- Durante as escavações maiores que começaram em 18 de janeiro, encontrou-se um assentamento de pedras, que pode estar relacionado com a construção que existia no entorno da cruz e foi retratada pelo artista ituano Miguelzinho Dutra
Durante os trabalhos de tradagem e escavação realizados no entorno do Cruzeiro Franciscano, localizado na praça Dom Pedro I, no centro histórico de Itu, diversos pequenos artefatos foram encontrados como pedaços de louça, cerâmica, vidros, um botão, uma chave, uma medalha entre outros, que serão analisados para catalogação e datação. Tudo isso, por meio de análise de especialistas, diz muito sobre o estilo de vida e hábitos que eram levados em cada uma das épocas representadas pelos artefatos, assim como dá indícios do que havia no local.
Durante as escavações maiores que começaram em 18 de janeiro, encontrou-se um assentamento de pedras, que pode estar relacionado com a construção que existia no entorno da cruz e foi retratada pelo artista ituano Miguelzinho Dutra. Majoritariamente, o que foi encontrado é em varvito, constante presença em calçamentos e mais uma comprovação da primeira marca cultural ituana, a utilização de uma rocha local no sistema construtivo da cidade desde sua origem.
É a história de Itu sendo resgatada e trazida à luz, algo que estava somente no subjetivo e agora torna-se concreto com as evidências encontradas no solo da praça Dom Pedro I. Um trabalho que vai muito além do restauro do Cruzeiro, erguido em 1795 por Mestre Thebas, mas que pode passar pela civilização brasileira ainda antes da chegada de Cabral até os dias de hoje, contando a história da ocupação humana nas terras onde hoje chamamos de Itu.
De acordo com a Secretaria de Cultura de Itu, a próxima fase contempla o restauro e recuperação do monumento que está fragilizado pela ação do tempo e intempéries. Todo o processo de restauração, urbanização e paisagismo da praça deverá ocorrer em cerca de 18 meses, caso não haja imprevistos.
A secretária municipal de Cultura e do Patrimônio Histórico, Maitê Velho, tem acompanhado a obra, assim como o diretor de Patrimônio Histórico, Emerson Castilho, sempre com os esclarecimentos da equipe que está trabalhando no local.
Por que o Cruzeiro é tão importante?
Como noticiado pela Revista Regional em suas edições de janeiro e fevereiro, o Cruzeiro Franciscano foi construído por Joaquim Pinto de Oliveira, o Mestre Thebas, artista de reconhecido valor artístico ainda em vida. Foi escravizado e conquistou sua alforria por meio do seu trabalho e talento.
De reconhecida virtude como oficial de cantaria de pedra e pedreiro, trabalhou na construção de diversas igrejas paulistanas. A descoberta de sua obra em Itu, realizada no final do século XVIII, é de suma importância, pois, até então, não havia comprovação de sua presença por lugares que não fosse a capital paulista.
Sua passagem está registrada no livro de receita e despesas do Convento Franciscano de São Luiz, da Vila de Nossa Senhora Candelária de Itu, no mês de janeiro de 1795.
foto: Renata Guarnieri