Paulo Stucchi, escritor finalista do Prêmio Jabuti 2020, cruza lenda do folclore brasileiro com fragmentos do nazismo em lançamento ambientado na Amazônia Oriental
Os leitores de Paulo Stucchi, escritor ituano finalista do Prêmio Jabuti 2020, deixam a Alemanha nazista de “A Filha do Reich” e mergulham no rio Jari para comemorar o lançamento de “No fundo do rio”, novo título do autor. Publicada pela Insígnia Editorial, a obra mistura a lenda do boto cor-de-rosa, cultura do folclore brasileiro, com um fragmento do Terceiro Reich localizado na Amazônia Oriental.
Prefaciado pelo autor, roteirista e músico Gustavo Rosseb, o livro transporta o leitor para os cantos sombrios do misticismo brasileiro. Os fatos históricos abrem espaço para o romance de Bruno e Cecile e a triste partida da protagonista que some misteriosamente no rio Jari. Dois anos depois, crente de que a mulher que amou foi levada pelo boto cor-de-rosa, Bruno retorna ao misterioso vilarejo de Guaiapis para descobrir a verdade sobre a lenda. Uma aventura pessoal que mistura caçada a um espírito lendário que mora nos rios da Amazônia, dor e vingança.
Durante a busca pela verdade na comunidade ribeirinha, o personagem se vê diante dos próprios traumas e dos mistérios escondidos no local que no passado foi um assentamento nazista. A construção da narrativa do autor aguça a curiosidade de quem se propõe a leitura: os capítulos se intercalam entre o passado e o presente, o que permite aprofundar nas dores dos personagens.
O AUTOR
Este é o quarto livro de ficção com enredos históricos de Paulo Stucchi, que também é jornalista e psicanalista. Além de “A Filha do Reich”, obra finalista do Prêmio Jabuti 2020 e ambientada na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, o jornalista também é autor de “O triste amor de Augusto Ramonet”, que se passa no Chile de Salvador Allende durante o golpe de Estado de Pinochet, e de “Menina – Mitacuña”, contextualizada na Guerra do Paraguai.
À Revista Regional, Stucchi contou o que o levou a escrever um romance em plena floresta amazônica e tendo o folclore como pano de fundo: “Na verdade, eu tinha em mente escrever um romance ligado ao sobrenatural, ao suspense. Por isso, pensei em aproveitar as inúmeras lendas brasileiras.
O boto cor-de-rosa, particularmente, tem como mote o fato de seduzir e levar moças com ele para os rios da Amazônia. Acho que esse foi o ponto de partida para escrever um enredo que mescla perda e, também, um pouco da rica cultura brasileira”.
Assim como em “A Filha do Reich”, o autor volta à temática nazista em “No fundo do rio”. Segundo ele, foi uma sugestão da própria Editora em razão de suas pesquisas sobre o assunto. “Meu editor no Grupo Pensamento indicou que eu deveria seguir esse tema, uma vez que já tenho bastante pesquisa acumulada. Na época, eu também estudava para construir o enredo de outro livro, que se passa nos pós-guerra e que tem como ambientação a Argentina dos anos 1950. Então, comecei a pesquisar sobre curiosidades do nazismo no Brasil e achei fatos bem interessantes sobre o projeto de se construir uma colônia nazista no norte do país, mais especificamente, no sul do Pará. Nos anos 1930 até 1943, muitas expedições nazistas percorreram o rio Jari com o objetivo de criar assentamentos e, assim, estabelecer um núcleo no norte do Brasil para, posteriormente, invadir as Guianas”, relata o jornalista. Tal fato, segundo ele, foi fundamental para escolher a ambientação de “No fundo do rio”, que, apesar de não ser propriamente um livro sobre nazismo, aproveita a temática para construção da trama.
O livro, lançado pela Insígnia Editorial, está em pré-venda no site da própria Editora. Link de pré-venda: http://bit.ly/nofundodorio
Foto: Renata Guarnieri/Arquivo