Campanha reforça a importância da fotoproteção na prevenção do câncer de pele e da realização regular do autoexame da pele, que ajuda na identificação antecipada das lesões da doença e, consequentemente, melhora o prognóstico
“Dezembro Laranja” é a campanha de conscientização sobre o câncer de pele, criada para informar a população sobre a importância da prevenção e detecção precoce desse tipo de câncer que é o mais comum no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a previsão é que mais de 230 mil novos casos da doença sejam registrados anualmente no país até 2025 entre melanoma, carcinoma epidermoide e carcinoma basocelular, que são os diferentes tipos de câncer de pele.
“O câncer de pele ocorre devido à replicação desordenada das células da pele, levando a formação de um tumor maligno”, detalha o médico oncologista Dr. Ramon Andrade de Mello, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Pós-doutor clínico no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e pesquisador honorário da Universidade de Oxford (Inglaterra). “Os tumores de pele não melanoma, como o carcinoma epidermoide e o carcinoma basocelular, são os mais comuns. Este último representa 70% dos diagnósticos de câncer de pele. Já o melanoma é menos frequente, porém, tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade”, alerta a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Segundo o Dr. Ramon, existem vários fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pele, incluindo histórico familiar, alterações genéticas, fototipo de pele e, principalmente, exposição solar demasiada com ausência do uso de protetor solar. “A exposição solar desprotegida é realmente preponderante para o desenvolvimento do câncer de pele. Isso é especialmente preocupante no Brasil, onde a incidência de radiação solar é muito elevada”, diz o oncologista. Por esse motivo, os cuidados com a fotoproteção são as principais medidas preventivas contra o câncer de pele. “Para evitar danos, é necessário aplicar diariamente um protetor solar com, no mínimo, FPS 30. Além disso, o produto deve ser reaplicado de duas em duas horas em ambientes abertos e de quatro em quatro horas em ambientes fechados. É importante também evitar a exposição solar entre 10h e 16h da tarde, período em que a radiação solar é mais forte. Nesse horário, prefira a sombra”, aconselha a Dra. Claudia Marçal
De acordo com o Dr. Ramon, como a maioria das neoplasias, o câncer de pele é uma doença silenciosa: “Porém, pode se manifestar através do desenvolvimento de alterações da pele, como sinais e pintas desproporcionais”, explica o médico. Por isso, o autoexame da pele é tão importante, auxiliando na detecção precoce da doença, o que eleva as chances de cura para mais de 90%, segundo a dermatologista. “O autoexame deve ser realizado principalmente nas pessoas de pele clara, com histórico familiar ou pessoal de câncer de pele, com uma grande quantidade de pintas, que se expuseram excessivamente ao sol antes dos 30 anos ou sofreram queimaduras”, diz a Dra. Claudia Marçal.
Mas a dermatologista reforça que o exame não deve ser realizado apenas em dezembro, mas sim com certa regularidade, preferencialmente uma vez por mês. “De frente ao espelho em um lugar com boa iluminação, comece examinando o rosto, principalmente nariz, lábios, boca e orelhas, além do couro cabeludo, o que pode ser feito com ajuda de um pente para separar os fios. Em seguida, foque no pescoço, peito e tórax e não se esqueça da nuca e abaixo dos seios. Nos braços, verifique axilas, antebraços, cotovelos e mãos, inclusive entre os dedos. Com a ajuda do espelho ou de outra pessoa, atente-se às costas, nádegas e pernas. Sente-se para olhar também o interno das coxas, área genital, tornozelos e pés, incluindo a sola e o espaço entre os dedos”, detalha a Dra. Claudia Marçal.
Durante o autoexame, seu objetivo é verificar a existência de lesões preocupantes, usando a regra ABCD (assimetria, borda, cor e diâmetro). “Dividimos a lesão em quatro partes iguais e comparamos os quadrantes. Caso a pinta seja assimétrica, tenha bordas irregulares, várias cores ou diâmetro maior que seis mm, é motivo de atenção”, comenta Dra. Claudia. Qualquer lesão que coce, doa, sangre ou que aumente de tamanho com rapidez também é preocupante. Ao notar qualquer um desses sinais, é importante buscar um médico. “A dermatoscopia é um dos principais exames utilizados para identificar lesões suspeitas na pele. Porém, somente a biópsia dessa lesão é que vai definir o diagnóstico”, destaca o Dr. Ramon Andrade de Mello.
O oncologista explica que, uma vez confirmado o diagnóstico de câncer, o tratamento será definido caso a caso. “Via de regra, o tratamento padrão para o câncer de pele é a cirurgia, mas a quimio e a imunoterapia também podem ser indicadas, além das terapias-alvo, uma abordagem inovadora que representa um grande avanço tecnológico para a oncologia. Com elas, é possível localizar os alvos celulares e manipulá-los para impedir o desenvolvimento dos tumores”, detalha o Dr. Ramon Andrade de Mello, que reforça que cada caso é um caso e é sempre importante discutir as possibilidades com o médico oncologista. “Quanto às novidades, além das terapias-alvo, recentemente, as vacinas também têm sido avaliadas em pesquisas clínicas para o tratamento do melanoma, mas ainda se encontram em fases muito iniciais”, finaliza o médico.
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