Mostra que traz obras inéditas no Hemisfério Sul aborda a complexa relação do impressionista com as transformações da natureza no final do século XIX
Water Lilies (Nymphéas), 1907
Óleo sobre tela [Oil on canvas], 92 x 81 cm
The Museum of Fine Arts, Houston, doação [gift] Sra. Harry C. Hanszen, Texas, Estados Unidos [United States]
Foto [Photo]: © The Museum of Fine Arts, Houston; Thomas R. DuBrock
O Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) anuncia a exposição “A Ecologia de Monet”, com uma leitura contemporânea sobre a relação de Claude Monet (1840–1926) com a natureza, as transformações ambientais, a modernização da paisagem e as tensões entre ser humano e natureza. A mostra apresenta obras que perpassam grande parte da carreira do artista — das décadas de 1870 até 1920 —, revelando diferentes momentos de sua relação com a paisagem e com o meio ambiente. Em cartaz de 16 de maio a 24 de agosto de 2025, a exposição reúne 32 pinturas do impressionista francês, sendo a maioria inédita no hemisfério sul.
Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp, e Fernando Oliva, curador, com assistência de Isabela Ferreira Loures, assistente curatorial, a mostra aborda diferentes aspectos da relação de Monet com a ecologia em cinco núcleos: “Os barcos de Monet”; “O Sena como Ecossistema”; “Neblina e Fumaça”; “O Pintor como Caçador”; “Giverny: Natureza Controlada”.
“É inegável que o artista teve um olhar atento para as transformações ambientais de seu tempo, documentando desde a industrialização crescente até fenômenos naturais, como enchentes e degelos. No entanto, a relação de Monet com a ecologia da época era outra, muito diferente das dimensões atuais do termo, tanto no campo das ciências do clima como no da história da arte. Ainda assim, é possível traçar leituras contemporâneas sobre o seu trabalho, especialmente se considerarmos a força e o impacto que sua obra segue exercendo na sociedade”, afirma Fernando Oliva.
O núcleo “O Sena como Ecossistema” aborda a água como um motivo constante na produção do artista, que cresceu na cidade do Havre, no norte da França, onde o rio Sena deságua no oceano Atlântico. Ao longo da vida, Monet percorreu grande parte dos 776 km do rio e seus afluentes, desenvolvendo uma relação profunda com as paisagens fluviais, que também expressam os hábitos sociais e o processo de industrialização. Na mostra, a importância do Sena para a vida e a obra do artista também é representada em um painel expográfico curvo que simboliza o percurso do rio.
A canoa sobre o Epte [The Canoe on the Epte], circa 1890
Óleo sobre tela [Oil on canvas], 133,5 x 146 x 3 cm
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, compra [purchase], 1953, MASP.00092
Foto [Photo]: João Musa
O núcleo “Neblina e Fumaça” discute como Monet representou as transformações urbanas e industriais de seu tempo. A energia a vapor, as fábricas em expansão, a produção de carvão e as rápidas mudanças nos meios de produção modificaram o horizonte das cidades do século XIX, fazendo com que as torres das igrejas passassem a competir com as chaminés na paisagem urbana. Os trabalhos em que o artista retrata as pontes de Waterloo e de Charing Cross, de Londres, são emblemáticos, pois dão a ver a forma como Monet explorou a perspectiva atmosférica com cores e pinceladas singulares, conferindo espessura à neblina e evidenciando o ar carregado pela fumaça liberada pelas indústrias instaladas às margens do rio Tâmisa.
“O Pintor como Caçador” parte das longas caminhadas de Monet à procura de boas vistas as quais pintar ou, como ele próprio dizia, boas “impressões”. Se no início de sua produção o artista se limitava a áreas de fácil acesso, especialmente após os anos 1880 passou a se aventurar por trilhas em busca de pontos de vista originais. Nesse núcleo também são apresentadas pinturas de Monet realizadas em suas viagens pela costa francesa —Normandia, Bretanha e Mediterrâneo —, além de passagens por outros países, como a Holanda.
“Giverny: Natureza Controlada” apresenta obras como “A ponte japonesa (1918–1926)” e “A ponte japonesa sobre a lagoa das ninfeias em Giverny (1920–1924)”, concebidas pelo pintor no refúgio que criou nos jardins de sua propriedade na cidade de Giverny, onde viveu por mais de quatro décadas. Esse núcleo faz uma reflexão sobre a paixão de Monet por seus jardins, que também pode ser analisada como um desejo de controlar e moldar a natureza.
“A exposição reflete uma relação complexa do pintor com a paisagem natural e o meio ambiente. Em suas pinturas coexiste um elogio ao meio ambiente e uma tentativa de organizá-lo, de contê-lo”, conclui Oliva.
“A Ecologia de Monet” integra a programação anual do Masp dedicada às “Histórias da ecologia”. A agenda inclui ainda mostras de Hulda Guzmán, Mulheres Atingidas por Barragens, Frans Krajcberg, Clarissa Tossin, Abel Rodríguez, Minerva Cuevas e a grande coletiva “Histórias da ecologia”.
A ponte japonesa sobre a lagoa das ninfeias em Giverny [Japanese Bridge over the Giverny], 1920-24
Óleo sobre tela [Oil on canvas], 90 x 92,5 cm
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, doação [gift] Louis La Saigne, 1948, MASP.00093
Foto [Photo]: João Musa
Claude Monet (1840–1926) foi um dos fundadores e principais expoentes do movimento impressionista, revolucionando a história da arte com sua abordagem inovadora da luz e da cor. Nascido em Paris e criado na Normandia, Monet desenvolveu desde cedo uma sensibilidade única para a natureza e suas transformações. Seu quadro “Impressão, Nascer do Sol (1872)” deu nome ao movimento impressionista. Ao longo de sua carreira, dedicou-se a capturar os efeitos transitórios da luz sobre a paisagem, muitas vezes pintando o mesmo motivo em diferentes horários e condições atmosféricas.
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Em diálogo com a exposição, a Loja Masp apresenta uma coleção exclusiva inspirada na obra de Claude Monet. A seleção de produtos inclui lenços de seda, vela aromática, aromatizador de ambiente, bolsas, ímãs, postais, marca-páginas, garrafa térmica, camisetas, cadernos de capa dura e bloco de anotação.
“A Ecologia de Monet” é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e tem patrocínio exclusivo de Nubank.
SERVIÇO:
A Ecologia de Monet
1° andar, Edifício Lina Bo Bardi (Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo)
Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta e quinta, das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta, das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas.
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 75 (entrada); R$ 37 (meia-entrada)