A psicóloga Simone Monfre explica que para uma vida longa e saudável mentalmente, é essencial desenvolver resiliência e habilidades de regulação emocional
A percepção atual de que os 50 anos são os novos 30 indica que muitas pessoas estão vivendo mais e com melhor saúde, parcialmente devido aos avanços na medicina e na tecnologia. No entanto, esses mesmos avanços tecnológicos podem, paradoxalmente, contribuir para novos desafios em saúde mental, como o aumento do estresse e da ansiedade relacionados à conectividade constante e à sobrecarga de informações.
Dra. Simone Monfré Sacilotto, psicóloga cognitivo-comportamental formada em Psicologia pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), afirma que é preciso desenvolver uma relação mais consciente e controlada com a tecnologia. “A Terapia Cognitivo-Comportamental oferece estratégias eficazes para gerenciar e mitigar os efeitos negativos da vida digital. Por exemplo, técnicas de atenção plena (mindfulness) podem ser empregadas para ajudar os indivíduos a se tornarem mais conscientes de seus hábitos. Além disso, a TCC pode ajudar a estabelecer limites saudáveis com a tecnologia, ensinando os pacientes a identificar sinais de estresse tecnológico e a implementar estratégias de desconexão. Isso inclui definir horários específicos para verificar e-mails e redes sociais, ou designar áreas da casa como zonas livres de tecnologia, promovendo assim períodos de descanso mental e interação humana direta”, explica.
A abordagem terapêutica também pode, segundo ela, focar no reforço de comportamentos saudáveis que a tecnologia muitas vezes desloca, como atividades físicas regulares e interações sociais presenciais, que são cruciais para a saúde mental em qualquer idade. “Encorajar um equilíbrio entre a vida online e offline é essencial para manter a saúde mental e o bem-estar geral nesta era digital”, observa.
Oferecendo consultas através da Telemedicina para pacientes no Brasil, EUA, Reino Unido e Austrália, Dra. Simone possui uma base sólida de conhecimento e experiência na área Clínica da Terapia Cognitiva Comportamental de Adultos e Idosos. Concluiu duas pós-graduações na PUC de Campinas, especializando-se em Terapia Cognitiva Comportamental e Terapia dos Esquemas. Aprofundou-se ainda mais ao obter uma pós-graduação em Neurociência e Comportamento pela PUC do Rio Grande do Sul. Seu compromisso com a excelência a levou a alcançar o título de Doutora em Psicologia Clínica Comportamental pela Universidade de São Paulo. Além disso, possui uma formação em Medicina Psicossomática pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, e uma especialização em Hipnose Clínica e outros Estados Modificados de Consciência pela Faculdade Paulista de Ciências da Saúde.
Com vários de seus pacientes vivendo a chamada maturidade, Dra. Simone lembra que para uma vida longa e saudável mentalmente, é essencial desenvolver resiliência e habilidades de regulação emocional. Enfrentar desafios e mudanças crescentes, incluindo perdas e transições, é inevitável à medida que vivemos mais. Cultivar uma mente flexível é, portanto, fundamental. “Primeiro, enfatizo a importância de fortalecer redes de apoio social, pois conexões saudáveis são vitais para a saúde mental. A solidão pode ser extremamente prejudicial, comparável ao hábito de fumar 15 cigarros por dia”, pontua, ressaltando ainda que “é crucial normalizar a busca por diagnóstico preventivo e ajuda psicológica”. “Terapias eficazes, como a TCC, oferecem ferramentas para gerenciar emoções e comportamentos de forma saudável. Somos habituados a ir a diversas especialidades médicas para o check-up anual da saúde física, mas e o check-up da saúde mental e emocional como está?”, indaga. “Como psicóloga cognitivo-comportamental, noto resistências à Psicoterapia, especialmente entre indivíduos acima de 50 anos. É importante desmistificar a saúde mental e adaptar abordagens terapêuticas respeitando as histórias e valores de cada pessoa, criando um ambiente acolhedor que facilita a aceitação do tratamento”, afirma.
Como cuidar do mental de forma preventiva?
Assim como fazemos com o físico, podemos também cuidar da saúde mental de forma preventiva, e isso envolve uma combinação de práticas diárias e acompanhamento profissional. Dra. Simone ensina que é necessário estabelecer uma rotina saudável, incluindo atividades físicas regulares e uma dieta equilibrada de alimentos e de sono, que são fundamentais para o bem-estar físico e mental. Práticas como meditação e ioga também ajudam a manter a mente centrada e a desenvolver resiliência emocional. “Além das práticas diárias, é crucial criar e manter laços sociais fortes e cultivar hobbies e interesses que trazem alegria e satisfação. O que te faz bem? Dançar, correr, pintar, pescar, ler… Faça mais disso! Essas atividades fornecem suporte emocional e mental, aliviando o estresse do cotidiano”, continua. Adicionalmente, é importante considerar avaliações psicológicas periódicas com um profissional. “Consultar um psicólogo para realizar check-ups mentais pode ajudar a identificar precocemente sinais de ansiedade, depressão ou perdas cognitivas. Durante essas avaliações, o psicólogo pode usar uma variedade de ferramentas e testes para avaliar o estado mental atual e discutir quaisquer preocupações ou sintomas que a pessoa possa estar experimentando”, ressalta. Essas consultas preventivas são, segundo ela, uma oportunidade para discutir estratégias personalizadas para lidar com estresses específicos e melhorar a saúde mental global. “Encorajo todos a considerar essas avaliações como parte de um plano de saúde mental preventivo, para garantir uma abordagem completa e proativa no cuidado com a mente”, conclui.
Como aproveitar a terceira idade
Para aqueles na maturidade, manter a saúde mental robusta é essencial para aproveitar esta fase da vida ao máximo. Aqui estão algumas orientações e tratamentos recomendados pela Dra. Simone para promover um bem-estar mental duradouro:
- Atividade física regular: Manter-se ativo é crucial. Exercícios como caminhada, natação, yoga e tai chi são ideais por serem de baixo impacto e ajudarem a reduzir sintomas de ansiedade e depressão, além de melhorar o humor e a função cognitiva.
- Nutrição adequada: Uma dieta balanceada, rica em frutas, verduras, proteínas magras e ácidos graxos essenciais, como os ômega-3, suporta tanto a saúde física quanto a mental. Limitar o consumo de açúcares e gorduras saturadas é também fundamental.
- Vínculos sociais fortes: Manter relações sociais ativas é crucial. Interagir com amigos, família e participar de grupos ou atividades comunitárias pode combater a solidão e proporcionar suporte emocional significativo.
- Engajamento mental: Atividades que desafiam o cérebro, como ler, resolver palavras cruzadas ou aprender novas habilidades, jogos de tabuleiro são úteis para manter a mente afiada. Aplicativos de treinamento cerebral também podem estimular a função cognitiva ajudam a manter a mente ágil e podem retardar o declínio cognitivo.
- Cuidado psicológico regular: Consultas periódicas com um psicólogo podem ajudar a manter a saúde mental em cheque. Terapias como a Cognitivo-Comportamental são eficazes no tratamento de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais.
- Gerenciamento de estresse: Técnicas de relaxamento, como meditação, mindfulness (atenção plena) e respiração profunda, são excelentes para gerenciar o estresse diário e melhorar a resposta emocional a situações desafiadoras.
- Sono de qualidade: Uma boa noite de sono é fundamental para a saúde mental. Estabelecer uma rotina de sono regular e assegurar um ambiente propício ao descanso pode significativamente melhorar a qualidade do sono.
- Tratamento para condições de saúde mental: Se necessário, médicos podem prescrever medicamentos para tratar condições específicas. É importante seguir as orientações médicas e discutir qualquer efeito colateral ou preocupação com o profissional responsável.
DRA. SIMONE MONFRÉ SACILOTTO
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foto: Arquivo pessoal
