Fernanda Rodrigues é muito mais do que uma atriz consagrada no cinema, teatro e TV; ela é também mãe, empresária e defensora do equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Nesta entrevista exclusiva à Revista Regional, Fernanda compartilha sua busca pela leveza no cotidiano, a entrega física e emocional em projetos marcantes como o filme “Nosso Lar 2”, e os desafios de educar seus filhos com valores que reflitam igualdade e respeito. Ela ainda fala sobre sua transição de atriz mirim para adulta e como a maternidade e o empreendedorismo trouxeram novas perspectivas para sua vida. Com uma narrativa que mistura paixão pela arte, dedicação familiar e visão de futuro, Fernanda nos convida a refletir sobre o poder da autenticidade em cada papel que desempenhamos, seja no trabalho ou na vida.

REVISTA REGIONAL: Na nossa última conversa, você mencionou a importância de buscar leveza e focar no essencial no dia a dia. Como essa busca se traduz em ações práticas, especialmente nessa época do ano?
FERNANDA RODRIGUES: Com o tempo e a maturidade eu aprendi a separar um tempo para mim, me priorizar. Passei a dar mais importância para momentos de autocuidado, prestar mais atenção ao meu corpo e à minha mente. Um não funciona bem sem o outro, e ter saúde mental é fundamental. Procuro não me preocupar tanto com o depois e viver mais o presente. A yoga e a meditação me ajudam muito nesse sentido, a encontrar um equilíbrio e a sentir menos ansiedade, por exemplo. Começar a meditar foi um processo mais difícil, mas com o tempo a gente passa a entender as ferramentas. Tem dias em que estou com a cabeça mais cheia e tenho mais dificuldade, mas o importante é manter essa rotina porque mesmo que você não consiga, aquele momento vai fazer um bem enorme para o dia.
No filme “Nosso Lar 2”, há uma cena marcante em que você se entrega completamente à personagem, chegando a ralar os joelhos no chão de pedra. O que essa entrega física e emocional representou para você como atriz e para a construção dessa cena específica?
Eu amo o que eu faço, e a minha entrega é sempre total para cada personagem que vivo. É uma entrega de corpo e alma, mesmo, ainda que isso possa me custar alguns arranhões. Não sei fazer diferente. Mas fazer cinema tem um gostinho especial para mim e realizei trabalhos incríveis, como o filme “Nosso Lar 2”. A preparação para o cinema é uma coisa que eu gosto muito, um processo muito diferente da TV e muito intenso, muito prazeroso. O tempo é menor, tanto de preparação como de filmagem, mas é com muita intensidade, com muito amor aquilo, então eu me dedico bastante.
Com uma carreira que transita entre cinema, teatro e TV, quais são as suas expectativas para 2025? Há algum projeto ou direção artística que você gostaria de explorar mais profundamente no próximo ano?
O que mais me inspira quando eu penso ou aceito novos projetos, é poder trabalhar com pessoas legais, com quem vou dividir meus dias, minha rotina, minha energia e, óbvio, se o personagem é bom, se eu vou me divertir. Tem os projetos que tenho feito para a internet, e lancei recentemente a segunda temporada do “Como Será o Futuro”. É uma forma também de falar com o meu público, trazer assuntos que gosto, e tenho recebido um retorno bastante positivo. Esse programa me conecta muito comigo, porque eu faço, eu sou produtora do meu canal e da minha rede, e me conecta muito com as pessoas que gostam de mim. Além disso, tenho planos para teatro e TV, mas ainda não posso dar muito detalhes. Amo trabalhar, me comunicar e estou sempre criando. Podem aguardar que vêm mais novidades por aí.

Fernanda, o blog “Cheguei ao Mundo” se tornou um espaço único de troca sobre maternidade. Como essa experiência de compartilhar histórias e reflexões influenciou sua visão sobre os desafios e as delícias da criação dos filhos, e de que forma isso se conecta com os diferentes papéis que você interpreta como atriz?
A maternidade sempre foi um sonho para mim, e tive o privilégio de poder parar e me dedicar aos meus filhos, o que foi muito importante para a minha relação com eles, comigo mesma e até com o meu trabalho. Passei a olhar para vida de uma nova maneira e a valorizar mais os momentos. Hoje, sinto que estou mais inteira naquilo que faço e consigo conciliar melhor todos os meus compromissos. Aprendi a me dividir, então tem a hora em que estou mais voltada ao trabalho, quando faço uma novela, por exemplo, mas compenso de outras formas. E assim a gente vai achando esse equilíbrio. Ser mãe é muito importante para mim, minha prioridade, mas a minha profissão é algo que me faz feliz, que é também preciosa para mim.
Em algumas entrevistas, antes de se tornar mãe, você sempre comentou sobre o desejo de ter filhos. Então, eu te pergunto, após os anos passados, mãe de Luísa e Bento, de que maneira a maternidade te completa?
Eles fazem com que eu seja 100%. Não consigo me imaginar sem exercer esse papel da maternidade. Quando eu paro para pensar no passado, é como se eles sempre estivessem comigo. Eu gosto de ser mãe, de estar com eles, de fazer parte do dia, de educar… Maternidade não é glamour, é cansativo, te exige muito, mas eu, Fernanda, sou muito realizada nesse lugar como a mãe da Luísa e do Bento.
De que forma você busca ajudá-los a enfrentar os desafios do mundo e transmitir a eles valores de igualdade?
Acredito que a melhor maneira de a gente educar é pelo exemplo. Sempre tive referência de mulheres fortes e empoderadas em minha vida, e isso também acontece com a minha filha. Na nossa casa, nos ajudamos e nos respeitamos muito. Tudo é conversado. Aqui não tem papo de “isso não é coisa de mulher”. Meus filhos estão crescendo vendo uma mãe que luta pelo que quer, que vai atrás de seus sonhos, e eles sentem um orgulho enorme disso. Eles entendem que preciso estar feliz com o que faço para também estar bem para eles, como mãe.
Fernanda, você começou sua carreira muito jovem. Como foi crescer diante das câmeras e passar por essa transição de atriz infantil para uma atriz adulta, e como essa experiência influenciou sua carreira profissional?
A transição, o olhar do público, eu diria que levou bastante tempo para eles verem que eu tinha crescido. Comecei muito cedo e, diferentemente de muitos atores mirins, eu não tive nenhuma pausa na adolescência. Os trabalhos foram fluídos e eu cresci literalmente com as minhas personagens. É claro que na adolescência foi um pouco mais complicado, porque você tem a mídia querendo saber mais da sua vida e é uma exposição difícil. Mas eu sou muito apaixonada por essa profissão. A alegria de trabalhar com o que amo supera e sempre superou qualquer obstáculo. Uma coisa muito legal é que eu sempre me senti bastante respeitada pelo público, pelos fãs… Sempre foi uma relação de bastante carinho.

Com uma extensa carreira tanto no teatro, no cinema como na TV, o ator tem o poder de se transformar em vários personagens. O que te motiva a continuar interpretando e participando de diversas histórias?
É preciso ter amor pela profissão. E eu tenho demais. Eu vejo o quanto sou realizada pela história que construí. E mesmo depois de todos esses anos, eu me vejo no set feliz, alegre de estar ali executando mais um trabalho. Fico feliz de ter encontrado uma personagem como a Alicia de “Fuzuê” (sua última novela), que era muito diferente de mim e de tudo o que já fiz.
Além de atriz, você também se tornou empresária e hoje é proprietária da marca de café FNV Cafeteria. Como surgiu essa ideia e como você encara esse novo projeto em sua vida?
O café é uma nova paixão. Quando criamos a FNV, nós embarcamos de cabeça nesse sonho e nessa missão de estar criando algo em que acreditamos muito. Modéstia à parte, eu me sinto bastante orgulhosa com o que estamos construindo com a FNV Cafeteria. Cada etapa do nosso processo é tratada com muita atenção e carinho.
entrevista/texto: Ester Jacopetti
fotos: Sérgio Baia