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A tradição do Divino de Itu

Aquarela de Miguel Dutra, da década de 1840: “Folia do Divino em Itu”, considerada uma das mais antigas iconografias da festa popular paulista

A tradição da Folia do Divino surgiu em Itu no século XVIII na preparação para a festa popular de Pentecostes, como em outras muitas comunidades, vilas e cidades paulistas. Era conduzida por homens organizados em uma companhia de cantadores, violeiros e rezadores, o principal deles o alferes, responsável pela Bandeira do Divino.

Segundo o historiador ituano Luís Roberto de Francisco, a celebração popular era realizada para difundir a devoção e arrecadar prendas para a festa na igreja. Durante a primeira metade do século XX, ainda se fazia em Itu essa comemoração, que se perdeu nas últimas décadas. Porém, a Folia foi restaurada em 2014 com a visita aos sete pousos e o Cortejo Solene nas ruas principais de Itu.

Este ano, as preparações tiveram início em abril através de iniciativa do Núcleo Cultural da Folia do Divino Espírito Santo de Itu. Até o desfile programado para 19 de maio, serão sete visitas da Bandeira do Divino Espírito Santo a residências, transformadas em pousos, para a reza, louvações, cantoria e bênção, a cargo do curador. “Desta forma, mantém-se viva uma das mais importantes celebrações populares da fé entre os paulistas”, atesta Luís Roberto. 

Cada pouso contempla um dos dons do Espírito Santo. A bandeira, conduzida pelo alferes é um símbolo tradicional, enfeitada com fitas coloridas que são substituídas ano a ano. À medida que se caminha para o tempo de Pentecostes, as fitas ganham nós, feitos pelos que pedem graças ao Espírito Santo. As celebrações se encerram no dia 19 de maio, domingo de Pentecostes, com o Cortejo Solene da Bandeira do Divino, percorrendo o centro histórico de Itu.

A organização desta tradição é iniciativa do Instituto Cultural de Itu e visita famílias que solicitaram os pousos no anterior. Elas recebem uma imagem do Espírito Santo confeccionada especialmente para a sua residência, que continua abençoando a família.

 

Luís Roberto conta que a celebração do Divino Espírito Santo é oficial da Igreja, “mesmo a parte profana, que tem o Império, os membros da Corte do Divino, representados por crianças”. É uma das mais importantes festas do Catolicismo e nunca deixou de ser realizada, o que se perdeu em Itu e foi retomado recentemente foi a Folia do Divino conduzindo a Bandeira. “O grande simbolismo (da festa) é celebrar a presença do Espírito Santo iluminando os caminhos da Cristandade. A Bandeira do Divino é o símbolo máximo na cultura popular, que se mantém vivo através dos séculos. O que foi retomado em Itu foi a tradição da Folia do Divino conduzindo a Bandeira”, explica. Cidades como Tietê e Laranjal Paulista, no Vale Médio do Tietê, mantêm viva a tradição e reúnem milhares de pessoas. 

INSTITUTO CULTURAL DE ITU

Responsável por preservar o patrimônio imaterial e material da cidade, o Instituto Cultural de Itu, criado em 1999, é uma instituição que reúne entusiastas da memória e da cultura ituana. É a entidade mantenedora de quatro projetos significativos para Itu: o Museu da Música – Itu, com acervo de mais de 10 mil partituras; a Schola Cantorum de Itu, que preserva o Canto Gregoriano e a música sacra local em celebrações religiosas; a Biblioteca Histórica Padre Luiz D’Elboux que, em parceria com a Igreja do Bom Jesus, salvou uma importante coleção de livros do século XIX; e o Núcleo Cultural da Folia do Divino Espírito Santo de Itu, que mantém a celebração popular viva. Toda esta atividade, segundo o historiador Luís Roberto de Francisco, é voluntária, não conta com apoio do poder público ou do setor privado. Aqueles que se interessarem em colaborar podem procurar pela diretoria através do e-mail museudamusicaitu@gmail.com .

 

texto: Renato Lima

foto: Museu da Música/Itu

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