- Estudos comprovam que prática de exercícios físicos e refeições equilibradas podem levar a um ganho de mais de uma década de vida;
- Veja como hábitos saudáveis podem evitar doenças cardiovasculares, câncer e transtornos mentais
A melhor forma de garantir a saúde geral é por meio da prevenção. Embora pareça redundante, práticas preventivas precisam ser reforçadas continuamente, uma vez que muitas doenças podem ser evitadas ou terem seu avanço prorrogado a partir de medidas simples e contínuas ao longo de toda a vida.
Neste 07 de abril, Dia Mundial da Saúde, Thiago Piccirillo, clínico geral da Rede de Hospitais São Camilo SP, explica que o tema prevenção é bastante amplo, podendo englobar ações práticas do dia a dia, como mudança de hábitos alimentares, prática de exercícios, higiene adequada entre outros; bem como exames periódicos, acompanhamentos médicos e terapêuticos.
“Podemos dizer que uma alimentação balanceada, exercício físico diário, ingestão de líquidos e atividades de lazer, quando seguidos com regularidade, podem evitar ou adiar o aparecimento de muitos problemas, tanto para a saúde física como para a saúde mental”, destaca. O médico faz referência à obesidade, hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto entre as comorbidades que impactam a qualidade de vida e podem levar a doenças mais graves.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard, que analisou o histórico médico de 123 mil voluntários nas últimas três décadas, concluiu que cultivar estes hábitos pode levar a um ganho de mais de uma década de vida.
O médico ressalta ainda que a manutenção de bons hábitos é um método preventivo importante para reduzir os riscos de demência. Segundo estudo publicado pelo Journal of the American Medical Association (JAMA), pessoas que adotam estilo de vida saudável têm até 60% menos chances de desenvolver problemas neurológicos.
Abaixo, especialistas em doenças do coração, câncer e transtornos mentais falam sobre a importância das ações preventivas incorporadas à rotina para evitar as enfermidades que mais afetam a população mundial.
Doenças cardiovasculares
Consideradas as principais causas de morte no Brasil, as doenças cardiovasculares (DCV) comprometem cerca de 14 milhões de brasileiros. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) apontam que cerca de 400 mil pessoas morrem por ano em decorrência destas enfermidades, o que corresponde a 30% de todas as mortes no país.
Luiz Guilherme Velloso, cardiologista da Rede de Hospitais São Camilo SP, recomenda a realização do check-up anual do coração para homens com mais de 45 anos ou mulheres após o início da menopausa, além de pessoas com quadro de diabetes, obesidade, colesterol e triglicérides altos, fumantes e pacientes com histórico familiar ou que já fossem portadores de doenças cardíacas.
Entre os exames recomendados estão o Eletrocardiograma, Ecocardiograma, Teste de Esteira, Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e Holter, além do exame de sangue para acompanhamento das taxas de glicemia, colesterol, triglicérides, creatinina, sódio, potássio e ureia.
“Independentemente do acompanhamento periódico, vale lembrar que criar hábitos saudáveis pode reduzir consideravelmente os riscos de desenvolvimento destas doenças”, reforça o médico.
Câncer
Compreendendo um grupo de mais de 200 doenças que correspondem à proliferação descontrolada de células anormais no organismo, atualmente, o câncer é a quarta principal causa de mortes prematuras no Brasil.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que, entre 2020 e 2022, poderão ocorrer mais de 625 mil novos casos da doença. Diversos estudos apontam para a importância de adotar um estilo de vida saudável para prevenir o câncer.
Uma pesquisa publicada na revista científica Cancer Research, da Associação Americana para a Pesquisa do Câncer, revelou que, entre os pacientes com alto risco genético, a incidência de câncer em cinco anos foi 5,51% em homens e 3,69% em mulheres com estilo de vida mais saudável, contra 7,23% em homens e 5,77% em mulheres com estilo de vida não saudável.
Em outro estudo, publicado na revista Cancer Epidemiology em 2019, os dados mostram que 27% dos casos anuais de câncer no país poderiam ser evitados com a inclusão de alimentação equilibrada e exercícios físicos regulares.
A oncogeneticista do Hospital São Camilo SP Daniele Paixão explica que a avaliação dos riscos genéticos ainda assim é muito importante como recurso de prevenção da doença. A especialidade, denominada Oncogenética, realiza um levantamento do histórico do câncer do paciente e de seus familiares a fim de identificar possíveis predisposições ao desenvolvimento de tumores. A partir daí, o médico poderá traçar um plano de acompanhamento deste paciente, incluindo a antecipação de exames preventivos, quando for o caso.
“Há várias síndromes genéticas de predisposição hereditária ao câncer já descritas que podem ser mapeadas por meio desta avaliação, incluindo as que aumentam o risco para câncer de mama, ovário, intestino, próstata e pâncreas, entre outros”, destaca a especialista.
Depressão
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente, mais de 450 milhões de pessoas são afetadas diretamente por transtornos mentais, dado que foi agravado durante a pandemia da covid-19. Estima-se que, até 2030, a depressão será considerada a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, até mesmo câncer e doenças cardiovasculares.
No Brasil, um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostra que o país lidera o ranking. Conforme a pesquisa, 63% e 59% dos brasileiros apresentaram relatos de ansiedade e sintomas de depressão, respectivamente, durante a pandemia.
A psiquiatra Aline Sabino, da Rede São Camilo SP, alerta para os riscos da doença, que, quando não tratada, pode levar ao óbito. “A saúde mental não pode ser ignorada, doenças como a depressão exigem acompanhamento multidisciplinar aliado a mudanças de hábitos e rotina do paciente”, reitera.
Segundo a especialista, inúmeros estudos já mostraram o impacto positivo da adoção de ações preventivas na saúde mental. Ela reforça que uma vida saudável inclui se exercitar regularmente, não abusar de drogas, bebidas alcoólicas ou cigarros, ter contatos sociais, evitar alimentos congelados e ultra processados, ter um bom sono e saber manejar o estresse por meio de estratégias cognitivas, físicas ou de suporte psicológico, como meditação e psicoterapia.
foto: BIRF