- Num momento em que se faz urgente a discussão sobre a preservação do meio ambiente, Revista Regional inicia uma série de reportagens com profissionais da região que têm na fotografia uma ferramenta de conscientização sobre a importância da fauna e da flora para o futuro do planeta;
- Na estreia, o fotógrafo ituano Sergio ReOli, que acaba de promover a exposição “Às Margens do Tietê”
Em um momento tão crítico, quando mais uma vez o Brasil se torna o centro das atenções mundiais devido às queimadas no Pantanal e na Amazônia, Revista Regional cria a série “Fotógrafos da Natureza”, com profissionais da região. O objetivo é mostrar, por meio de imagens profissionais, o apelo ambiental e levar ao leitor um alerta de que o pouco que cada um faz já é muito para ajudar a resgatar e cuidar da natureza.
Para dar início ao projeto, Regional conversou com Sergio ReOli, fotógrafo de natureza e consultor de BI, que há oito anos fez do hobby para aliviar o estresse cotidiano uma prática profissional. O pontapé inicial foi fotografar paisagens, mas com o passar dos anos aprimorou e mudou o seu olhar para as aves e para a fotografia macro.
“A prática da observação de aves que além de agregar na minha fotografia é uma atividade avassaladora para quem começa a praticar, te desperta outros sentidos e te leva a querer conhecer mais os animais e seus comportamentos. Com a fotografia macro, você descobre um universo fascinante, que te revela detalhes peculiares que jamais imaginaria”, conta Sergio.
Para ele, a fotografia é uma ferramenta importante que permite fomentar questões nas pessoas. Além do impacto visual inicial, pode e deve evidenciar questões e informações para que ações possam ser partilhadas. Entre os exemplos, ele cita os registros do sagui-da-serra-escuro, o “callithrix aurita”, também conhecido como sagui-caveirinha, que habita a região de Itu em fragmentos de mata.
Endêmicos da Mata Atlântica, eles sofrem, além da questão do desmatamento de seu habitat natural, a mistura com saguis de outras regiões do Brasil – que têm como origem o tráfico de animais. Esse cruzamento, segundo Sergio, gera indivíduos descaracterizados que tendem a perder as características marcantes da espécie.
“Precisamos estar atentos à complexidade de tudo relacionado à natureza, seja da poluição pelo descarte e geração de lixo, poluição sonora e cultural que nos faz questionar sobre o nosso consumo absurdo de plástico, refletir sobre o consumo de carnes gerada pela nossa cultura e o consumismo atual. Temos que apoiar e acompanhar as ONGs e ações voltadas à educação e preservação. É de fundamental importância buscarmos e compartilharmos informações de ambientalistas sérios, que vivenciam de perto as situações que são veiculadas na mídia, como exemplo, a situação da Amazônia, que sofre reflexos direto por posicionamentos políticos nada favoráveis a situação”, apela o fotógrafo.
De acordo com Sergio, a fotografia pode ser uma aliada na educação ambiental e favorável ao meio ambiente, desde que possa ser contextualizada. Um dos exemplos do fotógrafo é a sua exposição “Às Margens do Tietê”, em que apresentou ao público, no último mês de outubro, no Plaza Shopping Itu, parte da biodiversidade existente na região. “Por meio dela (da mostra fotográfica), pude presenciar a surpresa das pessoas ao ver as fotos e ouvir os sons da natureza que disponibilizamos durante a exposição”, conclui.
texto: Aline Queiroz
fotos: Sergio ReOli