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Post: Itu terá centro cultural e instituto de Eduardo Kobra

Itu terá centro cultural e instituto de Eduardo Kobra

Considerado um dos maiores muralistas do mundo, com obras icônicas em diversos países, Kobra pretende construir um centro cultural com workshops e galeria a céu aberto no Largo da Estação, em Itu

Kobra tem residência em Itu, onde pretende criar centro cultural

Ao comemorar seus 413 anos, Itu recebeu um presente antecipado. No início de janeiro, o famoso muralista Eduardo Kobra, que fixou residência na cidade durante a pandemia, anunciou que pretende trazer para cá a sede do seu Instituto Kobra e ainda criar um centro cultural.

Para isso, a Prefeitura deve ceder a ele, pelo período de 20 anos, um espaço da antiga Fepasa, na Praça Gaspar Ricardo, o Largo da Estação. A ideia é fazer, no local, intercâmbio entre artistas nacionais e internacionais, além de workshops e uma galeria a céu aberto.

Da periferia de São Paulo para o mundo, Eduardo Kobra tornou-se um dos mais reconhecidos muralistas da atualidade, com obras nos cinco continentes. Desde os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, ele detém o recorde de maior mural grafitado do planeta – primeiro com ‘Etnias’, pintado para celebrar o evento, com 2,5 mil metros quadrados; marca superada por ele mesmo em 2017, com uma obra em homenagem ao chocolate que ocupa um paredão de 5.742 metros quadrados às margens da Rodovia Castello Branco, entre Itu e São Paulo.

Um de seus trabalhos mais famosos é ‘O Beijo’, executado em 2012 no High Line, em Nova York – apagado quatro anos mais tarde. Trata-se de uma releitura cheia de cores da imagem feita pelo fotojornalista norte-americano Alfred Eisenstaedt (1898-1995) em 13 de agosto de 1945, quando o povo saiu às ruas para comemorar o fim da Segunda Guerra Mundial.

Raoni em painel pintado em Portugal

Obras têm apelo social

Kobra começou a desenhar em muros na clandestinidade, como pichador, ainda durante a adolescência. Nos anos 1990, trabalhou fazendo cartazes, pintando cenários de brinquedos e criando imagens decorativas para eventos naquele que era o maior parque de diversões do Brasil. Era a primeira vez que ele, filho de um tapeceiro e de uma dona de casa, ganhava dinheiro com suas imagens. O trabalho foi bem-sucedido, tanto que lhe rendeu convites para atuar também em outras empresas e junto a agências de publicidade.

Sua arte urbana começou a ganhar visibilidade na década seguinte. Em 2007, apareceu com destaque na mídia pela primeira vez por causa do projeto ‘Muro das Memórias’, em que mergulhou no universo das fotos antigas de São Paulo e passou a reproduzi-las nas ruas em tons de sépia ou em preto e branco, apresentando um estilo de grafite diverso daquele que se espalhava pela cidade.

Autodidata, Kobra admite que aprendeu e desenvolveu sua arte ao observar a obra de artistas que admira – do misterioso expoente da street art Banksy, britânico cuja identidade jamais foi revelada, a nomes como o norte-americano Eric Grohe, o também norte-americano Keith Haring e o mexicano Diego Rivera.

Em 2009, Kobra se deparou com pinturas de street art tridimensionais. Decidiu que também poderia fazê-las. Mergulhou em seu ateliê, realizou testes diversos e, em seguida, colocou sua arte na rua. Primeiro na Avenida Paulista, coração simbólico e financeiro de São Paulo. Depois, em exposições ao redor do mundo, de festivais em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a eventos nos EUA.

Sua sensibilidade para as mazelas sociais resultou no projeto ‘Realidade Aumentada’, em que pintou dez painéis em dez dias em 2015, sempre chamando a atenção para uma questão importante – de uma menina desaparecida a um morador de rua que escreve poemas, passando pela história de uma bailarina de origem pobre da periferia paulistana.

Kobra no painel ‘Coexistência’, feito na pandemia

Mais recentemente, em uma revisita atualizada às imagens antigas, Kobra criou a série ‘Recortes da História’. Em vez de partir de velhas fotografias que retratam a memória de um lugar, o artista voltou-se para momentos marcantes da história da humanidade. Assim, cenas como a do ativista norte-americano Martin Luther King proferindo um discurso contra o racismo ganharam os muros pelos traços do artista brasileiro.

Já no projeto ‘Olhar a Paz’, Kobra retrata personalidades históricas que tenham lutado contra a violência, pela disseminação de uma cultura de paz pelo mundo. É quando a arte do brasileiro endossa – e muitas vezes ecoa – mensagens de fraternidade e não-violência. Ele já estampou em muros o ativista indiano Mahatma Gandhi, a vítima do Holocausto Anne Frank, a ativista paquistanesa Malala Yousafzai e o cientista alemão Albert Einstein, entre outros exemplos.

A herança de seu passado no hip-hop é revivida no estilo mais marcante de sua arte: imagens hiper-realistas, muitas vezes baseadas em fotografias de personalidades, como o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, o artista espanhol Salvador Dalí e o músico brasileiro Chico Buarque, cobertas com cores fortes e contrastantes. Essas cores acabaram se tornando seu principal cartão de visitas ao redor do mundo, o estilo marcante de sua obra. E, em maior ou menor grau, passaram a aparecer em obras das mais diversas fases de sua carreira.

Seu primeiro mural no exterior foi em Lyon, na França, em 2011. Na época, havia sido convidado para ilustrar um paredão de um bairro que passava por processo de revitalização – ou seja, lançou mão de sua vertente ‘Muros da Memória’ para ajudar na valorização histórica da região. De lá para cá, já pintou em países como Espanha, Itália, Noruega, Inglaterra, Malaui, Índia, Japão, Emirados Árabes Unidos, além de diversas cidades norte-americanas.

 

fotos: Divulgação

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