Com um comprometimento no desenvolvimento na interação social e na comunicação, cada vez mais se faz necessária uma inclusão dos autistas na escola e na sociedade
Desde 2007, a ONU (Organização das Nações Unidas) definiu todo 02 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O objetivo é chamar a atenção da sociedade para o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Em 2020, pela primeira vez, a comunidade envolvida com a causa do autismo no Brasil se uniu para uma campanha nacional com o tema “Respeito para todo o espectro”.
O autismo é uma desordem que faz parte de um grupo de síndromes chamada Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), definido por variações presentes antes dos três anos de idade e que se caracteriza por alterações qualitativas na interação social, afetando a capacidade de comunicação e o uso da imaginação.
O transtorno autista consiste na presença de um desenvolvimento comprometido na interação social e na comunicação. É comum os autistas apresentarem um repertório muito restrito de atividades e interesses e as manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo.
“Todas as crianças portadoras de quaisquer necessidades especiais, não somente as autistas, têm direito à educação e, portanto, oferecer menos do que ela precisa é um ato desumano.O importante é compreender que ela é uma criança que precisa ser amada, acima de tudo, e estimulada um pouco mais para que se desenvolva. Livrar-se de todo preconceito e buscar informação são atitudes essenciais da família e amigos para humanizar esse processo”, afirma a psicóloga especialista em Neuropsicologia, Julyany Rodrigues Gonçalves.
Quando se fala em inclusão, é importante ressaltar que o conceito não é exclusivo da escola, mas sim de todas as camadas da sociedade. Atualmente, a legislação tem sido uma grande aliada das crianças e pessoas com as necessidades especiais e da garantia dos seus direitos. As pessoas com TEA têm os mesmos direitos garantidos a todos os cidadãos do país pela Constituição Federal de 1988 e outras leis nacionais. Dessa forma, as crianças e adolescentes autistas possuem todos os direitos previstos no Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8.069/90), e os maiores de 60 anos estão protegidos pelo Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003).
“A inclusão constitui novo paradigma no qual a sociedade deve buscar equacionar problemas, decidir sobre as soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos. Existem pontos importantes a serem considerados para a inclusão de uma criança autista na escola, especialmente as questões curriculares, comportamentais e de interação social, assim como para todas as outras crianças portadoras de necessidades especiais. Fundamental mesmo é que todos os envolvidos, família, amigos e escola, os tratem com dignidade, tentando entendê-los na sua forma de ser”, reforça Julyany.
Um ponto muito abordado pela psicóloga é a questão do quanto a inclusão é significativa na vida de um autista. Ela ressalta que crianças e adultos autistas podem contar com uma amplitude de profissionais (médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicopedagogos, entre outros) que contribuem significativamente para o seu desenvolvimento saudável, com resultados muito positivos decorrentes desses tratamentos. “Certo é que mudanças devem ocorrer, não apenas curriculares, mas nas atitudes de todos nós, educadores, profissionais e cidadãos para que as pessoas com necessidades especiais possam usufruir de todos os seus direitos. Não há receitas mágicas, cabe aqui o bom senso e a disponibilidade para vencermos o preconceito e a desinformação, quebrarmos os paradigmas e arregaçarmos as mangas, planejando ações que contribuam e impactem positivamente na vida dessas crianças”, finaliza.
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