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Post: Marta Bigão Francisco e sua paixão pela dança

Marta Bigão Francisco e sua paixão pela dança

  • Em quase 30 anos à frente do Girassol Studio Dance, Marta orgulha-se dos valores e conceitos adquiridos por crianças e famílias em suas salas de aulas

 

Marta Bigão Francisco não tinha nenhuma relação com a dança até a maternidade. Sua filha Cíntia frequentava as aulas de ballet do Girassol Studio Dance, em Salto, desde muito pequena e boa bailarina que era, começou a dar aulas com 13 anos. Foi quando as então proprietárias propuseram à família a aquisição do local em parceira com outra sócia, que assumiria a escola de inglês, que também funcionava no local. 

Marta, da escola de dança Girassol

Na mesma época, um acontecimento muito triste – a perda de um filho – mexeu emocionalmente com a estrutura familiar e seu marido não quis mais tocar o negócio deles, que até então era uma farmácia. Foi aí que Marta decidiu aceitar a proposta e adquirir a escola. E lá se foram 29 anos à frente da Girassol, dos quais 19, como única proprietária. “Foi tudo com a cara e a coragem. Ficamos (eu e a outra proprietária) um ano pagando a escola, um ano sem tirar nada financeiramente para gente. Aprendemos na prática e no dia a dia”, recorda.

Tradicional, Marta tenta conservar a essência da Girassol de antes da sua administração. Mantém decoração, qualidade das aulas, acolhimento dos alunos e famílias. Percebe pelos rostos das crianças quando estão com algum tipo de problema, quando precisam de um pouco de colo ou de uma boa conversa. Tanto que as palavras mais ouvidas na escola são: “tia Marta”. “Muitas crianças chegam antes das aulas para a gente conversar. Chegam aqui no portão e nem tocam a campainha, já gritam a tia Marta”, conta.

Os festivais de final de ano são outro cuidado à parte de Marta. Ela se dedica de corpo e alma para que tudo saia perfeito. Há uma equipe técnica responsável por cada detalhe e ela acompanha tudo de perto.

Mas nem tudo são arte e perfeição. Manter uma escola de ballet por quase 30 anos em atividade é um grande desafio. Marta tem noção do quanto sua escola contribuiu na formação artística e cultural de vários bailarinos na região, mas passa por situações diárias de desistências de famílias por questões financeiras. “O primeiro item que uma família corta do orçamento é a aula de ballet. Se o aluno vai mal na escola, o castigo é tirar do ballet. A arte sempre acaba sendo influenciada, mas ninguém vê o bem que a dança faz. Tem criança hiperativa que acalma apenas com o dançar, com a música e com o sentimento que tudo isso passa”, comenta.

A falta de incentivo à cultura no país também influencia a carreira profissional dos futuros bailarinos. Marta explica que muitos começam a dançar por volta dos três anos de idade e seguem nas aulas até os 17, mas quando chegam ao final do Ensino Médio, alguns, por pressão da família e outros por medo de um futuro não promissor na arte, abandonam a paixão do ballet para ir à universidade.

O coração de Marta fica pequeno ao ver um aluno de grande potencial ir embora, mas se enche de orgulho e amor quando eles voltam. Alguns nas férias, outros depois de formados e, muitos, depois de pais, matriculando seus filhos para que sigam os passos da dança. “Tenho tantos filhos de ex-alunos aqui que sinto que estou fazendo a coisa certa. Saio nas ruas e encontro pais, mães e ex-alunos que me abraçam e falam que sentem saudades dos tempos que passaram aqui”, comemora.

Quando perguntado se nunca pensou em dançar, ela responde que na verdade nunca teve oportunidade, pois quando criança começou a trabalhar muito cedo. Mas gostar sempre gostou e sempre esteve envolvida de alguma forma com a dança. Na época de formação do Corpo de Baile da cidade, fez parte da diretoria e há mais de 20 anos compõe o corpo diretor do Clube dos Casados de Salto. “Já não tenho aquela energia toda, vou a todos os eventos, mas fico sentada, batendo papo na mesa”, diverte-se.

Quando diminuir o ritmo? “Tenho 70 anos e a escola e tudo isto me faz muito bem. Todo ano falo que no final do ano, mas é tão gostoso que vou jogando mais para frente”, finaliza.

foto: Aline Queiroz

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