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2021: é possível ser otimista?

  • Longe de buscar previsões para 2021, Revista Regional foi ouvir psicólogos sobre outra questão essencial numa virada de ano, principalmente após um cenário tão distópico como foi esse: a esperança e o otimismo
Arco-íris virou símbolo de esperança para o mundo pós-pandemia

Sem dúvida, 2020 ficará marcado para sempre na história da humanidade. Um ano tão difícil chega ao fim e muitos se perguntam: podemos manter a esperança e o otimismo para 2021 que está batendo à porta? É possível ser otimista e manter bons pensamentos mesmo diante de uma pandemia, com tantos mortos e doentes?

A esperança da vacina para o início do novo ano é a luz que faltava após tanta escuridão, mas sabe-se, de acordo com diversos especialistas e a própria OMS (Organização Mundial da Saúde) que, mesmo com o imunizante contra a covid, a pandemia não acabará num passe de mágica. Será preciso um longo período para que a maioria da população mundial seja totalmente vacinada.

Longe de buscar previsões para 2021, Revista Regional foi ouvir psicólogos sobre outra questão essencial numa virada de ano, principalmente após um cenário tão distópico como foi esse: a esperança e o otimismo.

Mas, afinal, que sentimento é esse? Segundo a psicóloga Cybele Micai, o otimismo desencadeia várias reações, principalmente a esperança, que, portanto, irá proporcionar visão de futuro nos momentos de doença, onde cada pessoa, na sua individualidade, vai encontrar um estímulo para enfrentá-la. “Já presenciei situações, onde o médico diagnosticou uma doença quase incurável e sem perspectiva de futuro prolongada e pelo otimismo do doente e de seus familiares, a doença foi regredindo e o tratamento amenizado até a cura. Ou seja, o otimismo ajudou ao tratamento e desencadeou pensamentos positivos, criando mecanismos que ajudaram o organismo a se fortalecer”, conta Cybele.

Estudo publicado anos atrás por pesquisadores da conceituada Clínica Mayo, nos EUA, mostrou que as pessoas otimistas realmente têm, em geral, maior tempo de vida do que as pessimistas e céticas. E esta diferença, em alguns casos, pode chegar a até 12 anos.

Mas nesta virada tão diferente, em meio a uma pandemia, surge a pergunta: é possível ter otimismo diante deste cenário? Daniela Pupo, também psicóloga, afirma que é sempre difícil ser otimista, afinal as frustrações fazem parte da vida e são constantes, mas existe jeito, sim! “É muito fácil ser otimista em episódios bons da vida, mas em momentos difíceis e frustrantes nem sempre. Porém, é quando mais o otimismo nos ajuda”, constata. E ensina: “Olhar para a pandemia e todas as consequências que ela está trazendo como mais um momento difícil da vida, que traz frustrações e tristezas, é uma alternativa para ter otimismo. Quando você pensa em momentos difíceis que já enfrentou e percebe que eles passaram e você foi capaz de superar todos eles e está aqui, abre-se em sua mente uma janela pela qual você enxerga possibilidades”. Segundo a profissional, é importante, no entanto, ficar atento para ter um otimismo baseado na realidade em que se vive, consciente de todas as dificuldades que existem, e não um otimismo que leva à ilusão. “Expectativas ilusórias só levam a mais frustrações em vez de ajudar na frustração presente como o otimismo realista faz”, adverte.

Para Daniela, é justamente o otimismo que nos traz a esperança. “O movimento de aquisição de otimismo se baseia em começar a enxergar possibilidades. Com um olhar mais amplo e, consequentemente, otimista, nos permitimos ter esperança. Portanto, vejo otimismo como um movimento de abertura para possibilidades sem, necessariamente, um foco apenas no futuro, mas também no presente como, por exemplo, acreditar que é possível continuar vivendo em um momento de dor e dificuldades como este”, explica, acrescentando ainda que “a esperança surge como uma dessas possibilidades, mas focada no futuro, no esperar com confiança a realização daquilo que se deseja”.

“Não se sinta mal por ser otimista”

Mas em meio à devastação causada pelo vírus, com mortes, doentes, famílias em luto, sonhos destruídos, falências, desemprego, crise econômica, muitas pessoas consideram errado manter um sentimento positivo e otimista, afinal a pandemia ainda perdura, inclusive com risco de uma segunda onda no país. Daniela Pupo observa, contudo, que sentir otimismo é abrir espaço para novas possibilidades, então ele é necessário, principalmente nesses momentos tão difíceis. “Se você não adoeceu ou não tem alguém próximo que adoeceu ou faleceu, não deve se sentir mal por se sentir otimista. O otimismo dá espaço para a esperança e ter esperança dá força para fazer, hoje, o necessário para chegar onde queremos. Quem sofreu ou está sofrendo um luto pode estar sem forças para ter otimismo, mas pode e, deve, ter o suporte de quem está disposto para isso”, pontua.

Mas Daniela ressalta que esse otimismo deve ser realista, ou seja, aquele que tem consciência do que acontece e faz o que tem que ser feito e o que é possível para realizar o desejado, e não aquele que tem esperança sem fazer nada para alcançar e, muitas vezes, anda na contramão das orientações dadas para obter tais conquistas.

Quanto à lista de desejos, aquela tão comum na virada de ano, a psicóloga afirma que deve ser mantida, afinal em todo final de ano desejamos e planejamos várias coisas para o ciclo seguinte, mas desta vez que seja de forma reflexiva. “Não acho que esse ano tenha que ser diferente. Mas acho importante, antes de fazer desejos mirabolantes, os quais, muitas vezes, não concluímos no ano seguinte, que seja feita uma reflexão sobre esse ano de 2020”, explica.

Segundo ela, este ano nos ensinou que é importante perceber que viver o presente, o aqui e o agora, nos fortalece por fazer com que descubramos ferramentas emocionais maravilhosas para lidar com o desconhecido e imprevisível. “Portanto, é fundamental acreditar nas possibilidades de realizar os planejamentos para o próximo ano, mas com mais consciência, pensando que para acontecer o que eu quero amanhã, tenho que fazer hoje. E se não acontecer amanhã, eu ainda tenho o hoje, e nesse hoje há muito o que fazer”, sentencia.

reportagem de Renato Lima

foto: AdobeStock

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