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Post: Redes sociais e o aumento do narcisismo patológico

Redes sociais e o aumento do narcisismo patológico

As redes sociais se tornaram um ambiente de banalização do narcisismo patológico

Novo estudo aponta os efeitos da sociedade atual na criação de uma personalidade narcisista

 

Internet, Direitos Humanos, guerras e vários outros fatores ajudaram a moldar a sociedade atual. Nunca estivemos tão conectados entre nós, mas também  nunca estivemos tão solitários, num contraste entre a facilidade de fazer amizades e a rapidez para “bloquear” alguém da sua vida com um toque, aliado à necessidade de exposição nas redes sociais para aprovação social. Todos esses fatores ajudam a lapidar uma personalidade narcisista.

 

Este é o foco de um novo estudo científico intitulado “Narcisismo Cultural – Danos à Saúde Mental”, escrito pelo pós-PhD em Neurociências e mestre em Psicologia, dr. Fabiano de Abreu Agrela, e publicado pela Editora Atena na revista científica de prestígio internacional “International Journal Of Health Science”.

 

O artigo enfatiza o importante papel da sociedade atual no desenvolvimento do chamado “narcisismo patológico”, gerando uma inversão de valores e disfunção na percepção de si mesmo e de terceiros. “A facilidade de conhecer novas pessoas acaba escondendo o caráter frágil e descartável de muitos vínculos construídos, tornando relacionamentos diversos menos duradouros e exacerbando uma cultura de exibição de desempenho em aspectos físicos, emocionais e profissionais […] Enquanto a fragilidade da relação com o outro se destaca, o narcisismo se intensifica”, resume dr. Fabiano.

 

O que é o narcisismo patológico?

 

As redes sociais se tornaram um ambiente de banalização do narcisismo patológico

O narcisismo patológico é uma desordem mental que causa um aumento de ego e distorções na percepção de si, apresentando um apreço obsessivo por si mesmo em detrimento dos outros.

 

No entanto, segundo o dr. Fabiano, apenas ter o ego inflado não significa que alguém tem um distúrbio, já que há critérios rígidos para o diagnóstico dessa desordem mental, similares aos do TPN – Transtorno de Personalidade Narcisista. De acordo com o estudo, a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) apontou características marcantes do transtorno como sendo:

 

  • Exagero da sensação da própria importância e grandiosidade;
  • Falta de empatia; 
  • Realização de fantasias ilimitadas referentes a poder e influência;
  • Mostrar a própria superioridade;
  • Percepção exacerbada de si. 

 

Contemporaneidade e narcisismo: uma linha tênue

 

A cultura da sociedade atual está amplamente baseada na busca incansável pela perfeição, por meio de jornadas exaustivas de trabalho a fim de obter sucesso material, edições e manipulações em postagens para parecer socialmente interessante, etc.. Para o dr. Fabiano, existe uma linha tênue entre o estilo de vida contemporâneo e o narcisismo.

 

Um sujeito vitorioso na sociedade contemporânea é aquele que consegue mostrar sua alta performance em tudo aquilo que faz em um contexto em que o exibicionismo toma proporções exacerbadas. Seja em atividades como o trabalho ou esporte, a todo o momento é feita uma convocação para que se ultrapasse os próprios limites de desempenho e se mostre melhor que outras pessoas, num cenário altamente competitivo”, explica o profissional.

 

Um dos principais pontos que fazem a sociedade atual ser um agente potencializador do narcisismo patológico, segundo ele, é a sua liquidez e vínculos frágeis com as outras pessoas: “essa descartabilidade torna a manipulação do narcisista mais fácil e ainda a mascara socialmente como um comportamento natural”.

 

Outra característica que aproxima a sociedade contemporânea do narcisismo é a falta de empatia e uma indiferença com o outro em prol de si mesmo, além da mais frequente utilização de outras pessoas para atingir objetivos. Há um valor exacerbado concebido ao prazer instantâneo, com uma liberdade para agir sem limitações em uma pretensão de completude, onde não há falta”, completa.

 

Dr. Fabiano argumenta ainda que numa sociedade considerada ansiosa, “a necessidade de recompensa é maior”, fazendo com que o indivíduo busque mais a rede social, onde “se satisfaz fantasiando a própria vida e acreditando na própria fantasia”. “Os sentimentos de ‘imortalidade’, superioridade e egoísmo alteram o cérebro e destoam a coerência e a razão. O narcisismo patológico é diferente do Transtorno Narcisista e deve ser analisado com urgência antes que se torne um transtorno comum”, conclui.

 

Para o dr. Fabiano de Abreu, um dos ambientes mais propícios para mascarar esse transtorno são as redes sociais

Redes sociais: um ambiente de banalização do narcisismo

 

Diversas patologias mentais são claramente notadas pelo próprio indivíduo afetado ou pelas pessoas que o cercam, no entanto, não é isso que acontece com o narcisismo patológico, em especial pelo senso de urgência de crescimento pessoal e profissional que a atualidade trouxe consigo e que “justifica” diversas ações narcisistas.

 

Para o dr. Fabiano de Abreu, um dos ambientes mais propícios para mascarar esse transtorno são as redes sociais, que contêm diversas manifestações de ego inflado e redução de outras pessoas para aumentar sua superioridade. “Embora as manifestações narcisistas através das redes sociais possam estar expressando, muitas vezes, uma variação do normal ao excessivo, há casos variáveis de narcisismo que vão desde o saudável ao patológico”, adverte.

 

fotos: AdobeStock

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