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Post: O quanto a pandemia nos fez envelhecer?

O quanto a pandemia nos fez envelhecer?

  • Em sete tópicos, médicos debatem o quanto as mudanças na nossa rotina forçadas pela pandemia foram decisivas para a aceleração do envelhecimento da nossa pele, cabelo e corpo, influenciando a nossa autopercepção estética
Pandemia fez as pessoas envelhecerem mais rápido, confirmam profissionais ligados à estética

O ano de 2020 foi marcado para sempre como um dos períodos mais difíceis da história moderna. De diversas formas, as mudanças forçadas pela pandemia do novo coronavírus afetaram a nossa saúde. Muitos até se perguntam, com um pouco de humor, quantos anos envelhecemos em 2020 – ou quantos anos vivemos em 2020?

No primeiro sinal de reabertura, houve um verdadeiro boom na procura por cirurgias estéticas, como a rinoplastia – influenciada pelo que ficou conhecido como efeito zoom (em referência ao aplicativo de videochamadas Zoom). “O efeito zoom tem relação com o excesso de videochamadas para quem trabalhou em home office, que nos fez perceber mais o que queremos mudar no nosso rosto. Esse efeito virou uma ‘epidemia’ em diversos países do mundo. Antes era comum observar o rosto no espelho, mas com as constantes videochamadas estamos em contato com nossa face em expressões e movimentos. E isso nos faz perceber muitos detalhes, que talvez não agradem e que podem deixar o nariz em evidência e desarmonia, por exemplo”, afirma o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, especialista em Rinoplastia Estética e Reparadora e mestre em Cirurgia Plástica pela Unifesp.

Mas nem toda ‘percepção’ é fruto desse maior contato com os vídeos: muitas mudanças de hábitos, fundamentalmente, têm acelerado nosso envelhecimento. Consultamos médicos e especialistas de diversas especialidades para debater o assunto em sete tópicos que demonstram como esse ano interferiu negativamente em nossa aparência:

Mudança de hábitos x Expressão de genes

Nossas mudanças de hábitos influenciam em grande parte no envelhecimento, principalmente quando já há uma predisposição genética do paciente para algumas alterações. Sabemos que, por conta da pandemia, enfrentamos uma série de mudanças nos hábitos: em casa, experimentamos maior estresse, descontrole na dieta, menor atividade física aliada ao sedentarismo, além de noites em claro com insônia. “Tudo isso interfere na expressão de nossos genes, principalmente aqueles ligados a uma maior inflamação, a uma menor produção de antioxidantes naturais e os que estão envolvidos no processo de envelhecimento do organismo como um todo, inclusive da pele”, afirma o geneticista Dr. Marcelo Sady, pós-doutor em Genética e diretor geral da Multigene.

“Essa desregulação dos hábitos saudáveis mexe, por exemplo, com a expressão de genes como ager e glo1, que estão relacionados a um menor combate do fenômeno de glicação (ligação do açúcar com as proteínas de colágeno com consequente envelhecimento da pele), e com o aumento da ingestão de açúcar durante a quarentena, a pele pode envelhecer ainda mais”, acrescenta o geneticista.

Estresse x Inflamação

A ansiedade gerada pelo aumento de casos da doença pode causar grande quantidade de estresse. E o estresse não é apenas prejudicial para a mente e para o sistema imunológico, mas também para a pele. “A adrenalina e hormônios como cortisol e prolactina, que são produzidos em momentos de estresse, potencializam o estado inflamatório persistente no tecido cutâneo, o que faz com que nossas células tenham longevidade e atividade diminuídas. O resultado é a aceleração do envelhecimento biológico, com o surgimento precoce de rugas e linhas de expressão, e o desenvolvimento de doenças cutâneas como acne e rosácea”, afirma o dermatologista Dr. Abdo Salomão, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

O estresse também afeta a qualidade do sono e, consequentemente, a da pele. “O corpo precisa de descanso para se restabelecer depois das atividades do dia-a-dia e o sono é o responsável por essa função, restaurando a pele e outros órgãos do corpo. Logo, quando não dormimos direito, não permitimos que as células sejam renovadas, o que altera o aspecto da pele e predispõe o aparecimento de rugas”, diz o Dr. Mário Farinazzo, cirurgião plástico membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Tratamentos interrompidos

Os tratamentos médicos com equipamentos revolucionaram o mundo da estética, com tecnologias capazes de definir os músculos, reduzir medidas, e combater o envelhecimento facial. Mas por conta do novo coronavírus, muitas clínicas tiveram que ser fechadas para evitar um alto índice de contágio e consequentemente a sobrecarga do sistema de saúde. Mesmo com o afrouxamento das regras de quarentena em alguns períodos, muitas pessoas simplesmente abandonaram as sessões complementares dos tratamentos. “Há tratamentos para gordura localizada como o Total Sculptor que são feitos em apenas uma sessão com criolipólise, corrente de estímulo muscular e ultrassom macrofocado. Mas essa mesma plataforma do Total Sculptor também traz tecnologias como radio e criofrequência para tratar alterações como celulite e flacidez, nesses casos em mais sessões”, afirma o Dr. Abdo Salomão Jr.

“É sempre importante conversar com seu médico, caso você não se sinta confortável em sair de casa. Por exemplo, quando um tratamento com laser Vektra para manchas é interrompido, para manter os resultados o paciente pode usar em casa o ácido retinóico e o tranexâmico para poder manter o clareamento das manchas”, explica o médico.

Uso incorreto de cosméticos

Em um momento delicado como o que vivemos em 2020 e neste início de 2021, não devemos apostar em medicamentos e cosméticos sem a orientação dermatológica. “Os ácidos, retinoides e alguns clareadores como hidroquinona não devem ser usados sem prescrição, pois esses ingredientes trazem algumas reações adversas muito perigosas”, afirma o dermatologista Dr. Abdo Salomão.

Tentando acertar, quem apostou nos ácidos e retinoides pode ter sofrido na pele com a aceleração do envelhecimento, uma vez que esses ingredientes podem provocar desde uma irritabilidade, vermelhidão, coceira e hipersensibilidade até uma queimadura, quando mal utilizados: em concentração acima do que a pele pode suportar, ou sendo usados de maneira inadequada, sem orientação médica.

“Um ingrediente com ação similar aos ácidos e retinoides que pode ser usado com segurança é Lanablue, que tem a capacidade de acelerar a renovação celular, sem causar irritação. Mas o melhor mesmo a fazer é consultar seu médico por telemedicina, que também pode fazer uso das vitaminas orais para potencializar o tratamento, principalmente com FC Oral, que diminui a inflamação, Bio-Arct, que melhora a oxigenação das células e tem ação antioxidante, e o Glycoxil, que reduz a formação de manchas por conta do excesso de açúcar na alimentação”, explica Mika Yamaguchi, farmacêutica.

Deslizes na dieta

Além dos quilos a mais, gordurinhas e celulite mais visíveis, a pele também sofreu com os excessos no nosso prato. As alterações emocionais são as principais responsáveis pelos comportamentos alimentares equivocados nesses tempos de pandemia. “Muitos buscam o conforto das suas emoções nos alimentos e bebidas, muitas vezes optando para consumos compulsivos. Outros, por insegurança e desinformação, restringem o consumo de grupos ou quantidades alimentares importantes para a manutenção da saúde no momento atípico”, afirma a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia.

O problema é que esses extremos na alimentação causam alterações físicas e estéticas importantes, impactando agressivamente na beleza da pele. “A pele denuncia rapidamente quando um paciente se alimentou excessivamente de alimentos mais inflamatórios, com alterações como acne, manchas, irritações e sinais de desidratação. E quem vai ao outro extremo, de escassez para emagrecer, também nota muitos sinais importantes de carência nutricional, como queda de cabelo, ressecamento, unhas quebradiças, além de rugas e flacidez”, completa e médica nutróloga.

“Quando pensamos em perda de peso, pensamos sempre na perda de volume e de gordura corporal, num corpo mais esguio, em mais energia e numa autoconfiança perdida que fora agora reconquistada. Até aqui, tudo bem, são efeitos naturais dos quilos perdidos. Mas um processo de perda de peso tem ainda implicações também no rosto, afinal perdemos gordura no corpo inteiro, e isso nem sempre agrada”, afirma o cirurgião plástico Dr. Mário Farinazzo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“Com essa redução, há uma ‘sobra’ da pele, obviamente se considerarmos uma perda expressiva de gordura”, diz o médico. “Este fenômeno é particularmente mais importante no rosto, sendo mais significativo no terço inferior e no pescoço”, afirma o Dr. Mário.

Envelhecimento capilar

Tudo bem ficar longe do salão, mas quem apostou no tingimento dos cabelos em casa deve tomar cuidado com o envelhecimento capilar. “A primeira coisa que precisamos saber é que o processo de descoloração e de coloração com amônia danifica a proteína capilar e pode deixar o couro cabeludo mais sensível.  Além disso, o descolorante quando aplicado de maneira errada pode gerar sérios danos aos fios”, afirma o tricologista Dr. Lucas Fustinoni, médico divulgador científico nas áreas de Tricologia e Estética e membro da World Trichology Society.

“Em processos de descoloração, o tempo e a concentração em volume da água oxigenada são fundamentais para determinar o nível de descoloração e a agressão aos fios de cabelo: quanto maior, maior o dano – com consequente envelhecimento dos fios”, alerta o médico.

Sedentarismo

Os meses de pandemia e isolamento social foram particularmente ruins para as pernas e, consequentemente, para o fluxo sanguíneo. Sem movimentação, a circulação ficou prejudicada, o que interferiu não só na beleza da pele, já que o sangue é responsável por levar nutrientes para diversas células, inclusive cutâneas, como também em outros problemas estéticos das pernas, como varizes e até trombose.

“A atenção deve ser redobrada por indivíduos que possuem fatores individuais que agravam os riscos de desenvolver os quadros, como obesos, tabagistas, portadores de câncer, pessoas que utilizam hormônios ou pílulas anticoncepcionais, predispostos a coagulação sanguínea, gestantes, idosos e deficientes físicos”, ressalta a Dra. Aline Lamaita, cirurgiã vascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

 

foto: AdobeStock

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