Atriz fala de seu sucesso na série “Coisa Mais Linda” e de seu retorno às novelas, na Globo, em 2021
Pathy Dejesus é uma mulher centrada! Mãe, atriz, ex-modelo, DJ e com os pés no chão, ela consegue dar conta do recado, e sabe que a pandemia serviu também para mostrar que nem sempre é possível ter controle sobre tudo. “No começo eu ainda tentei fazer com que as coisas funcionassem normalmente dentro de casa e, obviamente, falhei”, disse Pathy em entrevista exclusiva à Revista Regional. Mas culpa é um sentimento que passa longe da cabeça da atriz que iniciou sua carreira ainda na adolescência. “Diferentemente do que muitos pensam, a carreira de modelo – a minha pelo menos – está longe de ser só glamour. Mas foi ótimo ter tido a oportunidade de viajar para lugares que sempre quis conhecer e que talvez nunca conseguisse se não fosse modelo. Amadureci ainda mais e toda experiência que me faz evoluir de alguma forma, já é muito válida”, pontuou. Em seu mais recente trabalho – Coisa Mais Linda – série da Netflix, sua personagem Adélia tem rendido elogio da crítica. “Ficamos muito felizes pela aceitação do público e como as reflexões propostas pela obra repercutem de forma intensa. Esse é o ponto-chave da série: trazer questionamentos e induzir reflexões, muito mais que trazer respostas”, declarou. Escalada para a próxima novela das nove na Rede Globo, Pathy faz certo mistério sobre sua personagem na trama. “Estou muito feliz com a oportunidade de voltar a fazer TV, com profissionais que admiro muito e de longa data. No mais, ainda não posso falar muito sobre a personagem”, concluiu a atriz.
REVISTA REGIONAL: Pathy, qual a sua culpa: trabalho, dieta, consumo, filho, corpo, casa ou um pouquinho de tudo isso? Por que as mulheres estão em constante cobrança com elas mesmas?
PATHY DEJESUS: Hoje em dia, nenhuma delas. Culpa é um termo muito pesado… Com o passar dos anos, venho tentando olhar mais pra mim e com muito mais afeto. Entendi que preciso ser generosa comigo mesma. Mas é um exercício difícil. Existe toda uma estrutura que funciona para que nós, mulheres, estejamos sobrecarregadas de culpa e isso é muito cruel.
Ao longo dos anos, você circulou pelas principais emissoras do país, acumulando experiências na dramaturgia, e já estreou também nas plataformas de streaming. Mas onde você se sentiu mais livre para desenvolver melhor o seu personagem?
Eu amo meu ofício. Sou realmente apaixonada pelo que faço. E busco sempre me entregar completamente na construção das minhas personagens e aprender o máximo em cada oportunidade de trabalho. Isso independente do veículo. Pra mim, são formatos diferentes e só. O que sinto é que em alguns casos conseguimos mais tempo pra nos aprofundar, não só na construção em si, mas também na execução.
As pessoas têm aproveitado a quarentena para fazer autocrítica e reflexão sobre tudo que vem acontecendo, até porque cada uma reagiu de maneira diferente, mas como foi pra você ter que se isolar e deixar o trabalho suspenso por esse período?
Tento viver um dia de cada vez. No começo da pandemia, eu ainda tentei fazer com que as coisas funcionassem normalmente dentro de casa e, obviamente, falhei. Mas é compreensível, não sabíamos muita coisa sobre a covid-19, tivemos de mudar nossos hábitos radicalmente e muito rapidamente e o fato de ter um bebê pesou também. Aos poucos, foi preciso aceitar essa nova realidade, focar em manter a sanidade mental diante desse momento difícil e entender que por ser um período longo de indefinições, a busca pelo equilíbrio seria fundamental.
Nós, mulheres, tivemos muitas conquistas, mas ainda existe um caminho longo a ser percorrido na mudança por direitos iguais, respeito e liberdade. Como você acha que estaremos daqui a 20 anos, por exemplo?
Não consigo imaginar, mesmo porque gosto de viver aqui agora, um dia por vez. Mas torço muito para não cairmos em retrocesso, e que as próximas gerações venham cada vez mais potentes e possam cada vez mais ter seus direitos assegurados.
Pathy, o início da sua carreira foi como modelo, você teve a oportunidade de viajar o mundo, conhecer pessoas e culturas diferentes. Durante esse período, o que você mais aprendeu e o que carrega até hoje que a fez ser a pessoa que é?
São muitas lições, principalmente diante dos perrengues vividos, porque, diferentemente do que muitos pensam, a carreira de modelo – a minha pelo menos – está longe de ser só glamour. Mas foi ótimo ter tido a oportunidade de viajar para lugares que sempre quis conhecer e que talvez nunca conseguisse se não fosse modelo. Eu amadureci ainda mais e toda experiência que me faz evoluir de alguma forma, já é muito válida.
Falando um pouco sobre os trabalhos, eu sei que você está na próxima novela das nove “Um Lugar ao Sol” (TV Globo). Como você vem compondo a sua personagem e quais serão os principais temas abordados por ela?
Estou muito feliz com a oportunidade de voltar a fazer TV, com profissionais que admiro muito e de longa data. No mais, ainda não posso falar muito sobre a personagem.
A série “Coisa Mais Linda” (Netflix) fez sucesso e o público foi presenteado com a segunda temporada. Como foi participar deste projeto, já que ele exalta a questão das mulheres terem o controle de suas vidas e de suas escolhas? Como atriz, é cada vez mais gratificante fazer esse tipo de trabalho?
Toda oportunidade de trabalho é muito gratificante. “Coisa Mais Linda” é um sucesso e ficamos muito felizes pela aceitação do público e como as reflexões propostas pela obra repercutem de forma intensa. E acho que esse é o ponto chave da obra: trazer questionamentos e induzir reflexões, muito mais que trazer respostas.
Além de atriz e modelo, você também tem a música no sangue (DJ). Só para eu conhecer a sua história com esse trabalho, em que momento ele surgiu na sua vida?
Modelo já não sou há anos (risos). A minha relação com a música é genética, meu pai foi DJ nos anos 1970 e eu cresci sob influência da música, dos vinis. Além disso, a música tem um poder muito grande de transformar energias, de cura. E isso também está relacionado ao meu trabalho como DJ: transformar a energia das pessoas – e a minha também. É um trabalho intenso, requer pesquisa, treino, dedicação. Mas é extremamente gratificante! Ao longo desses meus 14 anos como DJ, coleciono, além dos discos, muita história boa, viagens incríveis, festas, amizades e boas energias.
E claro, sobre maternidade, um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher, o que mudou na sua vida, digo não somente na rotina diária, mas emocionalmente após a chegada do Rakim?
A chegada de um filho muda tudo. Não dá pra romantizar, existem muitas dificuldades. É exaustivo cuidar do bebê e me manter no mercado de trabalho para prover tudo que ele precisa. Mas ao mesmo tempo, não existe nada mais motivador. Rakim é o maior presente que a vida poderia me dar. Agradeço todos os dias. E me mantenho firme por mim e por ele!
texto: Ester Jacopetti
fotos: Pedrita Junckes
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