- Estudante universitária, Verena Paccola participou do programa “Caça Asteroides” da Nasa e descobriu 25 asteroides, sendo um deles considerado “importante”, com risco futuro de colisão com a Terra;
- Ela poderá dar nomes a todos eles e já pensa em homenagear a mãe e a avó de Indaiatuba
Pode parecer, mas essa não é uma matéria sobre o filme “Não Olhe para Cima”, sucesso atual da Netflix. A estudante universitária Verena Paccola Menezes, natural de Indaiatuba, ganhou a mídia nacional esta semana após ser premiada pela Nasa (Agência Espacial Norte-americana) por descobrir 25 asteroides, sendo um deles considerado “importante”, com risco futuro de colisão com o nosso planeta.
O feito da indaiatubana a levou para Brasília, onde foi recebida, em dezembro, pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, e por membros da Agência Espacial Brasileira, além do representante da Nasa, Patrick Miller, responsável pelo programa “Caça Asteroides”. “Eu fui convidada para fazer um discurso como representante do Estado de São Paulo e recebi troféu, medalhas e certificados pela participação, por ser o primeiro lugar no Brasil e de honra ao mérito”, comemora.
A paixão de Verena pela ciência começou cedo, ainda em Indaiatuba. Aos quatro anos, ela já nutria um olhar questionador e curioso sobre o mundo. Tanto que na escola, enquanto as amigas levavam bonecas, ela carregava um microscópio no dia em que as crianças podiam levar algum brinquedo. Era presente de sua madrinha, que trabalhava com pesquisas, e a incentivava nesse mundo de descobertas. “Desde pequena me pergunto tudo sobre o mundo e não me contento com respostas rasas, indo atrás das minhas próprias descobertas. Isso inclui o interesse pelo espaço!”, afirma.
Aos 22 anos, Verena possui um currículo de excelência em diversas áreas, como em campeonatos de robótica, olimpíadas de neurociência e até de visita à Organização das Nações Unidas (ONU). Seu último feito foi reconhecido em dezembro passado, quando ela foi premiada pela descoberta de um asteroide classificado como “importante” no programa “Caça Asteroides” da Nasa e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações.
Tudo começou em 2020, quando a estudante se preparava para o vestibular e sonhava com uma vaga de Medicina na USP (hoje ela cursa a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto). “Eu precisava estudar algo além dos conteúdos do ensino médio e fiquei sabendo da oportunidade de caçar asteroide, me inscrevi e fiz o treinamento on-line para aprender a analisar uma sequência de imagens do Universo”, conta. Verena analisava visualmente fotos em busca de pontos em movimento, gerava um relatório e enviava para os organizadores do programa. Depois, o material era transferido para a Universidade de Harvard, nos EUA, que é quem confirma se é um asteroide ou algum outro elemento do universo. “Descobri um asteroide que se encaixa na classificação de ‘asteroide fraco’. Esse tipo de asteroide é super raro e muito importante! Normalmente, os que colidem com a Terra possuem essa classificação, portanto, uma atenção maior é necessária a essa descoberta. Agora, são necessárias mais observações deste asteroide para a definição da órbita dele”, explica a estudante, em entrevista à Revista Regional.
Mas esse não foi o único asteroide, outros 24 foram descobertos por Verena, que agora poderá dar nome a todos eles, após a emissão da documentação da Nasa. “Bom, para sair a documentação de um asteroide demora muito tempo! De seis a oito anos, aproximadamente. Como ainda tem muito caminho pela frente, não decidi o nome de todos, mas de dois eu tenho certeza: minha vó, Rochele, e minha mãe, Nathalia, serão homenageadas. Elas me criaram sozinhas a vida inteira, nada mais justo do que eu retribuir com essa homenagem”, justifica a jovem.
Estudante de Medicina, Verena sempre quis ser uma neurocirurgiã, mas assim como suas descobertas espaciais, seus projetos para o futuro parecem romper fronteiras a partir de agora, que já sonha com a Medicina Espacial: “Durante meus estágios como técnica de Enfermagem, descobri uma grande paixão que é a Neurocirurgia. Atualmente, na Medicina, caminho para essa área, mas sempre com a cabeça aberta para descobrir novos interesses. Recentemente, dadas as minhas descobertas, tenho sido muito estimulada na área da Astronomia. Isso fez surgir um novo interesse para o meu futuro, que seria a área da Medicina Espacial”, revela à Revista Regional. O estímulo veio, inclusive durante a visita a Brasília, em uma reunião particular com o presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Moura, ocasião em que ela pode conhecer mais sobre a área da Medicina Espacial: “Isso me deixou muito curiosa para aprender mais sobre esse campo de trabalho”, conclui a nova promessa da ciência.
reportagem de Renato Lima
fotos: Arquivo pessoal