Região teve dia com grandes filas e tráfego intenso de veículos; estudo prevê agravamento da epidemia no Interior
Embora o comércio esteja fechado, ainda há grande circulação de pessoas nas ruas das cidades do Interior, inclusive na região, o que preocupa as autoridades de Saúde do Estado e do governo federal.
Salto tinha, nesta quarta-feira, grandes filas em lotéricas, agências bancárias e até mesmo em lojas de ovos de Páscoa, que estariam funcionando em “sistema drive-thru”. Lembrando que esse sistema é aquele em que o cliente compra sem sair do carro, ou seja, sem ir para a calçada ou formar filas. Poucas pessoas usavam máscaras. A Prefeitura foi questionada sobre a fiscalização do isolamento e as garantias de saúde pública dos munícipes, mas não retornou.
Em Indaiatuba, também havia grande movimento nas ruas, principalmente nos grandes supermercados da cidade. Um deles, no final da tarde, teve que controlar a entrada de clientes por conta do excesso de pessoas no interior da loja. O intenso fluxo de pessoas e carros pode ser explicado pelo recebimento do salário pela maioria dos trabalhadores na segunda-feira, 6, e pela véspera da Páscoa.
A Prefeitura de Indaiatuba foi questionada sobre a fiscalização da quarentena decretada pelo governo do Estado e orientada pela OMS e informou que tem intensificado a campanha para que a população fique em casa, reforçou carros de som nas ruas, principalmente nas áreas centrais e comerciais, bem como na região do Parque Ecológico. A Guarda Civil já tem realizado orientações aos populares nas ruas, contudo, segundo a Prefeitura, a situação é analisada diariamente para a avaliação da necessidade de novas iniciativas.
Um estudo da UNESP (Universidade Estadual Paulista) divulgado nesta terça-feira, 7, alerta para um risco maior de casos de Covid-19 e em “efeito cascata” em alguns centros regionais do Interior paulista, inclusive regiões de Sorocaba e Campinas.
Os pesquisadores da UNESP, que integram o Centro de Contingenciamento do Coronavírus do Estado, se debruçaram sobre vários dados e estudos do IBGE para identificar os principais eixos rodoviários que ligam a capital paulista a outros centros regionais do Estado. “Na medida em que o tráfico aéreo foi interrompido, essa difusão se dá pelo asfalto por esses eixos e num efeito cascata”, explica o professor Raul Guimarães, do Laboratório de Geografia da Saúde na UNESP. O levantamento identificou municípios de médio porte e suas microrregiões, considerados novos destinos do coronavírus, entre eles Campinas e Sorocaba.
“Para além da metrópole estão aparecendo casos nesses principais centros e, em seguida, em municípios predominantemente urbanos que têm forte relação com esses centros”, acrescenta Guimarães. De acordo com o professor Carlos Magno, epidemiologista da Faculdade de Medicina da UNESP-Botucatu, trata-se, em primeiro lugar, de um “modelo hierárquico”, em que coronavírus faz seus principais “saltos” da metrópole para outras cidades a partir desses eixos rodoviários; e depois, “um modelo de contiguidade”, em que o vírus se espalha para as localidades vizinhas. Itu, Salto e Indaiatuba estão entre dois desses principais “destinos” citados no estudo: Campinas e Sorocaba.
Nesta quarta-feira, após registrar a 5ª morte, o governo de Campinas endureceu as medidas restritivas e determinou multa maior ao comércio não essencial que for flagrado funcionando, chegando ao valor de R$ 3.616,00.
NÚMEROS DA REGIÃO
Salto teve mais um paciente que testou positivo para o novo coronavírus nesta quarta-feira, dia 8, totalizando 4 casos confirmados. Trata-se de um homem de 57 anos, que encontra-se internado.
De acordo com o novo boletim epidemiológico, a cidade ainda tem 51 pacientes à espera dos resultados dos exames, sendo 9 em internação clínica e 5 em UTI, e 18 casos descartados. Três mortes suspeitas da doença aguardam resultados de exames.
Os números oficiais em Itu apontam para 3 casos confirmados de Covid-19, 25 descartados (resultado negativo), 53 pacientes aguardando resultados dos exames (destes, 5 em internação clínica e 5 em UTI), além de 7 óbitos suspeitos de Covid-19 em investigação.
Uma paciente de Itu relatou à Regional que esteve em uma unidade de saúde, foi diagnostica com “sintomas gripais”, mas como possível caso de Covid-19, orientada a ficar em isolamento por 14 dias, assinou termo de consentimento para a quarentena, porém não foi testada para o novo coronavírus. A Prefeitura foi questionada se casos como esses não estão mais sendo contabilizados como suspeitos no boletim epidemiológico da cidade, mas ela não respondeu até a conclusão desta matéria.
Indaiatuba está com 11 casos positivos da doença. Nesta quarta-feira, a Secretaria da Saúde da cidade recebeu mais 3 resultados negativos de laboratório particular credenciado pelo Instituto Adolfo Lutz, entre eles um óbito descartado de uma paciente de rede particular de 90 anos. Foram contabilizados mais três negativos por teste rápido. O Departamento de Vigilância Epidemiológica também recebeu a notificação de um óbito suspeito por Covid-19 de um morador de Indaiatuba que estava sendo atendido em Valinhos.
foto: BIRF