‘Caipiras: das derrubadas à saudade’ apresenta obras fundadoras do acervo da Pinacoteca e analisa a construção do personagem para o debate sobre arte nacional nos séculos XIX e XX
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, apresenta até abril de 2025 a exposição “Caipiras: das derrubadas à saudade”, no segundo andar do edifício Pinacoteca Luz.
Com curadoria de Yuri Quevedo, a mostra reúne cerca de 70 obras, de 35 artistas, e faz uma análise histórica da construção da figura do caipira na arte. Em 2025, serão celebrados os 120 anos de fundação do museu, que foi criado em 1905 com a transferência de um conjunto de 20 obras vindas do Museu Paulista. Duas delas, “Caipira picando fumo” (1893) e “Amolação interrompida” (1894) – que completa 130 anos em 2024 –, são de autoria do ituano Almeida Júnior, um dos artistas brasileiros mais importantes do século XIX.
A figura do caipira se consolidou como um dos principais temas do acervo da Pinacoteca e os quadros de Almeida Júnior, realizados entre as décadas de 1880 e 1890, são os mais procurados pelo público do museu. “A comoção diante dessas obras – realizadas há mais de cem anos – é a medida do quão abertas elas estão ao nosso tempo, ou seja, de como seus significados ainda tocam as pessoas e são negociados no presente. Mas se um futuro consciente é fruto da análise da história, precisamos reconhecer as origens dessas pinturas para poder considerar sua relevância na atualidade”, observa o curador.
A primeira sala expositiva traz obras como as duas versões de “Caipira picando fumo” (1893) e “Amolação interrompida” (1894), bem como telas dos italianos Carlo de Servi e Antonio Ferrigno e do catalão Lluis Graner – que foi companheiro de trabalho do famoso arquiteto Antoni Gaudí. Na segunda galeria, estão reunidos trabalhos que buscam apresentar os antecedentes do caipira, que pode ser entendido como a síntese de outras imagens produzidas ao longo do século XIX, seja a representação dos Bandeirantes, Tropeiros ou Degredados. Paralelas a essas figuras, algumas paisagens retratam as derrubadas das florestas num período de 70 anos, mostrando a longevidade desse modo de pintar a paisagem, mas também a atividade dos artistas para denunciar a destruição do ambiente natural brasileiro.
A última sala se volta para a representação do sistema cultural em que a figura do caipira se insere, uma preocupação realista dos pintores modernos, como Almeida Júnior. Representando cenários que nos remetam ao universo caipira, as obras buscam refletir sobre suas relações com a natureza, com a vida doméstica, seus hábitos, trazendo ainda o elemento dramático para a narrativa. É nessa sala que está a “Saudade” (1899), uma das obras mais emblemáticas de Almeida Júnior. Há ainda pintores portugueses, espanhóis, franceses e italianos representando camponeses e trabalhadores, como no caso de: José Malhôa, Souza Pinto, L’Heremitte, Pinello Llul e Lluis Graner.
Mais sobre a exposição e Almeida Junior você confere na edição impressa e digital de dezembro da Revista Regional.
“Caipiras: das derrubadas à saudade”
Período: 23 de novembro de 2024 a 13 de abril de 2025
Curadoria: Yuri Quevedo
Pinacoteca Luz (2º andar)
De quarta a segunda-feira, das 10h às 18h (entrada até 17h)
Gratuitos aos sábados – R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada), ingresso único com acesso aos três edifícios – válido somente para o dia marcado no ingresso
Quintas-feiras com horário estendido B3 na Pina Luz, das 10h às 20h (gratuito a partir das 18h
fotos: Acervo/Pinacoteca de São Paulo