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Adriana Esteves: 30 anos de sucesso!

Como Laureta, atriz volta a viver uma personagem criada por João Emanuel Carneiro, autor de “Avenida Brasil”

Depois do sucesso de Carminha em “Avenida Brasil” e de concorrer ao Emmy de Melhor Atriz pela personagem da série “Justiça”, Adriana volta a brilhar como Laureta em “Segundo Sol”, programa de maior audiência da TV brasileira na atualidade

Com 30 anos de carrreira, todos sabem que Adriana Esteves é uma atriz brilhante, mas a impressão que se tem é que seu talento só foi revelado quando interpretou Carminha em “Avenida Brasil” (2012), personagem de grande sucesso que até hoje é lembrado pelo público e merecidamente ovacionado. Mas não foi apenas esse o personagem que escreveu sua história. “Meu Bem Meu Mal” (1990); “Pedra sobre Pedra” (1992); “Renascer” (1993); “A Indomada” (1997); “Torre de Babel” (1998); “O Cravo e a Rosa” (2000); “Coração de Estudante” (2002); “Kubanacan” (2003); “A Lua me Disse” (2005); “Toma Lá, Dá Cá” (2005/2009); “Dalva e Eriberto” (2010); “Morde & Assopra” (2011); “Babilônia” (2015) e “Felizes para Sempre?” (2015) são apenas alguns dos exemplos que a tornaram uma das atrizes mais desejadas na TV. Após o sucesso de “Justiça” (2016), onde ela mais uma vez mostrou seu talento nato, concorrendo, inclusive, ao prêmio Emmy Internacional de Melhor Atriz, Adriana retorna às telas em grande estilo, ao lado do mesmo autor de Carminha (João Emanuel Carneiro) e revela que viver essas vidas é uma forma de estar em outro mundo. “Dou asas à minha loucura. É o que eu gosto tanto na minha profissão que escolhi ou fui escolhida, não sei nem explicar. Nasci pra isso. Fui uma menina com necessidade de ter os pés na loucura”, diz. Mas parece que a obsessão por Carminha, como ela mesma brinca, tomou conta dos jornalistas que a todo instante relembravam a adorável vilã. “Eu já respondi essa pergunta muitas vezes, mas eu vou continuar respondendo sempre que me perguntarem. Eu não tenho medo de comparação nenhuma! Não posso trabalhar com medo, não quero isso no meu repertório. Quero trabalhar com coragem, criatividade, dedicação, com amor e alegria. Estou aberta ao novo. Eu vou contar um segredo: a Carminha aprendeu tudo na vida dela com a Laureta”, responde com bom humor. Então, agora é só curtir mais um pouco esse bate-papo gostoso com essa estrela que continuará brilhando, só que dessa vez com Laureta em “Segundo Sol”.  

REVISTA REGIONAL: Mesmo com o passar dos anos, as pessoas ainda se lembram de Carminha e elas, de certa forma, farão comparação com a Laureta, atual personagem de “Segundo Sol”. No que elas são diferentes?

ADRIANA ESTEVES: Elas podem comparar sim, e é inevitável, mas eu não tenho essa preocupação. Elas são muito diferentes. A Laureta é outra mulher, em outra época, com outra história. Naturalmente elas são diferentes. O que na verdade bombou foi o texto do João Emanuel. Ele é certeiro e sabe o que vai colocar na boca de cada personagem. Eu já respondi essa pergunta muitas vezes, mas eu vou continuar respondendo sempre que me perguntarem. Eu não tenho medo de comparação nenhuma! Não posso trabalhar com medo, não quero isso no meu repertório. Quero trabalhar com coragem, criatividade, dedicação, com amor e alegria. Estou aberta ao novo. São outros personagens, com atores diferentes que irão nos dar uma contra encenação diferente, e a partir daí nós vamos criando esse trabalho artesanalmente e aos poucos. Eu vou contar um segredo: a Carminha aprendeu tudo na vida dela com a Laureta. (risos)

A Laureta poderá, então, ser uma vilã muito mais maquiavélica do que a Carminha?

Não existe no mundo uma pessoa pior do que a outra, ou uma mais boazinha. Não existe. O grande barato do ser humano e dos personagens é que nós tentamos fazer com que as pessoas acreditem, vejam, se identifiquem. É lembrar que o ser humano é único, é um lugar onde não existe competição, cada um é um. Eu tenho feito mulheres sérias, por exemplo, em “Justiça” que foi meu último trabalho, pra mim a Fátima era uma heroína, uma grande guerreira da vida. É que as pessoas ainda lembram muito da Carminha, mas depois dela eu não fiz nenhuma vilã. E agora vem a Laureta, mas eu também não gosto de rotular. 

Essa não é a primeira vez que você reencontra o Vladimir (Brichta), seu marido, numa trama. Como é poder trabalhar com ele também nas telas?

Eu não sei o que é melhor, poder desfrutar do grande ator que ele é ou da companhia dele de estarmos muito mais próximos. É muito especial pra mim. O último trabalho que fizemos foi em “Justiça” (2016), mas não contracenávamos juntos, mas nessa novela temos histórias boas pra criar. Nós conversamos sobre o nosso trabalho em casa também, e agora com a novela, não tem como não falarmos. Nós lemos todos os nossos encontros e está sendo muito gostoso. Estou com o Vladi há 14 anos, e sinto uma sensação muito gostosa de sermos criativos juntos, de um alimentando o outro. Nós damos muitos palpites sobre os nossos personanges. É o auge do prazer em todos os sentidos, é só prazer (risos).

O autor João Emanuel Carneiro é mestre em conduzir histórias humanas. Você se sente privilegiada em fazer parte dessa embarcação em que o comandante revolucionou a dramaturgia brasileira?

Eu fico muito feliz de trabalhar com ele, porque tenho admiração de como ele escreve novelas. “Avenida Brasil” (2012) foi sensacional. Eu tenho 30 anos de profissão e foi uma das teledramaturgias mais sensacionais da minha história, da minha trajetória e agora com o texto de “Segundo Sol”, só reafirma o mestre que ele é.

Em entrevista, o João Emanuel comentou que o vilão é o coautor de suas novelas, eles ajudam a contar suas histórias. Como você encara essa afirmação? É muita responsabilidade?

Sabe porque eu acho que ele diz isso? Porque o João é um autor, um homem muito inteligente, então ele constrói a vilania proporcional à inteligência do vilão, por isso, ele cria grandes vilões. Esse é o grande desafio de corresponder tamanha inteligência do autor.

A Laureta é uma mulher poderosa, sorridente e extrovertida, que se apresenta como “promoter” de eventos como fachada, mas na verdade ela agencia moças e rapazes para programas com uma clientela selecionada. Você já conheceu muitas mulheres como ela?

Conheço, mas nem que você me amarre, eu conto quem são as minhas inspirações, todas elas são segredos. Estou conhecendo a Laureta, e eu tenho dificuldade em falar das personagens, porque elas não precisam ser faladas; por si só, elas irão contar suas histórias. Então, essa pergunta é muito dificil pra mim. E não é porque eu não queira responder, é que eu realmente prefiro contar na hora do ‘ação’, da câmera com o personagem. Mas ela vai se apaixonar por uma pessoa, que eu não posso dizer quem é, mas quando você se apaixona, mesmo que ela não tenha dinheiro, não tem explicação. Ela se apaixona. Em primeiro lugar a vida dela, não é só dinheiro, e a paixão pode mudá-la.

O ator é um atleta das emoções, sendo assim, quais são os cuidados que você tem para não afetar a sua saúde, já que o corpo não diferencia essas emoções?

Eu sou muito cuidadosa quando estou trabalhando, cuido do meu corpo, quer dizer, não só quando estou trabalhando, mas me sinto uma atleta. Nós precisamos de fôlego para trabalhar tantos dias, horas, decorar textos, tomo cuidado com o meu sono, da minha dieta, do meu exercício físico, e o meu corpo precisa estar preparado, a minha mente também pra poder estar em paz pra que ela corresponda ao volume de trabalho que vou ter.

“Segundo Sol” significa recomeço. Em algum momento da sua vida você precisou recomeçar?

Meu amor, a gente recomeça todos os dias, o tempo inteiro, na hora em que você se arruma para vir pra cá, já é um recomeço.

A Deborah (Secco) comentou que é uma honra trabalhar ao seu lado, e você chegou a inspirá-la para viver Darlene em “Celebridade” (2003), quando você interpretou Sandrinha (“Torre de Babel”, 1998), mas ao mesmo tempo ela se sente insegura…

Quem disse que nós somos inseguras? Nós estamos há 30 anos trabalhando. Eu posso falar de mim, sou dedicada, responsável e não gosto muito da palavra perfeccionista, porque eu acho que na arte não existe perfeição. Eu tenho uma paixão muito grande pelo o que eu faço. É um prazer imenso! Sou uma pessoa bastante cuidadosa, e não me contento com pouco, quero fazer bem feito porque eu amo esse trabalho! Eu tenho uma profunda admiração por muitos colegas, e isso faz parte da nossa profissão, porque traz um aconchego, e nós nos sentimos como se fossemos uma família trabalhando juntos, e você não se sente fazendo sozinha. Eu me inspiro e me inspirei em tantas atrizes que, se eu fosse começar a falar não pararia, muitas pessoas me dizem que sou muito parecida com a Renata Sorrah, pra mim é um grande elogio, porque ela é uma inspiração da vida inteira, é uma amiga. Então, quando você diz que a Deborah falou isso, ela é de um carinho, de uma gentileza, uma menina super batalhadora, jovem que tem o mesmo tempo de profissão que eu, mas começou cedo, extremamente experiente e carimbada, mas é muito legal porque a gente se inspira uns nos outros. Eu estava conversando com o Lázaro Ramos e nós somos muito amigos, e nossas inspirações não são só em mulheres, mas em homens também. Quantas coisas eu já roubei do Lázaro?! Muitos bordões!

Falou-se sobre algumas possibilidades entre a Karola (personagem da Deborah) e a Laureta, delas serem irmãs ou mãe e filha…

Existe um segredo entre as duas personagens, mas ali é tão cheio de mistérios de tantos personagens…

Quando você diz que não gosta de rotular os personagens, é porque de certa forma ela pode ser humanizada?

A Laureta é uma mulher com um passado misterioso, uma mulher que se emociona, que tem suas dores, seus sofrimentos, guerreira também. Vou repetir várias vezes a palavra mulher, mas é isso, a mulher nunca é simples, é complexa. Eu procuro essa humanidade da personagem, e acredito que ela está sendo escrita assim pelo João, que é uma mulher com uma série de conflitos e questões. A minha preocupação não é fazer as vilanias, e sim contar a história dessa mulher, e o que ela sente em relação a uma série de coisas que serão abordadas na novela. Ela também tem o pé na comédia. Nós vamos ver no ar, e eu adoro novela por isso, porque faz parte da nossa cultura brasileira, que é quase interativa, ainda mais nos dias de hoje, com internet, e o rumo dos personagens é dado pelo público.

O fato de ter essa interação com o público, e nós sabemos que você não tem redes sociais, como você fica sabendo dos memes e até mesmo sobre os que as pessoas falam sobre os personagens?

Eu não tenho rede social, e a princípio não faço ideia de ter, mas como todo mundo pode mudar, pode ser que amanhã eu crie uma. Meus três filhos têm, o de 11 (Vicente), 18 (Felipe) e 20 (Agnes) anos, mas eles usam de uma maneira que eu acho muito legal. Eles não são loucos, não é um diário da vida deles, eles postam apenas algumas coisas que se interessam, música, uma foto que eles acharam bonita, o aniversário de alguma pessoa. Eu acho uma graça. Eu não sei se conseguiria fazer dessa forma, por isso, não tenho ainda. Os amigos mandam mensagens pelo whastapp sobre o que acontece e dessa forma eu acompanho, e eu acho um barato, adoro, só que talvez por gostar tanto, eu não tenho. Já imaginou eu não cuidar dos filhos, e não trabalhar pra ficar o dia inteiro ali? Seria um perigo pra mim, talvez eu estaria me defendendo em não ter.

Você tem muito trabalho com eles?

Eles estão grandes, estão se cuidando sozinhos. Amém! Não consigo dizer que eles deram trabalho, porque é tanto amor, e eu acho que a vida inteira eu tive muita vocação para a maternidade, que foi muito natural pra mim, é normal, é a melhor coisa do mundo.

O “Domingão do Faustão” completou 30 anos e algumas das histórias recordadas foi de quando você participou. Qual a evolução daquela Adriana para a de hoje?

Eu era bem menina, apresentei um quadro (“Controle Remoto”, 1989), mas foi só um dia. São 30 anos, é muita história na minha vida, muito aconteceu de lá pra cá. Nós estamos em movimento o tempo todo. Eu não me arrependo de nada, e tudo que eu sou hoje é porque passei e fiz alguma coisa.

Adriana é a grande vilã de “Segundo Sol”, maior audiência da TV brasileira na atualidade

Como a novela se passa em Salvador, a maioria dos atores estão bronzeados. Como você tem mantido seu bronze?

Eu gosto muito de tomar sol, preciso dele, e eu tenho o hábito de que sempre que está sol, eu faço uma caminhada na praia. Eu preciso do sol. Só me preocupo em passar protetor solar. Eu acho que se eu morasse em algum lugar que não tivesse sol, eu seria uma pessoa diferente, talvez fosse mais melancólica.

O Vladimir não precisou fazer prosódia para interpretar o personagem. Ter um marido baiano ajudou na composição da Laureta?

Ajudou, mas não só com o marido, porque a família dele toda é baiana. Estou sempre com a minha sogra, ela mora em Itacaré, meu sogro mora em Salvador, minha cunhada e cunhado não estão morando na Bahia, mas são baianos. A Laureta tem o sotaque que eu consigo fazer. Algumas pessoas da equipe são baianas, então a gente tira algumas dúvidas com eles também. Mas independentemente de termos um sotaque ou não, a ideia é procurar contar uma história, é só uma delicadeza a mais, porque o importante é você passar a delícia do povo baiano, o lado solar, a dança. Não precisa ser fiel ao sotaque que não é o seu. 

Aconteceram algumas discussões sobre o fato da novela não ter pessoas negras…

Nós temos grandes atores negros na novela, inclusive recentemente foi aniversário de um príncipe que eu estou tendo a honra de trabalhar, que é o Fabrício (Bolivieira). Um grande ator. Roberval, o meu parceirão nessa novela.

O que foi essencial para você compor a Laureta? Que tipo de laboratório você precisou fazer? Precisou ir a um outro tipo mundo?

Meu amor, eu estou sempre em outro mundo, dou asas à minha loucura, é o que eu gosto tanto na minha profissão que escolhi ou fui escolhida, não sei nem explicar. Nasci pra isso. Eu fui uma menina com muita necessidade de ter os pés na loucura. Foi quando ganhei a minha profissão de presente, que se encaixou perfeitamente comigo. Alguns personagens têm permitido e eu vou cavucando com as minhas loucuras.

Além dessa novela, você também está no seriado “Assédio” ainda sem previsão de estreia…

Fiz esse seriado no ano passado. Foi maravilhoso trabalhar novamente com a Amora Mautner, que é uma grande diretora, que dirigiu “Avenida Brasil”. A minha parceria com ela é muito verdadeira, é uma das pessoas que eu me sinto mais à vontade em falar do que estou sentindo, e ela pra mim também. É uma relação de coragem. Eu confio muito nela dirigindo. Um trabalho difícil porque a gente conta uma história verídica. “Assédio” é inspirada num livro pesado, mas eu gosto, eu amo fazer comédia, novela, série, mas gosto de trabalho pesado também. Gosto de desafios.

Quando você fez “Avenida Brasil” saiu ainda mais consagrada como atriz, mas qual a importância desse sucesso na sua carreira?

Não existe fórmula para o sucesso, se existisse estava todo mundo fazendo, porque quem faz um, faria sempre. O que me move a aceitar novos trabalhos é procurar ficar próxima das pessoas com quem eu gosto de trabalhar, é afinidade artística, quem eu admiro, quem me deu e pra quem eu dou o meu respeito. No caminho vai encontrando pessoas com quem tem mais afinidade, e esse trabalho é muito interessante porque, às vezes, nunca ouvimos falar de determinada pessoa, você não conhece, mas faz uma parceria com ela, e ela se torna importante na sua vida, com muito amor. Ao longo da minha trajetória profissional, eu fiz essa aliança forte com várias pessoas, e isso me orgulha.

Os anos passam, mas você continua a mesma mulher, linda, poderosa. Existe algum segredo para essa longevidade?

Pergunte para o Vladimir (risos). Meu amor, não é segredo, é tudo verdade. Eu faço o trabalho que amo, tenho uma família e amigos que amo. Procuro ser uma boa pessoa. É claro que a pele precisa de um bom dermatologista (risos), de um bom cabeleireiro, preciso do sol, de exercício físico, da equipe que trabalha comigo, que é pau pra toda obra… Eu faço o que toda mulher faz.

Como você faz para se proteger de pessoas invejosas?

Com o oposto, com amor, verdade, carinho, atenção, afeto. Só esses sentimentos bons podem subverter uma pessoa muito nociva, que está sem amor dentro dela, e talvez nunca tenha recebido, e se ela experimentar irá dar uma amolecida e talvez se torne uma pessoa mais bacana. Eu acho que sou otimista, esperançosa. Ninguém é louco de querer ficar perto de uma pessoa nociva, isso não, mas eu não procuro pensar nisso. Ao meu lado existem pessoas muito interessantes.                           

texto: Ester Jacopetti

Fotos: João Cotta/TV Globo

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