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Karina Bacchi: influenciando comportamentos para o bem

Depois de sua vasta experiência como atriz e apresentadora, Karina Bacchi se dedica hoje às mídias sociais como digital influencer, com mais de 8 milhões de seguidores somente no Instagram. Diferentemente de muitas que utilizam as plataformas digitais apenas para vender produtos, Karina influencia comportamentos para o bem. E tudo de forma espontânea, afinal ela é assim! Símbolo de mãe, de afeto, de empatia, dona de uma vida saudável e inspiração para milhares de mulheres, Karina compartilha sua rotina diária com a família, principalmente com o filho Enrico e o marido Amaury Nunes, dicas saudáveis, de beleza, viagens, vídeos de exercícios, entre outros assuntos. Além de tudo isso, ao lado de sua mãe Nádia, Karina administra a ONG Florescer, que cuida de crianças na região de Paraisópolis, em São Paulo. Recentemente, em novembro, ela lançou o Movimento “Mulher de Atitude”, com a intenção de melhorar a autoestima feminina. Nesta entrevista exclusiva à Revista Regional, a digital influencer fala sobre os novos projetos, seu tratamento para tentar engravidar pela segunda vez, a família, a pandemia e o momento atual. O ensaio fotográfico foi feito exclusivamente para a Regional e estampa capa e esta conversa.

Karina em ensaio para a Revista Regional

 

REVISTA REGIONAL: Você acaba de lançar o Movimento “Mulher de Atitude”, que tem intenção de melhorar a autoestima feminina. Como surgiu essa ideia?

KARINA BACCHI: Todos os dias eu recebo centenas de mensagens de mulheres que me procuram em busca de conselhos, direcionamentos ou até mesmo de respostas. Elas estão com a autoestima lá embaixo, sentem medo de tomar decisões, inseguras demais para sequer fazerem algo em direção a uma mudança, cansadas de viver uma vida que não as satisfazem mais. Com isso, foi crescendo em mim uma vontade imensa de poder fazer algo por elas, de poder contribuir e ajudar essas mulheres que tanto precisam de uma luz no fim do túnel. De repente, já não era mais suficiente ser apenas a Karina que recebia e respondia essas mensagens, eu entendi que precisava fazer mais do que isso e transformar de vez a forma como eu contribuo com o mundo. Por isso, eu criei esse movimento que se tornou gigante em tão pouco tempo, o Movimento “Mulher de Atitude”. Um espaço onde eu convido todas as mulheres para um processo de redescoberta de si mesmas, onde eu mostro a elas que não estão sozinhas, onde eu compartilho conteúdo e ferramentas que vão ajudá-las a despertarem a “mulher de atitude” que dorme dentro de cada uma delas.

 

A autoestima feminina passa, obviamente, pelos direitos reconhecidos e também pela liberdade, principalmente rompendo a ditadura dos chamados padrões de beleza. Nos últimos anos, as mulheres têm intensificado ações de combate à violência, discriminação, racismo, misoginia, entre outros temas sociais. O “Mulher de Atitude”, em algum momento, discute essas questões que hoje estão na pauta de toda a sociedade?

O movimento não é sobre levantar qualquer tipo de bandeira, ele caminha em direção a algo muito mais profundo, algo único para cada uma de nós. É sobre resgatar a essência da mulher. Com todas essas mudanças na sociedade, a mulher foi acumulando cada vez mais responsabilidades, e, mesmo sem perceber, se sentindo mais pressionada a dar conta de jornadas duplas ou triplas de forma exemplar. Isso cresce de tal forma dentro da gente, que a culpa se transforma em um sentimento frequente, quase diário, e que aos poucos vai engolindo a nossa essência. Nós vamos deixando de lado quem verdadeiramente somos, para começar a viver uma vida que os outros esperam da gente. É sobre isso que o movimento vem falar, sobre como encontrar esse caminho de volta para quem você é. E isso independe de qualquer bandeira, ou de qualquer padrão de beleza. O essencial é entender se você está permitindo que uma condição externa determine o que você quer ou o que você faz, ou se é você quem está no comando da sua vida. Nós queremos falar sobre as inseguranças, os medos, os múltiplos desafios que toda mulher tem. Nós queremos mostrar como é possível fortalecer e cuidar do emocional para lidar com tudo isso e ainda se sentir realizada, leve, alegre. O nosso foco não é o exterior, e sim o que está do lado de dentro de cada mulher. Porque quando o interior está bem, o exterior floresce. E para estar bem consigo mesma, para fazer as pazes com o verdadeiro eu, é preciso despertar a mulher de atitude que todas nós temos.

 

Ensaio foi fotografado na casa da influencer

A pandemia gerou muita dor e também estresse (com a doença, com as finanças, com os filhos em casa, com o acúmulo de trabalho no home office, etc), aumentando consideravelmente os transtornos emocionais e mentais de muitas mulheres. Como o movimento pode ajudá-las e incentivá-las nessa questão de elevar a autoestima, mesmo diante dessa crise?

É fato que junto com a pandemia o número de transtornos emocionais e mentais subiu muito entre as mulheres. O que nós precisamos entender é que isso já vem muito antes do vírus. A pandemia evidenciou algo que já existia, mas que estava escondido, sendo empurrado para debaixo dos panos. Por exemplo, os casais que não tinham uma relação pautada no amor, no carinho, no diálogo, foram obrigados a conviverem sob o mesmo teto por muito mais tempo e isso evidenciou essa falta de respeito. Ou os pais que não construíram um relacionamento saudável com os filhos e que foram obrigados a conciliar trabalho em casa com essa convivência pesada e desafiadora pelo dia todo. São desafios que já existiam antes, mas que a rotina foi capaz de esconder embaixo do tapete. Quantas de nós já sofremos em silêncio, aguentando sozinhas um sofrimento que não precisava ser apenas nosso? A chegada de um período em que precisamos não só conviver com esses desajustes por muito mais tempo no dia como também com a ameaça de algo que nunca presenciamos, um vírus com tanto poder de contaminação, foi a gota d’água em cima do nosso emocional que já cambaleava. Nosso movimento quer ajudar as mulheres a entenderem que existem coisas que não podemos controlar e outras que podemos sim. A pandemia não está sob nosso controle, é um fator externo e nenhuma dor ou revolta vai fazer com ela vá embora. O que nós podemos controlar é a forma como lidamos com tudo isso, como cuidamos da nossa saúde emocional, como construímos nossos relacionamentos com filhos e parceiros e também como permitimos que o medo domine nossos sentimentos. Com a pandemia veio a oportunidade de perceber tudo isso! De entender que trabalhar a autoestima, a autoconfiança, é retomar o controle da sua própria vida. É deixar de permitir que as coisas externas controlem o seu comportamento e atitudes. O nosso convite é para que todas as mulheres voltem os seus olhares para aquilo que está do lado de dentro, e não de fora. Quantas de nós perdemos uma vida toda preocupadas com beleza, corpo, carreira, dinheiro, etc, esquecendo que tudo isso é resultado do que carregamos conosco. O movimento Mulher de Atitude quer ajudar a mulher nessa redescoberta da sua própria essência, nesse entendimento de que cuidar da saúde emocional é o caminho para uma vida mais leve e mais feliz.

 

Quando se fala em maternidade, você é um exemplo para muitas mulheres que querem uma gravidez independente. Como foi todo esse processo para você? Já hoje você está fazendo um longo tratamento para ter seu segundo filho. Como está sendo e o que aconselha às mulheres que vivem a mesma situação?

Descobri um problema nas trompas e tive que retirá-las aos 39 anos, me impossibilitando uma gravidez natural. Nesse momento repensei toda minha vida, o relacionamento em que estava há quase 15 anos e o que realmente queria para meu futuro. Optei pela separação e pela fertilização in vitro de forma independente. Fui atrás dos meus sonhos, enfrentei o medo da mudança e tomei a melhor decisão da minha vida! Hoje sou a mulher e mãe mais realizada do mundo. Quando tomamos uma decisão importante que se encaixa com nosso propósito de vida e maiores anseios, criamos uma força que vai além, um entusiasmo que supera qualquer medo ou insegurança.

 

Recentemente, você declarou que está, ao lado do marido (Amaury Nunes), tentando o segundo filho. Quais os métodos que vocês buscaram? Há possibilidade de uma barriga de aluguel, como você afirmou num programa de TV?

Fizemos várias tentativas de FIV (fertilização in vitro), que é psicologicamente desgastante para mulher, para o casal. Foram momentos difíceis. Expectativa e frustração que tivemos que superar. Pensamos em desistir várias vezes, mas recuperamos as forças e decidimos seguir, talvez tentar pela última vez de alguma nova forma. Estamos avaliando as possibilidades e os próximos passos. Está sendo uma longa caminhada, mas estamos juntos sonhando os mesmos sonhos e enfrentando todos os momentos de mãos dadas.

 

Como foi e está sendo sua quarentena ao lado do filho e do marido? O que mudou em sua rotina no pico da pandemia e agora, quando temos um pouco mais de flexibilização das atividades?

Com certeza, a quarentena mudou a rotina! Tivemos que adaptar os trabalhos todos para casa, administrar nossa individualidade dentro do mesmo espaço. Exercitar a criatividade para desenvolver habilidades do Enrico (filho) em tempo integral, somar afazeres domésticos, trabalhar a paciência etc. Foi um exercício e tanto para todos. Agora, com um pouco mais de flexibilização (a entrevista foi concedida no final de outubro), a rotina está mais leve, mas ainda assim limitado para todos. Teremos ainda um caminho pela frente até a normalização. Estamos conscientes disso. Estamos mais unidos e mais fortes

 

Você começou a carreira como atriz e modelo, descobriu-se apresentadora, venceu um reality show e tornou-se influenciadora digital com mais de 8 milhões de seguidores apenas no Instagram. Qual o balanço que você faz de toda essa trajetória, erros, acertos? Há possibilidade de um dia os fãs voltarem a vê-la atuando? Quais os projetos a longo prazo?

Karina e o filho Enrico

Profissionalmente, me sinto feliz por tudo que realizei como modelo, atriz, apresentadora. Trabalho desde os quatro anos de idade. Sempre batalhei e valorizei minhas conquistas. Sempre me senti livre e capaz de experimentar várias vertentes, arriscar, me desafiar. Como atriz, trabalhei até não estar mais à vontade naquela profissão e decidir mudar de rumo foi essencial para que eu continuasse motivada em outra direção. Eu me sinto muito mais à vontade sendo eu mesma e inspirando pessoas com meus exemplos do que interpretando as personagens. Mas para que eu percebesse isso, precisei vivenciar. A vida é assim, caminhando vamos encontrando nossos caminhos.

 

O fato de ser influenciadora também tem seu lado negativo, que é o da exposição desenfreada, criticada por muitos psicólogos. Como você consegue filtrar os momentos que deve ou não postar nas redes? E como você lida com as críticas que muitas vezes pode receber por algum conteúdo que não agrada a todos?

Exposição gratuita não é positiva para ninguém. Mas compartilhar com responsabilidade pode ser grande fonte de colaboração e inspiração. O mundo está carente de motivação, bons exemplos, amor, conceitos familiares etc. Se pudermos de alguma forma despertar isso em alguém já estamos plantando algumas sementes para um futuro melhor.

 

Vivemos num mundo totalmente polarizado, na política, no dia a dia, e a maioria dos assuntos nas mídias sociais acaba tendo conotação político-social. Como você lida com essas questões? Tem como sobreviver aos julgamentos das redes sociais sem levantar uma bandeira? É possível viver em equilíbrio sem extremismos -de um lado ou de outro- na internet?

Com certeza, é possível circular pelas redes sociais sem extremismos. Levantar bandeiras ou não é uma opção individual de cada um. Somos livres para isso. Mas, também acredito, cada vez mais, que essa liberdade de expormos nossos pontos de vista deve vir correlacionada com a consciência de que o respeito pela diversidade de opiniões vale muito mais.

 

Este ano, o Natal será mais intimista por conta da pandemia. Como você pretende passar as festas de fim de ano e o que recomenda aos seus seguidores?

Os Natais sempre foram intimistas e em família por aqui. Esse ano será da mesma forma.

 

Quais são suas esperanças para este tão esperado 2021?

Para 2021, o desejo maior é para um despertar mais profundo do mundo, para os valores essenciais. Para um mundo mais respeitoso, mais harmônico, com seres humanos mais empáticos e amorosos.

 

entrevista: Renato Lima

fotos: Fabio Cerati @fabiocerati

stylist: Eduardo Seemann @eduseemann

assessoria: Ebert Biasioli @ebertbiasioli1

 

 

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