado. Na semana seguinte, o cronograma passa a incluir 350 mil profissionais da educação maiores de 47 anos, a partir de 12 de abril.
1ª VACINA BRASILEIRA
Na manhã desta sexta-feira, o governador João Doria anunciou o início o desenvolvimento e a produção-piloto da primeira vacina integralmente brasileira contra o novo coronavírus. A expectativa é que os ensaios clínicos de fases 1 e 2 em humanos com o novo imunizante comecem já em abril, após autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Denominada ButanVac, esta vacina será desenvolvida e produzida integralmente no Butantan, sem necessidade de importação do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo). Os resultados dos testes pré-clínicos realizados com animais foram promissores, permitindo continuidade para estudos clínicos em humanos.
A iniciativa do novo imunizante faz parte de um consórcio internacional do qual o Instituto Butantan é o principal produtor e responsável por 85% da capacidade total, com o compromisso de fornecer essa vacina ao Brasil e aos países de baixa e média renda. A produção-piloto do composto já foi finalizada para aplicação em voluntários humanos durante os testes.
Somente em março, o Butantan já disponibilizou 14,3 milhões de doses da Coronavac para a imunização contra o coronavírus em todo país. O quantitativo do mês de março é superior à soma dos quantitativos de janeiro e fevereiro. Até o final de abril, o número de vacinas garantidas por São Paulo ao país somará 46 milhões e o Butantan pretende antecipar em 30 dias a entrega das outras 54 milhões de doses, totalizando 100 milhões de unidades até 30 de agosto.
TRATAMENTO COM PLASMA
Na coletiva, o governo do Estado anunciou também a criação de uma rede para garantir o tratamento de pacientes de covid-19 pela transfusão do plasma de convalescente, produto obtido a partir do sangue coletado de outras pessoas infectadas com o novo coronavírus.
“Esse esforço da rede de plasma se assemelha ao de uma doação de sangue, com critérios objetivos de quem pode doar e quem pode receber. Faremos a coleta e a distribuição do plasma doado por pessoas já contaminadas e que tem os anticorpos para pacientes em tratamento”, afirmou o vice-governador.
Sob coordenação do Instituto Butantan, a nova estrutura deverá garantir a logística necessária para coletar, distribuir e utilizar o plasma convalescente nos serviços de saúde de todo o Estado. Os pilotos do projeto serão implantados, inicialmente, nas cidades de Santos, no litoral sul; e em Araraquara, no interior do Estado.
Para a criação da rede, o Butantan contará com a colaboração de cinco grandes hemocentros parceiros: HHemo, Fundação Pró-Sangue e Colsan, em São Paulo; Hemocentro da Unicamp, em Campinas; e Hemocentro de Ribeirão Preto.
O plasma de convalescente, retirado do sangue de voluntários, contém anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2. É obtido por meio de doação de sangue voluntária de pessoas que já foram contaminadas pelo novo coronavírus e que, portanto, já possuem anticorpos.
Segundo o diretor-presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, até o momento, não há terapia específica contra a covid-19, mas o tratamento com o plasma tem trazido bons resultados. “O objetivo do plasma é transferir ao paciente anticorpos de maneira passiva, até que o organismo afetado tenha tempo de reagir e montar a sua resposta imune. Trata-se de uma vacina instantânea, uma forma de tratamento que pode ser usada em meio à pandemia”.
As regras para doar o plasma são as mesmas seguidas para doar o sangue: ter boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 50 quilos, evitar alimentação gordurosa antes da doação e apresentar documento original com foto. É fundamental que o doador já tenha sido contaminado pela covid-19 anteriormente, pelo menos 30 dias antes do ato da doação.
O plasma de convalescente é indicado para pessoas que estão apresentando sintomas há, no máximo, 72 horas, e que têm diagnóstico confirmado por exames. Os públicos-alvo do tratamento são os imunossuprimidos, idosos e pacientes com comorbidades.
Os voluntários devem ser, prioritariamente, do sexo masculino. Isso porque, durante a gestação, a mulher libera anticorpos na corrente sanguínea que podem causar uma reação grave chamada TRALI (transfusion-related acute lung injury) no paciente que recebe a transfusão.
foto: Governo de SP