Para especialistas, o foco não é apenas prolongar a vida, mas garantir que esses anos sejam vividos com qualidade e bem-estar
O envelhecimento deixou de ser visto apenas como o aumento no número de anos vividos. Para especialistas, o foco não é mais apenas prolongar a vida, mas garantir que esses anos sejam vividos com qualidade e bem-estar. Esse novo conceito, conhecido como longevidade saudável, ganhou destaque e está evoluindo a maneira como a sociedade encara a velhice.
“Mais do que viver por muitos anos, é preciso garantir que esses anos sejam vividos com saúde, disposição e autonomia”, explica o geriatra Dr. Marcelo Pinheiro, especialista em envelhecimento ativo. Segundo ele, a longevidade saudável significa preservar o equilíbrio entre corpo e mente, garantindo que as pessoas possam manter sua independência e desfrutar de uma vida plena.
Muito além da ausência de doenças
O conceito de longevidade saudável vai muito além da ausência de doenças. Ele abrange o conjunto de práticas que ajudam a garantir o bem-estar físico, mental e social ao longo da vida. Isso inclui alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares, preservação da saúde mental e manutenção de conexões sociais.
De acordo com a nutricionista Amanda Souza, a alimentação desempenha um papel crucial na longevidade saudável: “Uma dieta rica em frutas, legumes, cereais integrais e proteínas de boa qualidade ajuda a preservar a saúde celular, prevenindo inflamações e doenças crônicas. Além disso, o consumo adequado de proteínas é essencial para preservar a massa muscular, que tende a diminuir naturalmente com a idade”, explica.
Pesquisas indicam que a adoção desses hábitos pode retardar ou até prevenir o surgimento de condições como hipertensão, diabetes e Alzheimer, que são comuns em idosos.
A importância da atividade física
Outro pilar fundamental da longevidade saudável é a prática regular de atividades físicas. Para especialistas, o sedentarismo é um dos maiores inimigos do envelhecimento ativo: “A atividade física fortalece o sistema muscular, melhora a saúde cardiovascular e ainda estimula o funcionamento do cérebro, ajudando a prevenir problemas de memória e concentração”, destaca o Dr. Marcelo.
Para idosos, exercícios de baixo impacto, como caminhadas, yoga, pilates ou hidroginástica, são altamente recomendados, pois trazem benefícios para o coração com menor risco de lesões. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que pessoas fisicamente ativas têm até 30% menos chances de desenvolver doenças graves, como problemas cardíacos. Além disso, a prática de exercícios é uma grande aliada da saúde mental, pois reduz os níveis de estresse, ansiedade e depressão, problemas que afetam muitas pessoas na terceira idade.
Saúde mental e conexões sociais
A saúde mental também desempenha um papel central no conceito de longevidade saudável. Com o aumento da expectativa de vida, cresce a preocupação com problemas emocionais, como solidão e isolamento social, que podem afetar gravemente a qualidade de vida.
Pesquisas apontam que a solidão aumenta o risco de doenças cardiovasculares, depressão e até declínio cognitivo, como demências. Por isso, manter uma rede de apoio, cultivar amizades e participar de atividades em grupo são estratégias eficazes para preservar uma boa saúde emocional.
“A socialização é essencial para envelhecer bem. Ter uma rede de apoio evita o isolamento e proporciona um senso de pertencimento e segurança emocional”, afirma a psicóloga Renata Dias. Ela destaca ainda que hobbies, como aulas de artesanato ou música, também ajudam a manter a mente ativa e estimulada.
A tecnologia no envelhecimento saudável
Os avanços científicos e tecnológicos desempenham um papel essencial na promoção da longevidade saudável. Novas terapias, medicamentos personalizados e inteligência artificial na área da saúde ajudam a prevenir e tratar doenças com maior precisão. Isso tem contribuído para que as pessoas não apenas vivam mais, mas vivam com qualidade. No Brasil, iniciativas como o programa “Envelhecimento Ativo”, do Ministério da Saúde, incentivam a prática de atividades físicas e a alimentação saudável desde a juventude. “Preparar-se para uma velhice saudável não é algo que começa aos 60 anos. É um investimento que deve ser feito ao longo de toda a vida”, reforça o Dr. Marcelo.
Para o geriatra, o envelhecimento, que antes era associado a perdas e limitações, está sendo ressignificado. “O objetivo agora é encarar essa fase como um período de novas possibilidades e aprendizado. No entanto, para isso, é necessário adotar um estilo de vida saudável desde cedo e contar com o apoio de políticas públicas e conscientização coletiva”, ressalta.
“Envelhecer bem é uma conquista possível e acessível para todos. Mas exige planejamento, escolhas conscientes e o suporte de uma sociedade preparada para lidar com o envelhecimento de forma positiva”, pontua. Com isso, o ato de envelhecer deixa de ser apenas uma contagem de anos vividos e passa a ser um convite para viver plenamente, com saúde, vitalidade e propósito em todas as fases da vida.
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